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Com tecnologia de ponta, SUV Q5 tenta ser terceira força da Audi

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Campinas (SP)

04/06/2009 18h10

A Audi apresentou, em um evento realizado na sede da 11ª Brigada de Infantaria Leve, em Campinas (SP), sua mais nova arma para batalhar num dos mais aquecidos segmentos do atual mercado automotivo brasileiro, o de SUVs. O Q5 chega às lojas com duas motorizações, um 4-cilindros turboalimentado de 2 litros e 214 cavalos e um V6 de 3,2 l e 269 cv, quatro versões de acabamento e preços entre R$ 205.840 (2.0 Turbo FSI Attraction, o mais barato da linha) e R$ 274.500 (3.2 FSI Ambition, o mais caro).

  • Murilo Góes/UOL

    Versatilidade à prova - com preço inicial de R$ 205.840, o bem-equipado Q5 tem a missão
    de ser o 3º modelo da Audi mais vendido no Brasil, atrás apenas do hatch A3 e do sedã A4

A briga não será fácil para o novo Audi e não apenas pelo seu preço salgado, mas principalmente pela disposição de seus adversários, que podem ser alinhados em até três categorias: por preço, temos os também alemães e igualmente caros Mercedes-Benz GLK (R$ 225 mil) e BMW X3 (229 mil); em tecnologia embarcada, os rivais são o sueco Volvo XC60 (R$ 165.900) e o canadense Ford Edge (R$ 149.200), mais baratos; em disposição dos ocupantes e nível de espaço, o inimigo é o co-irmão Tiguan (R$ 124.190), que utiliza o mesmo motor 2.0 turbo, mas com diferenças de engenharia interna.
 

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Os mais atentos podem reparar que alguns dos modelos listados acima são classificados como crossovers -- rótulo para veículos que mesclam características de diferentes segmentos -- e isso não é por acaso. O Q5 é, ele próprio, de difícil classificação e circula entre diferentes mundos. Para a Europa e o mercado norte-americano, ele é apresentado como modelo compacto (veja texto do parceiro Carsale sobre a nova avaliação de segurança da EuroNCap, na qual o modelo recebeu cinco estrelas). Por aqui, a Audi tratou de carimbá-lo como SUV médio premium, embora o presidente da marca no país, Paulo Kakinoff, o apresente como uma espécie de 'crossover de mercado': "O Q5 pode ser classificado como um crossover, que servirá a públicos diferenciados. Vai atrair o executivo com um pouco mais de liberdade para escapar do ambiente corporativo e disposição em abandonar o sedã, pode atender à mãe de dois filhos que deseja mais espaço e potência, e também ao jovem que não se vê mais dentro de um hatch", disse o executivo.
 

Rótulos e preços à parte, o Q5 já tem missão definida e o plano não é pouco ambicioso: a Audi espera que o SUV alcance o posto de terceiro veículo mais vendido da marca no país, atrás apenas do hatch A3 e do sedã A4. E condições para tanto não faltam ao modelo.

FORTE, SIM; ATARRACADO, NÃO
Visualmente, o Q5 é bonito e bem acertado, com elementos que evocam esportividade, tecnologia e robustez. E traz a frente característica da nova identidade da Audi -- estão lá a gigantesca e agressiva grade do motor em forma de trapézio e delimitada por uma moldura cromada, o complexo do para-choque, que incorpora faróis de neblina e entradas de ar e cujo desenho lembra as asas de carros de competição, e o belo conjunto óptico com faróis bixênon e chamativas luzes diurnas formadas (desta vez) por 12 LEDs.

Com quase 4,63 m de comprimento por 2,08 m de largura e peso de 1.740 ou 1.795 kg (dependendo da motorização), o Q5 impressiona mesmo sem ter o jeitão de tanque-de-guerra do irmão maior Q7. Elementos como para-lamas ressaltados, linha de cintura elevada que se estende da linha dos faróis à traseira, vincos ascendentes na base das porta, além da moldura cromada que delimita o conjunto das janelas laterais (inexistente apenas na versão Attraction) denunciam vigor. Mas o capô mais curto e a traseira menos pronunciada deixam as linhas mais harmônicas e adequadas ao ambiente urbano, além de ajudar na visibilidade. Na tampa traseira, lanternas alongadas e de desenho assimétrico, sublinhadas pelo recorte da tampa traseira, tiram o peso do conjunto. A menor altura total, 1,63 m, e os 20 cm livres para o solo também contribuem para um viés mais esportivo do Q5, ressaltado pelas rodas de 19 ou 20 polegadas.
 

