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Roubo de moto alimenta mercado negro de peças... E nós (ainda) compramos

Tentativa de roubo de moto em São Paulo: além da perda do patrimônio, há o risco pessoal. Mas qual é o destino do veículo? - Edu Silva/Futura Press
Tentativa de roubo de moto em São Paulo: além da perda do patrimônio, há o risco pessoal. Mas qual é o destino do veículo?
Imagem: Edu Silva/Futura Press

Roberto Agresti

Colaboração para o UOL

12/01/2018 13h00

Vamos discutir: o que fazer para diminuir os índices de roubo das grandes cidades?

Pesadelo constante de todo motociclista, perder a moto para ladrões é um episódio tristemente comum na maioria das cidades brasileiras. O problema parece não ter solução e certamente desencoraja uma legião de potenciais usuários.

Furtadas em segundos, em qualquer lugar, a plena luz do dia... Ou, pior, roubadas à mão armada. Não há, hoje, marca ou tipo de motocicleta que esteja plenamente imune ao risco. Também não existe estatística precisa, mas certamente são muitos os que se afastam do mundo das motocicletas por conta da infeliz probabilidade de não apenas perderem o bem, mas também por estarem expostos à violência empregada nos roubos. Uma renúncia compulsória à algo que que poderia proporcionar prazer, praticidade ou mesmo ser instrumento de trabalho.

Na maioria das vezes o destino destas motos é o desmonte para terem componentes vendidos clandestinamente em desmanches.

É bem fácil saber onde se vendem peças de motos usadas nas principais cidades do Brasil. Porém, muito difícil parece ser puxar o fio da meada, ou seja, a fiscalização para saber sobre a procedência da peça.

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Nós mesmos alimentamos esse mercado

A dificuldade das autoridades em coibir a venda de componentes sem procedência comprovada é notória e injustificável, mas isso não é o pior. Triste mesmo é verificar que tal mercado só existe por haver uma grande parcela de pessoas sem nenhuma preocupação quanto à origem do componente.

São pessoas que querem apenas pagar pouco, independentemente da origem. Agem como se a compra de bens roubados ou furtados não fosse também um crime. O resultado disso tem um custo elevado, tanto no aspecto comercial quanto do ponto de vista social e moral. 

Quem não está disposto a abdicar da motocicleta, por convicção, necessidade ou ambos, deve recorrer a um arsenal de travas, alarmes, rastreadores e outras estratégias, como a escolha de roteiros menos arriscados, horários diferentes e até mesmo andar em grupo no caso dos motociclistas de fim de semana.

Qual a solução?

Especialistas em segurança indicam que um grande entrave ao fim -- ou ao menos à diminuição desse problema -- é a legalização da venda de motocicletas em leilões, o que facilitaria a vida dos comerciantes desonestos, uma vez que adquirir lotes de motos desta forma seria o principal método para "esquentar" peças, fazendo com que o controle do comércio se tornasse tarefa praticamente impossível.

Há quem defenda que o método mais eficaz para regular a procedência de componentes seria a chamada "vacina antifurto", método de marcação das peças com o número do chassi da moto. No entanto, essa tal "vacina", além de ter um custo, faria com que alguns fabricantes suspendessem a garantia dos produtos por supostos problemas estruturais decorrentes da ação mecânica necessária à tal gravação.

O Contran já pensou em exigir que todas as motocicletas vendidas no país fossem equipadas com rastreadores. A proposta não foi adiante pelo evidente aumento de custo que isso causaria e pela falta de unanimidade entre fabricantes sobre a adequação da medida. A não aceitação dos consumidores ao sistema também foi cogitada, por conta de aspectos relacionados à quebra da privacidade individual.

Se a solução oficial ainda é complicada de ser tomada, diminuir roubos e furtos mais do que recursos técnicos exige uma óbvia tomada de consciência do usuário de motos. A suposta vantagem financeira conseguida na compra da peça sem procedência é ilusória. Um ganho medíocre, que acaba comportando um problema que afeta a preciosa liberdade de ir e vir de motocicleta.