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Autônomo, novo Mercedes Classe E pode até falar com passageiros

Leonardo Felix

Do UOL, em Detroit (EUA)

11/01/2016 19h45Atualizada em 12/01/2016 21h45

A Mercedes-Benz resolveu "queimar largada" e ter um carro autônomo no mercado antes de todas as competidoras -- seja do mundo automotivo, seja do universo tecnológico. A ideia mostrada logo na véspera da abertura do Salão de Detroit 2016 é de ter um modelo posicionado como "o carro mais inteligente do mundo" já no final de 2016 e começo de 2017 em diferentes países, segundo Dieter Zetsche, chefão do grupo e da marca Mercedes Cars. O escolhido é o sedã executivo de luxo Classe E, em sua nova geração, que anda e fala.

Na noite de domingo (10) e na manhã da segunda-feira, no horário de Detroit (três horas atrasado em relação a Brasília), a fabricante apresentou a décima geração do Classe E, posicionado entre Classe C e Classe S e que usa elementos visuais do primeiro e interior do segundo. Virou um "Czão" com cabine de S.

Aprendeu a andar e usar a seta

Claro, o novo Classe E cobrará mais para andar sozinho e conversar com seus ocupantes: os pacotes "Driver Assistance Package" (de auxiliares ao motorista) e "Mercedes Me" (de interatividade) serão vendidos como opcionais para os mercados americano e europeu. O primeiro promete trazer o nível de automação da ficção para a realidade, e antes da marca pré-estabelecida de 2020. Segundo a Mercedes, o três-volumes será capaz de seguir o fluxo de outros carros em uma via, sem interferência do motorista, andando a até aproximadamente 210 km/h, mesmo se a estrada possuir curvas de raio longo.

Mais do que isso, os sensores, câmeras e radares já seriam capazes de permitir que o modelo não dependa das faixas na pista para se guiar, em limite de 130 km/h -- isso acaba com críticas (e autocríticas) de que este tipo de tecnologia não serviria para países em desenvolvimento, como o Brasil.

Além disso, o Classe E promete fazer o que muito motorista não faz: o condutor apenas autoriza que o veículo mude de faixa sozinho e execute uma ultrapassagem com o comando da seta. Há ainda a frenagem automática com detecção de tráfego em cruzamentos, incluindo de pedestres, a até 70 km/h.

Uma rede de dados batizada de "Car-to-X" fará do Classe E também o primeiro carro de produção a "conversar" em tempo real com outros modelos dotados de igual tecnologia. Isso permitirá a troca automática de informações e alertas sobre situações perigosas em pista -- trecho em obras, buracos, interdições ou acidentes.

"Um carro autônomo não tem que apenas seguir o que foi programado em seu sistema, mas sim ser capaz de identificar situações específicas do trânsito e se adaptar a elas", afirmou Zetsche durante a apresentação. 

Mercedes-Benz Classe E 2016 - Uli Deck/EFE/EPA - Uli Deck/EFE/EPA
Thomas Weber, presidente de Pesquisa e Desenvolvimento da Mercedes, tira onda com placa de Nevada (EUA): na terra das gigantes de tecnologia americanas, Classe E é primeiro carro comercial com autorização para rodar sem motorista
Imagem: Uli Deck/EFE/EPA

Andará no Brasil

O Brasil já sabe que receberá o sedã ultra-tecnológico por importação no segundo semestre deste ano -- muito provavelmente a partir de agosto. Ainda não tem certeza, porém, se todas essas mordomias estarão embarcadas. Por aqui, a Mercedes tem tido dificuldades em homologar a frequência de rádio que utiliza em suas assistências ativas. Também há a questão do câmbio, que impedirá a chegada do novo Classe E por menos de R$ 300 mil.

Versões devem ser a E 200, munida de motor 2.0 turbo a gasolina, de 244 cv, de quatro cilindros e injeção direta, e E 400 4MATIC, de tração integral, equipada com um motor V6 de 337 cv. Haverá ainda, no exterior, opções 2.0 de 186 cv (gasolina), 198 cv (diesel) e 290 cv (híbrida plug-in).

Visualmente os traços são muito semelhantes aos do atual Classe C. Por dentro chama atenção o display gigantesco, que vai do volante à faixa central do painel. Nesta peça única estão dispostos quadro de instrumentos e central multimídia. Ele é formado por duas peças de 12 polegadas. Há, porém, a idiossincrasia de continuar não se usando tela tátil (comandos são feitos por um confuso touchpad no console).

Ameniza este "problema" o fato do do Classe E ter gama de botões sensíveis ao movimento nos raios do volante, e também de reconhecer a voz dos ocupantes e respondê-las com informações e também com a confirmação do comando executado, o sistema Me ("Eu" na forma passiva, em inglês). Com eles, o motorista ou passageiros (afinal, o E é um carro feito para quem viaja nos bancos traseiros) gerenciem funções de multimídia, condução e climatização sem tirar as mãos do volante ou olhos da estrada, jornal ou celular.

Por fim, o Classe E novo está 4,3 cm maior no comprimento (4,92 metros) e 6,6 cm com espaço extra de entre-eixos (2,94 m).

Tem mais carro vindo

Além do sedã, a Mercedes trará como importados ao Brasil neste ano o crossover grande GLE Coupé, ainda neste semestre, para brigar com o BMW X6, além do o SLC (antigo SLK), que mudou de nome, ganhou leve tapa no visual e deve desembarcar logo depois do Classe E, bem como o Classe S conversível, outra estreia mundial da Mercedes em Detroit, até o fim do ano.

Viagem a convite da Mercedes-Benz