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Análise: venda direta é fator na sobrevivência de carros "pelados"

Eugênio Augusto Brito<br>Do UOL, em São Paulo (SP)

11/12/2013 18h30Atualizada em 11/12/2013 18h36

Para entender melhor os motivos que levam montadoras e sindicatos a reivindicar junto ao governo o adiamento da obrigatoriedade dos equipamentos de segurança em 20104, é preciso observar o ranking de vendas de carros novos do país, mas não o filão principal (varejo) e sim a seção de vendas diretas, feitas a frotistas, órgãos públicos e profissionais autônomos.

Estes são os principais compradores de modelos mais em conta, que têm seu preço reduzido por ao menos três fatores: descontos maiores e tarifações menores, típicos do segmento; ausência de equipamentos ainda considerados "supérfluos", como ar-condicionado e sistema de som; e, também, pela ausência de airbags e ABS, ainda que as unidades entregues a consumidores pessoa física só saiam de fábrica com estes itens.

De acordo com o último balanço divulgado pela Fenabrave, entidade que reúne os concessionários do país, as vendas diretas feitas até novembro correspondem a 25,14% do total das entregas de carros e veículos comerciais leves novos feitas no Brasil. Observando apenas o segmento de comerciais leves, como a Kombi, essa participação sobe para 37,92% do total.

Por fabricante, a Fiat (que tem Mille e Palio Fire) também lidera, com 33,13% das entregas de autos e comerciais leves; Volkswagen (de Gol G4 e Kombi), 27,84%; Chevrolet (de Celta e Classic), 15,71%; e Renault (de Clio), 8,8% surgem na sequência. A Ford (de Fiesta Rocam e Courier), sempre quarta colocada no varejo, cai para a quinta posição com 6,75%. O mesmo se repete apenas os comerciais leves: Fiat (32,05%), Volks (25,96%), Chevrolet (18,31%), Renault (8,22%) e Ford (5,03%) são as melhores colocadas.

Este é o ranking de mais vendidos em vendas diretas, de janeiro a novembro -- entre parênteses, a posição no ranking padrão (pessoas físicas/varejo):

1º) Volkswagen Gol G4/G5 (1º): 88.343 unidades
2º) Fiat Uno/Mille (2º): 75.807.
3º) Fiat Strada (7º): 66.524.
4º) Fiat Palio Fire/Novo Palio (3º): 41.566
5º) Volkswagen Saveiro (13º): 37.644
6º) Chevrolet Montana (22º): 32.993
7º) Renault Sandero (9º): 29.389
8º) Volkswagen Voyage (10º): 26.788
9º) Fiat Siena/Grand Siena (6º): 24.743
10º) Volkswagen Fox (5º): 21.695
11º) Chevrolet Celta (12º): 20.510
12º) Volkswagen Kombi (39º): 19.819
13º) Ford Fiesta (4º): 19.556
14º) Chevrolet S10 (19º): 16.137
15º) Chevrolet Cobalt (14º): 14.064

Há um efeito colateral perigoso: a lista acima é composta majoritariamente por carros usados por prestadores de serviço, empresas de transporte, frotas de locadoras, taxistas, motoristas de veiculos escolares, entre outros. São presença constante no trânsito de todo o país e transportam pessoas que não puderam optar por guiar (ou estar em) modelos com menor conforto e baixa segurança.

Para eles, não existe o poder de decisão do comprador comum, que pode muito bem deixar o carro "pelado" parado no pátio da loja. Pare estes, só a letra firme da lei -- e o bom senso geral -- garantiria algo.