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Honda Civic 2.0 agrada, e muito, até dizerem o preço; dirigimos o LXR A/T

Honda Civic 2014, com destaque para a versão EXR, topo de gama; problema do modelo é o preço - Divulgação
Honda Civic 2014, com destaque para a versão EXR, topo de gama; problema do modelo é o preço Imagem: Divulgação

Claudio Luís de Souza

Do UOL, em Campinas (SP)

01/02/2013 16h19

No aquecimento para o crucial ano de 2015, a Honda resolveu dar uma sacudida na gama do sedã médio Civic, colocando sob o capô de duas versões um novo motor 2.0, bicombustível, acoplado a uma  transmissão automática de cinco velocidades. A potência com etanol chega a 155 cavalos.

O propulsor de 1,8 litro, bicombustível, que gera 140 cv com etanol, continua sendo oferecido, mas apenas na versão de entrada LXS. Esta é a única que mantém opção de câmbio manual, agora de seis marchas.

Veja abaixo os detalhes do Civic 2014 -- sim, estamos em janeiro de 2013, mas para a Honda já é o ano que vem. Será pressa de chegar a 2015?

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    Emblema Flex One na traseira é referência à ausência de tanquinho para partida a frio

  • Motor 2.0 entrega 155 cavalos com etanol e vai equipar também o crossover CR-V

Civic LXS 1.8 M/T -- R$ 66.690
A Honda destaca que, em relação à do modelo 2013, a versão teve acréscimo de Bluetooth, chave-canivete e forração na tampa do porta-malas. O pacote básico inclui airbags frontais, freios a disco nas quatro rodas com ABS (antitravamento) e EBD (distribuição de força de frenagem), ar-condicionado digital e automático, rodas de liga leve de 16 polegadas, painel digital em dois níveis com computador de bordo, direção elétrica com ajuste de altura e profundidade, câmera de ré, retrovisores com regulagem elétrica.  

Civic LXS 1.8 A/T -- R$ 69.900
Ganha a transmissão automática de cinco velocidades, mas sem aletas atrás do volante para trocas manuais.

Civic LXR 2.0 A/T -- R$ 74.290
Em relação à LXS, acrescenta luzes de neblina, sensor crepuscular, bancos em couro, repetidor de seta nos retrovisores, acabamento em piano black no som. Há aletas para trocas manuais.  

Civic EXR 2.0 A/T -- R$ 83.890
Versão top agrega dois importantes itens de eletrônica: controle de tração e de estabilidade (VSA) e de estabilização da direção elétrica. Há airbags laterais para motorista e passageiro, dois tweeters extra e teto solar com controle elétrico.

FICHA TÉCNICA E LISTA DE EQUIPAMENTOS

As versões com o motor de 2 litros ganharam a letra R devido ao código da peça (RA20). Dotado de um sistema elétrico de aquecimento na injeção de combustível, que entra em ação automaticamente quando a temperatura externa é baixa, o propulsor dispensa o "tanquinho" de gasolina para partida no frio com etanol; por isso, no Civic 2.0 sumiu o bocal de abastecimento dianteiro. Esta foi a única mudança externa na gama 2014 (além do emblema Flex One).

O Civic que temos no Brasil acompanha a geração lançada em 2011, muito criticada em mercados mais maduros, como os Estados Unidos, e que recebeu no final do ano passado uma reforma de meia-vida antecipada. Esse "tapa", que incluiu principalmente incrementos na cabine, não foi dado no carro fabricado aqui, e provavelmente só terá reflexos na próxima geração do sedã, a ser vendida em 2015.

A Honda gostaria que já neste ano o Civic ultrapassasse o arquirrival Toyota Corolla nas vendas do segmento dos três-volumes médios; a tendência atual é os dois venderem entre 50 mil e 60 mil unidades e o Corolla guardar 10% de vantagem. Segundo um executivo da marca, superar o carro da Toyota "não é uma meta de trabalho".     

As coisas boas (e/ou melhoradas) que o Civic já vinha oferecendo por dentro continuam lá: painel redesenhado com priorização do conta-giros; tela de 5 polegadas para o computador de bordo, controle do áudio e imagem da câmera de ré; todos os comandos voltados para o motorista, criando uma sensação de cockpit; e o volante menor, mais esportivo e anatômico.

