Uma moto clean, resultado de 60 dias de trabalho e do investimento de pouco mais de R$ 25 mil, entre pintura, acabamento e mão-de-obra, além de soluções estéticas e peças exclusivas. Esta é a Fat Skull, projeto da oficina Spades Kustom Cycles baseado na Harley-Davidson Fat Boy, um dos modelos de maior sucesso da marca americana.
O objetivo era transformar este ícone em uma autêntica "Rat Rod", derivada da escola Hot Rod, mas com ar de moto velha, surrada, enferrujada, só que com a parte mecânica "zerada".

"Para mim, design, desempenho, dirigibilidade e excelência nos acabamentos são prioridades. Não crio motocicletas para servirem como peças decorativas no meio da sala. Faço motos para 'queimar a borracha' na estrada", conta o customizador Fernando Costa, que nesta criação optou por um "pretinho básico", porém fosco e envelhecido.

Com o trabalho focado na parte estética, o primeiro passo foi desmontar totalmente a moto. O para-lama traseiro foi recortado e o dianteiro, descartado. No lugar, um novo feito artesanalmente.

"Não queria elementos que se destacassem demais, como uma gravata colorida sobre terno preto. Busco uma harmonia entre forma e estilo", conta Costa, dizendo que seu estúdio produz peças e acessórios exclusivos, como uma alfaiataria.

ALFAIATE
Como diferencial, a Spades Kustom Cycles tem um diretor de arte que cuida da perspectiva das imagens que serão inseridas na moto. Uma caveira de capacete, estampada na lateral do tanque de combustível, foi desenvolvida a partir de duas estampas de camisetas que Costa trouxe dos Estados Unidos.

As rodas, a moldura do farol ("cabeça de touro"), as tampas do motor, as pedaleiras, a polia, as espadas, e os parafusos externos, entre outras peças, receberam pintura eletrostática. As outras peças -- escape e haste do espelho, por exemplo -- também passaram por um processo exclusivo e artesanal para ficar com aspecto fosco. Já o novo filtro de ar preto, com filetes cromados, ficou com acabamento muito parecido ao que foi dado ao motor. A grande colcha de retalhos começou a ganhar forma.

Para ganhar aspecto mais retrô, a Fat Skull recebeu uma lanterna traseira inspirada em modelos da década de 40 e guidão Z-Bar. Detalhe: não há "burrinho" de freio no punho direito, muito menos comandos de acionamento de freio e de luzes. O freio é acionado apenas pelo pedal do lado direito da moto. Quando o piloto precisa brecar a moto, o sistema transfere 70% da força da frenagem para a roda dianteira e 30% para a roda traseira.

Já os comandos elétricos -- inclusive a partida -- foram transferidos para o painel, que fica sobre o tanque. Além disso, a suspensão traseira foi rebaixada em duas polegadas.

Na parte mecânica nenhuma alteração. O motor original da HD tem 1.600 cm³ de capacidade cúbica e câmbio de seis marchas.

A moto, com pintura envelhecida e excelente nível de acabamento, é repleta de detalhes que a tornam um projeto diferenciado: sanfona na suspensão dianteira, o "naipe de espadas" -- símbolo da oficina -- inserido nas tampas do motor, além de piscas reposicionados, tudo na melhor referência às Hot Rods. (por Aldo Tizzani)