Muhammad Ali esteve no Brasil e negociou Puma e Miura em 1987
Muhammad Ali, lenda do boxe, do esporte e dos direitos humanos, que morreu na última sexta-feira, aos 74 anos, também tinha relação estreita com carros, história que se desenrola por vias do Brasil, inclusive.
Ídolo americano e membro atuante do show business entre os anos 1960, 1970 e começo dos anos 1980, quando se aposentou dos ringues, Ali sempre foi visto ao lado de modelos luxuosos (ainda que com exceções, como se pode comprovar no álbum de fotos), que comprou ou ajudou a promover. Mas há algo ainda mais interessante na história automotiva do lutador: ele esteve no Brasil para negociar carros locais, em 1987.
Contada pela primeira vez à época, a história foi relembrada nos últimos anos por duas publicações da Região Sul: em 2013 pelo jornal paranaense "Gazeta do Povo" (a quem UOL Carros agradece pelo contato) e pelo gaúcho "Zero Hora", em 2014. Ambas voltaram à tona no sábado, com a morte de Ali.
De acordo com o jornalista Fernando Rudinick, que republicou a história em 2013, Ali passou três semanas na capital paranaense, em abril daquele ano, para negociar a compra de 1.440 unidades do Puma. Neste sábado, Rudnick postou no Twitter imagem de Ali circulando em Curitiba (PR), em 87.
Após a estada no PR, onde nenhuma foto sobre o negócio foi publicada, Muhammad Ali seguiu para Porto Alegre (RS), onde tentou negociar algumas unidades do Miura e chegou a ser flagrado em frente à sede da fabricante.
Ambas, Puma e Miura, foram fabricantes de carros fora-de-série brasileiros famosos até o começo dos anos 1990, com modelos inspirados em esportivos europeus, como Porsche e Lamborghini.
O Puma de Ali
Ainda que soe como pegadinha atualmente, a visita de Ali ao Brasil para negociar carros realmente ocorreu e é recontada de tempos em tempos por publicações automotivas ou sites de autoclubes.
De acordo com a "Gazeta do Povo", Ali chegou ao Brasil por intermédio de seu advogado Richard Hirschfeld, que seria fã do carro brasileiro e conhecido de Kevin Haines, representante da marca Puma nos EUA. A ideia era dar sobrevida à representação da marca no exterior vendendo unidades a xeques árabes.
Ali e comitiva vieram organizar a preparação de alguns protótipos, que serviriam de base para a venda de 1.440 carros ao Oriente Médio.
Três exemplares modificados do P-018 foram preparados -- um cupê, um conversível e um mais longo e bem-equipado, eram mais largos que o modelo original --, sendo que dois seguiram para os EUA para receber motor e câmbio de Porsche 911 antes de seguirem para garagens árabes.
Um dia após o episódio de Curitiba, Ali foi visto na avenida Assis Brasil, em Porto Alegre, na porta da sede da Miura. O motivo era semelhante: Ali, o advogado, um engenheiro e amigos queriam sondar a venda ao exterior -- neste caso, 240 unidades do modelo Miura 787.
No fim das contas, a negociação dos quase 1.500 carros da Puma e 240 da Miura nunca se concluíram, seja por questões alfandegárias brasileiras, americanas ou de simples homologação.
A Puma, então nas mãos da Araucária Veículos, acabou fechando no começo dos anos 1990. A Miura, em 1992. Um dos P-018, porém, ficou no Brasil, aponta o site FlatOut, especializado em cultura de carros.
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