Kahena 250 Dual tem origem chinesa e aposta no visual esportivo

Da Infomoto

Para os motociclistas veteranos o nome Kahena remete à enorme moto de 1.600 cc, equipada com motor do VW Fusca, que foi fabricada no Brasil na década de 90. Agora, porém, a empresa brasileira lança outra motocicleta com a intenção de surpreender: a 250 Dual. Dona de um design diferenciado, próprio para dividir opiniões, a naked tem motor e quadro fabricados na China e montados na cidade de São Paulo pela Kahena. O nome Dual, ao contrário do que muitos podem supor, não vem de uso misto, mas sim do fato de que ela tem partes duplicadas: dois cilindros paralelos alimentados por dois carburadores e com duas saídas de escape, uma de cada lado. Vale ressaltar que o modelo ainda não está homologado para o Promot 3, de acordo com a própria empresa.
  • Gustavo Epifanio/Infomoto

    Equipada com motor de dois cilindros e suspensão dianteira invertida, 250 Dual custa R$ 12.800

Para reforçar o visual esportivo, a Kahena equipou sua 250 cc com garfo telescópico invertido na dianteira (na cor dourada) e guidão estilo Tomaselli, ou seja, com dois semi guidões fixados à mesa. Com isso a proposta é ser uma moto urbana com um toque de esportividade.

Ao subir na Kahena 250 Dual, as pedaleiras recuadas e o guidão tornam a posição de pilotagem bastante esportiva e não muito ergonômica para um modelo urbano. Ergonomia, aliás, não é o forte do modelo. O banco de espuma macia demais faz com que o piloto fique jogado sobre o tanque. Outro ponto negativo são os nada funcionais punhos de comando. Além de ultrapassados, estão posicionados de tal maneira que não facilitam o acionamento. Mesmo com mais tempo de rodagem, acostuma-se à posição, mas não aos comandos no punho.

RONCO GRAVE
Montado na moto, é hora de acordar os dois cilindros paralelos do motor com comando simples no cabeçote (OHC) e refrigeração a ar. Com dois carburadores, ele demora até esquentar e funcionar redondo. Segundo a Kahena, apesar de semelhante a outras motos de origem chinesa, como a FYM, o propulsor da Dual foi construído em ligas de aço e alumínio para alta resistência. Com isso a garantia de durabilidade é de até 50.000 km. Porém, a Kahena oferece garantia de um ano sem limite de quilometragem para a 250 Dual.

Os números de desempenho do propulsor não impressionam: 19,8 cv a 8.400 rpm de potência máxima e 1,84 kgfm de torque máximo a 6.200 rpm. Mas na prática, o desempenho dos dois cilindros é suficiente para transitar em avenidas de trânsito rápido ou até mesmo para manter a velocidade máxima de algumas rodovias. Com ronco grave e agradável, o motor instiga a acelerar. Oferece bom torque, mas as respostas são um pouco lentas se comparadas a outros modelos com injeção eletrônica. Outro problema são as vibrações, característica de motores de dois cilindros paralelos. Apesar de o propulsor ser montado sobre coxins de borracha, o tremor incomoda bastante em determinadas faixas de rotação, como entre 4.000 e 5.000 rpm ou acima dos 8.000 giros.

Se por um lado tem um desempenho satisfatório, a 250 Dual acaba cobrando por isso no quesito consumo. Rodando na cidade e em estradas, a moto Kahena fez 21,5 km/l de gasolina.

FICHA TÉCNICA

Kahena 250 Dual
Motor: Dois cilindros paralelos, 250 cc, refrigeração a ar e comando simples no cabeçote (OHC).
Diâmetro e curso: Não disponível. Taxa de compressão: 9,4:1.
Potência: 19,8 cv a 8.400 rpm.
Torque: 1,82 kgfm a 6.200 rpm.
Alimentação: Dois carburadores.
Transmissão: Cinco marchas; transmissão final por corrente.
Quadro: Tipo diamante.
Suspensão: Dianteira por garfo telescópico invertido; traseira por balança monoamortecida.
Pneus: Dianteiro 110/70-17 e traseiro 140/70-17 calçados sobre rodas aro 17 de liga leve.
Freios: Dois discos de 276 mm e pinça de dois pistões na dianteira; disco único de 240 mm e pinça com duplo pistão na traseira.
Dimensões: 2.210 mm (comprimento), 800 mm (largura), 1.260 mm (altura), 820 mm (altura do assento) e 1.390 mm (entre-eixos).
Peso: 157 kg (a seco).
Tanque: 15 litros.
Cores: Preta.
Preço: R$ 12.800
CICLÍSTICA
Além do motor, outro destaque dessa Kahena é seu sistema de freios. Na dianteira, são dois grandes discos de 276 mm de diâmetro com pinças duplas e, na traseira, um disco simples de 240 mm também com pinça dupla. Para nossa surpresa, funcionaram muito bem para parar os 157 kg (a seco) da Dual.

Mas o freio dianteiro de certa forma tem sua atuação prejudicada pela suspensão invertida. Como é macia demais, faz com que a moto mergulhe nas frenagens bruscas, assustando ao piloto. Em resumo o conjunto copia bem buracos e imperfeições no solo e é confortável, porém é mole demais para a proposta esportiva. Nada que um óleo mais viscoso não possa resolver. Segundo a Kahena, o cliente pode escolher o acerto da suspensão com outra mola no ato da compra.

Completam o conjunto rodas de liga leve de três raios calçadas com pneus da marca Duro, made in Taiwan. Vale dizer que se não têm a qualidade de marcas renomadas, os pneus ficam acima de outros modelos de origem chinesa equipados com pneus de marcas impronunciáveis.

ALTOS E BAIXOS
Em geral, destacam-se como pontos positivos nessa motocicleta sino-brasileira o motor e os freios, ambos com funcionamento satisfatório. Além da suspensão dianteira mole demais, já citada, podemos apontar os comandos como pontos negativos da Kahena 250 Dual. São completos, inclusive contando com lampejador de farol e pisca alerta, mas têm desenho antigo e nada ergonômicos. Para piorar, as setas pararam de funcionar durante o teste -- indício de um fusível queimado, provavelmente.

O painel, formado por dois mostradores redondos, traz velocímetro, dois hodômetros, conta-giros, marcador de combustível e indicador de marcha engatada. Apesar de completo, também apresentou problemas. Em altas rotações, o ponteiro do conta-giros flutuava e girava solto. Além disso, o velocímetro não se mostrou muito preciso. Outro item que não funcionou durante o teste foi o alarme vendido como item opcional. Mesmo tendo esquecido o controle do alarme, a 250 Dual funcionou normalmente durante o teste e nem sentiu falta do sensor.

Além dessas falhas, outro detalhe pesa como ponto negativo: o preço. Tabelada a R$ 12.800, a Kahena 250 Dual está bem mais cara que uma concorrente direta a Yamaha YS 250 Fazer. Embora tenha motor de um cilindro, a Fazer (ano/modelo 2008) é alimentada por injeção eletrônica e está sendo comercializada por R$ 10.477. Por outro lado, a Kahena custa menos que a Kasinski Comet 250, outra naked que opta por motor de dois cilindros, porém em V -- com 32,5 cv de potência máxima declarada, a Comet tem preço sugerido de R$ 14.490. Nesse cenário, ganha o consumidor que quer sair das 125/150cc e dar um upgrade em sua vida de motociclista. (por Arthur Caldeira)

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