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Ameaça de Trump tarifar importações do México derruba ações de montadoras

Nissan Versa é um dos modelos fabricados no México e exportados para os Estados Unidos - Divulgação
Nissan Versa é um dos modelos fabricados no México e exportados para os Estados Unidos
Imagem: Divulgação

Naomi Tajitsu*

De Tóquio (Japão)

31/05/2019 11h29

Resumo da notícia

  • No Japão, as ações da Toyota caíram 2%, enquanto a Nissan caiu 5%
  • Veículos e peças foram as maiores exportações do México para os EUA
  • Vendas totalizaram US$ 93,3 bilhões em 2018

As ações das montadoras americanas, asiáticas e alemãs caíram hoje (31) depois que Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos, ameaçou impor tarifas sobre as importações do México a partir do próximo mês -- potencialmente derrubando um modelo de negócios de fabricantes globais com décadas de existência.

Protestando contra um surto de imigrantes ilegais na fronteira sul dos EUA, Trump disse que vai aplicar uma tarifa de 5% sobre todos os bens provenientes do México e aumentar o imposto mensalmente até chegar a 25% em 1º de outubro -- a menos que o México tome medidas imediatas contra a imigração ilegal.

As tarifas poderão atingir várias empresas globais -- incluindo empresas americanas, europeias e asiáticas --, com a indústria automobilística particularmente vulnerável. Por anos, as montadoras construíram veículos no México, aproveitando sua mão de obra barata, acordos comerciais e a proximidade com os Estados Unidos, o maior mercado de automóveis do mundo depois da China.

Também parece provável que seja contraproducente para os consumidores norte-americanos, elevando os preços de mercadorias tão variadas quanto carros, refrigeradores e televisores.

"As margens estão tão fracas no mercado norte-americano neste momento que não há maneira de qualquer montadora não repassar essas tarifas a seus clientes", disse Janet Lewis, analista da Macquarie Securities.

"O fator desconhecido é o impacto sobre os fornecedores, já que os componentes podem ir e voltar do México, dos Estados Unidos e do Canadá até 20 vezes antes de entrarem nos carros montados".

No Japão, as ações da Toyota caíram 2%, enquanto a Nissan caiu 5% e a a Honda, quase 4%. A Mazda sofreu um impacto maior, caindo quase 7%. Todas as quatro operam fábricas de montagem de veículos no México, produzindo aproximadamente um terço dos veículos fabricados lá.

Automóveis e reatores nucleares

Veículos e peças foram as maiores exportações do México para os Estados Unidos, totalizando US$ 93,3 bilhões em 2018, seguidas por máquinas elétricas, reatores nucleares, minerais e petróleo e equipamentos ópticos, segundo dados do governo dos EUA.

Na Coreia do Sul, a Hyundai e a afiliada Kia caíram 0,7% e 4,2%, respectivamente. A Hyundai Wia Corp, que fornece componentes automotivos para a dupla, caiu 6,2%.

"Embora tenhamos que esperar para ver se o plano de tarifas dos EUA será realmente implementado, isso está afetando negativamente o sentimento do investidor", disse Chang Moon-su, analista da Hyundai Motor Securities em Seul.

Outra fabricante sul-coreana, a LG Electronics, disse que quase todos os televisores fabricados no México são embarcados para os Estados Unidos e cerca de um terço de seus refrigeradores.

"Como os Estados Unidos são um mercado crucial para nós, estamos monitorando de perto essa questão tarifária", disse um representante da empresa à "Reuters".

As principais montadoras do Japão e seus fornecedores, incluindo a Denso e a Aisin Seiki, vêm construindo veículos no México há décadas, tanto para o mercado doméstico quanto para exportação para os Estados Unidos, aproveitando o acordo norte-americano de livre comércio, que inclui Canadá.

Entre eles, a Nissan produz a maioria dos veículos no México, com suas exportações dos EUA respondendo por cerca de um quarto de suas vendas totais de veículos, segundo especialistas do setor. Seus modelos Sentra e Versa são fabricados no México para o mercado dos EUA.

A rival menor, a Mazda, exporta cerca de 30% de seus carros produzidos no México para os Estados Unidos. A Toyota, que vem expandindo a produção norte-americana de picapes, exporta menos de 10% por cento, assim como a Honda.

As montadoras japonesas juntas produziram cerca de 1,25 milhão de veículos no México em 2018.

Mas a produção no México é ofuscada pelo número de carros que eles produzem nos Estados Unidos, seu maior mercado individual, onde os três maiores fabricantes do Japão produzem cerca de 4 milhões de veículos por ano.

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*Reportagem adicional de Hayoung Choi e Heekyong Yang, em Seul (Coreia do Sul)