PREÇOS E VERSÕES DO Q5

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    Acima, o motor 2,0 l Turbo FSI de 214 cv, que equipa as versões mais baratas do Q5. Abaixo, todos os preços e versões do SUV:

    2.0 Turbo FSI Attraction - R$ 205.840
    2.0 Turbo FSI Ambiente - R$ 229.230
    3.2 FSI Ambiente - R$ 263.300
    3.2 FSI Ambition - R$ 274.500

POTÊNCIA E TECNOLOGIA
O Audi Q5 está equipado com os já citados motores 2.0 turbo e 3.2 V6, oriundos da nova linha A4. O primeiro gera 214 cv de potência com 35,7 kgfm de torque máximo entre 1.500 e 4.200 rpm e promete levar o Q5 aos 100 km/h em 7,2 s e à máxima de 222 km/h, com consumo até surpreendente para um veículo deste porte: 8,7 km/l na cidade e 12,3 km/h na estrada. O bloco maior, por sua vez, é forjado em alumínio, tem 269 cv de potência máxima e torque de 33,74 kgfm aos 3.500 rpm, permite fazer o 0-100 km/h em 6,9 s, com velocidade máxima de 234 km/h, bebendo um litro de gasolina a cada 7,3 km na cidade ou a cada 9,7 km em rodovia. Sempre, claro, conforme os dados de fábrica.

No comando dos propulsores, a Audi colocou a avançada caixa de câmbio S-tronic, automática e sequencial, com sete marchas, dupla embreagem (uma para as marchas pares, outra para as ímpares) e opção de trocas pela alavanca no console ou por aletas atrás do volante. Há ainda o opcional Drive Select, sistema que permite três configurações diferentes de condução (Comfort, Auto e Dynamic) com mudanças no nível de rigidez de direção/suspensão/aceleração/transmissão. O motorista conta também com a tração permanente integral quattro, que distribui o torque do motor com uma relação de 40% para o eixo dianteiro e 60% para o traseiro. Em determinadas situações, porém, o sistema pode pode alterar a divisão, mandando 65% da força para as rodas dianteiras ou 85% para as traseiras.

Em matéria de segurança, o Audi Q5 tem carroceria construída com cinco diferentes tipos de aço e alumínio, de diferentes níveis de rigidez, garantindo maior resistência com menor peso. Além disso, há toda uma série de sistemas eletrônicos embarcados para garantir a integridade dos ocupantes. Os cintos de segurança dianteiros possuem limitador de força (pré-tensionadores), há seis airbags de série e até oito possíveis, o freio de estacionamento tem acionamento eletromecânico (e só se destrava quando o motorista afivela o cinto de segurança), e os freios a disco contam com ABS (antiblocante), EBD (distribuição de frenagem), HBA (assistente hidráulico), assistência para frenagens emergenciais e assistente de declive (Hill Descent Assist), que mantém a velocidade (até os 30 km/h) em descidas. Além disso, o Q5 conta ainda com controles eletrônicos e contínuos de tração e de estabilidade (ESP 8.1) -- este último pode detectar a alteração do centro de gravidade do veículo, seja ao puxar um reboque de até 2,4 toneladas ou ao se carregar bagagem no rack do teto. E há sensores dianteiros e traseiros de estacionamento, com aviso sonoro e gráfico (através de tela de LCD), benvindos num veículo desta dimensão.
 

POR DENTRO
Há espaço de sobra para condutor, carona e dois passageiros no banco traseiro, tudo garantido por 2,80 m de entre-eixos. É possível ainda carregar um terceiro passageiro no banco traseiro, mas ele terá de ter pernas curtas para poder se encaixar sobre o túnel que corre ali. O ideal, realmente, é carregar duas pessoas atrás, que se sentirão acomodadas em bancos individuais. Há ajuste elétrico de série para o banco do motorista em todas as versões -- um pacote opcional permite ter ainda ajuste memorizado para o motorista e elétrico simples para o carona; os bancos traseiros, por sua vez, podem ser reclinados ou deslizar horizontalmente por até 10 cm, aumentando o espaço para pernas. Ou liberando mais área para bagagens no porta-malas de 540 litros (que chega a 1.560 l com os bancos rebatidos).

