Topo

Autolatina: Ford diz que negociações com VW para parceria não têm limitação

Divulgação
Imagem: Divulgação

Keith Naughton e Christoph Rauwald, com colaboração de David Welch e P. R. Sanjai

Em Southfield (EUA) e Frankfurt (Alemanha)

28/10/2018 08h00

Compartilhar custos com a marca rival para desenvolver carros e novas tecnologias pode ajudar a reverter perdas da marca americana

A Ford está em sérias negociações com a Volkswagen para ampliar a parceria para além dos veículos comerciais, de modo a ajudar a montadora americana a reverter as perdas na Europa e na América do Sul e a compartilhar os custos de tecnologia e carros pequenos.

"Estamos tendo um amplo conjunto de discussões sobre como podemos ajudar uma à outra em todo o mundo", disse Bob Shanks, diretor financeiro da Ford, em entrevista, nesta quinta-feira (25).

"A colaboração não tem nenhum tipo de limitação, seja em tecnologia, segmentos de produto ou geografia", completou o executivo.

Veja mais

+ Ford também aposta em SUVs e picapes no Brasil
+ Placa suspensa? Parece novela mexicana
+
Todos os detalhes sobre o VW T-Cross
+ Inscreva-se no canal de UOL Carros no Youtube
+ Instagram oficial de UOL Carros

As negociações com a VW ocorrem em um momento crucial para a Ford.

As ações subiram quase 10% depois que a empresa ultrapassou estimativas de lucros, mas a montadora está se reestruturando globalmente e se afastou das metas de margem que havia estabelecido para 2020. A parceria com rivais é uma forma de reduzir custos e colocar novos carros e tecnologias no mercado mais rapidamente.

A Ford está em negociações semelhantes com a Mahindra para ampliar uma parceria que começou a desenvolver modelos para a Índia e outros mercados emergentes, entre eles alguns SUVs e carros elétricos.

"Com a VW e a Mahindra não colocamos limites em termos de onde podemos colaborar", disse Shanks. "Estamos analisando os pontos fortes e as lacunas de cada empresa nos dois lados da mesa e tentando entender como podemos nos ajudar mutuamente."

Reestruturação

O CEO da Ford, Jim Hackett, deu a entender que as parcerias estavam progredindo quando conversou com analistas na teleconferência sobre resultados da empresa.

"Esperamos compartilhar mais sobre este redesenho global da empresa", garantiu o CEO, que está dirigindo uma reestruturação de US$ 11 bilhões. "Nós vamos entrar em contato com vocês com mais frequência, inclusive falaremos sobre essas parcerias estratégicas em breve."

As ações da Ford registraram a maior alta em mais de nove anos nesta quinta, depois que a empresa surpreendeu os investidores com lucros antes de impostos de US$ 2 bilhões na América do Norte, graças às vendas de picapes e SUVs de alta rentabilidade. O resultado é a primeira validação da controversa decisão da montadora de deixar de fabricar sedãs nos Estados Unidos.

Colaborações

Os acordos com a Volkswagen e a Mahindra poderiam melhorar ainda mais a perspectiva da Ford. Adam Jonas, analista do Morgan Stanley, prevê que a Ford perderá US$ 3,6 bilhões na Europa de 2019 a 2021, tornando-se a montadora menos rentável do mercado.

Na América do Sul, onde a Volks também opera, a Ford perdeu mais de US$ 4 bilhões desde 2012. Compartilhar os custos para desenvolver carros e novas tecnologias com outra montadora pode ajudar a reverter essas perdas.