Nissan GT-R domina pistas com influência de Jaspion, Godzilla e videogame
Você pode nunca ter encostado a mão no volante de um esportivo, mas se aprecia a cultura automotiva certamente respeita a sigla GT-R. Da mesma forma, quem se aventura em pistas de corrida se arrepia ao ouvir o apelido "Godzilla". De um modo ou de outro, estamos nos referindo ao superesportivo Nissan GT-R, modelo que rivaliza com carros da Ferrari e Porsche no exterior, mas que não é vendido oficialmente no Brasil, nem tem planos de chegada, apesar de ter sido exposto no último Salão do Automóvel de São Paulo (SP). Questão de preço.
Tanto GT-R (sigla para Gran Turismo Racing), quanto Godzilla (criado por jornalistas australianos em 1989 e adotado desde então) foram herdados do predecessor Nissan Skyline, sedã ainda lendário a ponto de estrelar filmes de ação e velocidade como "Velozes e Furiosos" e fazer a diversão de muitos em track days e desafios de drift. Ambos ilustram, mas não determinam o que há por trás do cupê esportivo que é orgulho da Nissan, segundo Shiro Nakamura, criador do carro, designer-chefe da marca e que esteve no Anhembi, em outubro, mostrando não apenas o GT-R, mas também o jipinho Kicks, que dará origem a um anti-EcoSport fabricado no Rio em futuro próximo.
Na apresentação global do GT-R, ainda em 2007, Nakamura-san afirmou que as formas do GT-R estavam diretamente ligados a ícones da atual cultura pop japonesa: robôs gigantes (Mechas), heróis com armaduras especiais e máquinas incríveis (do gênero Tokusatsu). Citou nominalmente a franquia Gundam, mas se o discurso fosse atualizado poderia apontar séries como Knights of Sidonia (exibida pelo serviço online Netflix); no Brasil, se faria entender com um só nome: Jaspion.
Na vida real, o herói com armadura é o próprio condutor, que pode até ter visual similar ao trajar balaclava e capacete; a máquina incrível/robô gigante é uma só: o próprio GT-R. Juntos, voam baixo dominando curvas e derrotando números, como é o caso do recorde na temida pista de Nürburgring (Alemanha): percorreu os pouco mais de 20 quilômetros de asfalto em 7min08, eliminando recordes anteriores de carros esportivos feitos em série. Criado em conjunto com equipes europeia e norte-americana, o cupê furioso tem mecânica avançada (ainda que nem tão poderosa sob análise fria) e eletrônica precisa, típica de videogame. E esta também é uma influência real: a empresa Polyphony Digital, que criou o jogo GranTurismo (série da linha Sony Playstation), desenvolveu o painel do GT-R.
Dotado de motor V6 biturbo de 3,8 litros feito artesanalmente por apenas quatro Takumi (mestres artesãos), tem 552 cv (454 hp) e 64 kgfm de toque disponíveis em sua versão inicial. A transmissão montada sobre o eixo traseiro é automatizada, de seis marchas e dupla embreagem, e comanda sistema de tração que prioriza a entrega total de força sobre as rodas traseiras, passando para o sistema integral sempre que preciso. Grifes como Bilstein (suspensão), Brembo (sistema de frenagem de performance, com discos que parecem pizzas de tão grandes) e Bose (som premium, com 11 falantes) completam o conjunto.
Tudo isso tem um preço e essa é outra vantagem do GT-R no exterior: custar menos que os rivais diretos. Pouco convidativo, parte de quase US$ 102 mil (quase R$ 255 mil limpos, no câmbio do começo de dezembro) para o GT-R Premium (com itens de "conforto", como couro, plástico emborrachado e som potente), US$ 111.500 (mais de R$ 285 mil) pelo GT-R Black Edition (itens em fibra de carbono, rodas escuras e bancos Recaro) e US$ 150 mil (mais de R$ 380 mil) pelo GT-R Nismo (motor de 608 cv e 66,5 kgfm e tunagem especial da divisão de performance para suspensão e rodas). Basta lembrar que carros de Porsche, Ferrari, Mercedes-Benz e Lamborghini podem custar o dobro.
No Brasil dos rótulos "premium, "gourmet" e números inflacionados, passaria facilmente da marca de R$ 1 milhão. Quem se arrisca a trazer o modelo por importação privada nem paga tanto, mas tem de arcar com contas que podem chegar a R$ 7 mil por conjunto de pneus (exclusivos da Dunlop, 255/40 R20 na dianteira, 285/35 R20 atrás), mais de R$ 8 mil por um farol...
Tudo desaparece, porém, com o primeiro toque no acelerador metálico: o corpo cola no fundo do encosto, o ronco grave cresce apesar do excelente isolamento acústico da cabine, como UOL Carros percebeu ao guiar o superesportivo a convite da Nissan do Brasil em uma pista privada no interior de São Paulo. Modos eletrônicos individuais para ajuste de aceleração/volante, sistema de suspensão e de estabilidade alteram a percepção da raiva e agressividade do GT-R. No "neutro", ele destrói curvas sem reclamar; no nível R, é como se elas sequer existissem, ainda que o motorista precise segurar firme o volante, guiar com ímpeto. Em qualquer momento, o cupê japonês mostra a frieza típica de quem vence obstáculos sem derramar suor. É a perfeição de uma máquina de combate, um herói metálico das pistas.
Viagem a convite da Nissan do Brasil
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