Os itens básicos para carros deste valor estão todos presentes: direção hidráulica com assistência varável, ar-condicionado digital (de duas zonas para todas as versões, exceto a Attraction), retrovisor interno anti-ofuscamento (eletrocrômico) e externos com ajuste elétrico, além de piloto automático (que em sua versão mais cara, opcional, pode manter distância e velocidade pré-definidas do veículo da frente).

Já os mimos são diferenciados, mas chamam a atenção o enorme teto panorâmico elétrico (Open Sky), que se estende até o banco traseiro e, no console central, o Audi Infotaiment -- tela de LCD de 6,5 polegadas e botões de controle que integram os sistemas de áudio (rádio/CD/MP3 e WMA/cartão SD), telefone, conectividade (Bluetooth), climatização e ajustes do carro. Com tudo isso, porém, o Q5 tem uma cabine sem muita ostentação, puxando mais para o convencional do que para o luxuoso.
 

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    Não tem fôlego para escalar paredões de terra? Use o modo ESP offroad para aumentar a aderência em pistas escorregadias, ladeiras de paralelepípedos e outros obstáculos urbanos

COMO ANDA O Q5
UOL Carros foi convidado a participar do test-drive do Audi Q5 que se dividiu em duas etapas. A primeira, de condução pura e simples, se deu a bordo da versão mais cara com motor 2.0 turbo, a Ambiente. Foi rápida e aconteceu na tumultuada rodovia Anhangüera, com seu enorme tráfego de caminhões e com direito a pancadas de chuva no decorrer do período. O cenário parece assustador, mas serviu na medida para colher boas primeiras impressões deste utilitário-esportivo.

Muito bem equipado e com o impressionante teto Open Sky, o Q5 começou vencendo pelo silêncio, que imperou na cabine mesmo com o motor acionado, prova do excelente nível de acabamento e isolamento acústico. Pé no pedal, até é possível comandar toda a ação por meio de borboletas de mudança de marchas instaladas atrás do volante ou pela alavanca, com passagem de marchas à frente e redução para trás. Mas você não vai se sentir mais veloz fazendo isso, tamanha a precisão com que a caixa S-tronic de dupla embreagem sincroniza as trocas. Sem qualquer ajuste, é possível ter uma tocada tranquila e sem solavancos. Ainda assim, tudo pode ficar mais divertido com a ajuda do Audi Drive Select, opcional que permite escolher entre três perfis de condução. Teclando Comfort, o asfalto fica subitamente liso, com as imperfeições sendo domadas pelo trabalho de suspensão; já em Dynamic, o Q5 mostra as garras: o conjunto fica mais duro, o acelerador e o câmbio trabalham para aproveitar melhor a faixa de torque das marchas e a carroceria se segura mais nas curvas, mesmo com menores condições de aderência.

No todo, o Q5 se mostrou desenvolto o suficiente para encarar a estrada sem sobressaltos e para proporcionar momentos relativamente tranquilos no trânsito carregado. Mas se você planeja fugir do corriqueiro e encarar algo um pouco mais aventureiro, vá de motor 3.2 V6, uma vez que o motor 2.0 dá conta do recado, mas não sem passar a impressão de atuar no limite para empurrar os 1.740 kg do conjunto.

O melhor do teste, porém, ficou para a segunda etapa, feita nas dependências do quartel da 11ª Brigada, em uma pista de terra especialmente preparada para testar cada uma das funcionalidades do binômio controle de tração-controle de estabilidade. Nesta situação e acionando as chaves ESP off (de off-road, não de desligado, uma vez que o sistema é permanente) e Descent Hill Assist, a distribuição de torque é alterada, enquanto a bomba hidráulica e o sistema autoblocante dos freios são acionados com maior intensidade, mas somente quando necessário. Isso tudo mantém a aderência do Q5 em pisos complicados e controla a força necessária para subir ou descer terrenos íngremes -- isso pode ser usado para superar lama, terra solta ou mesmo neve; mas se seu roteiro e modo de vida forem mais tranquilos, vai ser o suficiente para garantir a passagem por asfalto ou paralelepípedo molhados ou encarar ladeiras mais puxadas sem suar.

* Viagem a convite da Audi