O outro lado da moeda, que talvez seja notado somente por consumidores mais rodados, é a sensação de que há carros menores, menos incensados e muito mais baratos que entregam cabines sensorialmente mais interessantes. Basta colocar a mão e os olhos na maçaneta da porta, notar que ela é feita de plástico com pintura que emula metal, e então saber do que se está falando.

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    Visual manteve-se o mesmo do carro lançado em 2011, geração muito criticada no exterior

SUAVE É O MOTOR
UOL Carros
experimentou o Civic 2014 na versão intermediária LXR. O itinerário proposto pela Honda, de quase 200 km, era totalmente rodoviário, não necessariamente o ideal para observar a principal qualidade do motor 2.0 segundo a fabricante: a disponibilização de grande parte do torque (19,5/19,4 kgfm, etanol/gasolina) a rotações relativamente baixas (bom para retomadas e trânsito travado). A maior potência, elevada em 15 cavalos em relação ao 1.8, seria mais difícil de notar no dia-a-dia, pois sua entrega se dá perto das 6.000 rpm.

Em pista plana, o novo trem-de-força saiu-se melhor que a encomenda. O câmbio de cinco marchas (automático de fato, com conversor de torque) é mais sutil e competente que um de quatro, e não melhoraria muito se tivesse seis (a quinta marcha já é bastante "solta").

A 100 km/hora, em situação de cruzeiro, o motor trabalha a austeras 2.000 rpm. As rotações sobem mais lentamente que a velocidade, e a 160 km/h o propulsor está na casa das 3.500 rpm. É um sinal de que as curvas de torque e potência se cruzam num ponto bem equilibrado entre esforço e resultado.



Na prática, sua viagem de lazer poderá ser cumprida dentro de um carro que se encarrega de trocar as marchas como você trocaria, ou até melhor do que você; que, na maior parte do tempo, estará em suaves 2.500 rpm, se tanto; e que fará isso sem beber muito combustível. Abastecido com etanol, o Civic cravou a média de 9 km/litro (o tanque recebe 57 litros). Quase o mesmo que na medição do Inmetro para o programa de etiquetagem veicular, que aferiu 9,2 km/l na estrada. Outros dados: etanol na cidade, 6,5 km/l; e 9,4 km/l e 12,8 km/l com gasolina (cidade e estrada).

Quem quiser explorar a esportividade do Civic, um dos argumentos de venda a consumidores mais jovens e/ou descolados (que tenderiam a considerar o Corolla um "carro de velho"), pode experimentar fazer as trocas de marcha nas aletas, além de se empolgar com o volante pequeno; há também a posição S (de Sport), acessável na alavanca principal, que adia as mudanças para uma faixa superior de giros. Se o carro está em 5ª, seu acionamento quase sempre reduzirá à quarta.

QUESTÃO DE VALORES
Outras razões para o motorista gostar do Civic são a boa visibilidade à frente; o ajuste firme, mas não pétreo, da tão elogiada suspensão independente (mais porque os outros não têm do que por ele ter, diga-se); e a precisão da assistência elétrica à direção (a unidade testada não era dotada do estabilizador eletrônico, exclusivo da top EXR). Três passageiros vão ser bem tratados no geral, e a bagagem de todos deve caber num porta-malas que hoje carrega 449 litros, mas que já foi motivo de piadas uma geração atrás.

E quais as razões para não gostar do Civic?

A principal delas, e suficiente, é o preço, a nosso ver exorbitante em todas as versões, mas surreal já nesta LXR e absurdo na EXR. E não só porque hoje em dia todo mundo já sabe que nos EUA (para citar apenas o caso mais gritante) o Civic é carro de estudante, pequeno e barato.

É também porque um sedã médio como o Mercedes-Benz Classe C 180, importado, sobretaxado, muito mais moderno e de muito mais status, parte de R$ 124.500, ou uma entrada de R$ 74.700 (preço de um LXR) mais 12 fixas de R$ 4.283,69 (sendo que duas destas parcelas equivalem à diferença entre a EXR e a LXR).

O pessoal da Honda não é convidado, mas UOL Carros acompanha todos os lançamentos de Audi, BMW e Mercedes, e sempre ouve todas elas dizerem que trabalham para roubar clientes de Civic, Corolla, Jetta e outros sedãs médios, exatamente pelo que foi descrito acima.

A palavra final fica com o crescente número de leitores cuja vida financeira tem estado mais tranquila, e mais refinado o gosto por carros. Saber ouvi-los, obviamente, é essencial. 



Viagem a convite da Honda