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Volks e Fiat queriam adiar ABS e airbags, diz sindicalista

Rafael Marques, que comanda os Metalúrgicos do ABC: meta é proteger 4.050 empregos - Daniel Sobral/Futura Press - 5.12.2013
Rafael Marques, que comanda os Metalúrgicos do ABC: meta é proteger 4.050 empregos Imagem: Daniel Sobral/Futura Press - 5.12.2013

Leonardo Felix e Claudio Luís de Souza

Do UOL, em São Paulo (SP)

11/12/2013 18h52Atualizada em 11/12/2013 20h25

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, disse que a entidade não foi a única a negociar o adiamento da obrigatoriedade de freios ABS e airbags em 100% dos veículos fabricados no Brasil. A regra entraria em vigor em 1º de janeiro de 2014, mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta quarta-feira (11) a possibilidade de ela ser postergada para 2016.

Em entrevista por telefone a UOL Carros, Marques afirmou que o sindicato -- que desde a terça-feira (10) já comemora o acordo com o governo -- tem como único objetivo evitar a demissão dos 4.050 funcionários responsáveis, direta e indiretamente, pela fabricação da Kombi na unidade da Volkswagen em São Bernardo do Campo. Mas, segundo o sindicalista, a própria Volks e também a Fiat discutiram o mesmo tema com o governo federal. A intenção delas seria dar sobrevida a modelos como Kombi, Gol G4 e Mille.

"Nós estamos conversando com o governo há cerca de três meses, desde setembro, mas Volks e Fiat também vinham negociando nesse período", disse Marques. Ele contou que, para chegar ao Planalto e à presidente Dilma Rousseff, recorreu primeiro ao prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), que o encaminhou ao titular da pasta da Indústria, Fernando Pimentel -- o ministro mais envolvido nas negociações com o setor automotivo. Este o enviou a Dilma.

Jurássicos

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    Gol G4 (acima), Kombi (abaixo) e Fiat Mille (última foto): defasados e inseguros, mas bons de loja (com forcinha das vendas diretas).

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  • Luís Perez/Carpress

Marques disse a UOL Carros que a própria presidente encaminhou o caso a Guido Mantega. Nesta quarta, em Brasília (DF), o ministro se pronunciou sobre o tema e deu a entender que, para segurar os preços de carros ao consumidor, agirá para afrouxar as exigências de segurança.

"A Anfavea [com exceção de Volks e Fiat] só acompanhou, mas não foi inciativa dela. E eu cheguei a conversar com a Ford, que não deu sinais nem de aprovação, nem de oposição", contou Marques. Ecoando uma afirmação de Mantega, ele disse acreditar que a definição sobre a proposta -- por meio de medida provisória enviada ao Congresso -- deve ser divulgada no máximo até a semana que vem, quando se encerra o ano parlamentar.

CUMPRIDORAS
Tanto Volkswagen quanto Fiat emitiram posições oficiais sobre o caso nesta quarta, dizendo, em suma, que cumprem a legislação vigente no Brasil e que aguardam a posição final do governo.

A marca alemã pode, de fato, não precisar parar a produção da Kombi se, como reivindica o sindicato, a obrigatoriedade de airbags e ABS seja estendida a 70% dos carros fabricados em 2014; 80% em 2015; chegando a 100% somente em 1º de janeiro de 2016.

No entanto, a Volks já percorreu um longo caminho institucional na promoção da Kombi Last Edition, série especial de 1.200 unidades vendida a R$ 85 mil -- chegou inclusive a veicular um anúncio com o "testamento" da perua.

Uma pessoa ligada à Fiat disse a UOL Carros que já estava tudo pronto para a promoção da série Grazie Mille, que marcaria o fim da produção do Mille, determinada pelo alto custo de instalar ABS e airbags no veterano modelo. O discurso é de que, na montadora italiana, todos foram pegos de surpresa pela fala de Mantega.

Mais cedo nesta quarta, UOL Carros ouviu de outros informantes a versão de que a Anfavea entregou o "prato pronto" ao governo federal. A associação, por sua vez, garante que a iniciativa de pedir o adiamento foi mesmo do sindicato do ABC.