Peugeot negocia com Santander para reduzir crise financeira
A PSA Peugeot Citroen e o banco Santander estão discutindo uma parceria em uma empresa de financiamento ao consumidor, numa investida que poderia dar à problemática fabricante mais liberdade em relação à interferência estatal, e aumentar a presença do banco espanhol na França, disseram fontes com conhecimento do assunto.
A informação surgiu na manhã desta segunda-feira (22), sendo veiculada, por exemplo, pelo "Wall Street Journal".
O Santander, que já é parceiro de financiamento da Peugeot na América Latina, assumiria a maior parte dos empréstimos de refinanciamento na operação conjunta nos termos do acordo discutido, disse uma fonte. "Como conseqüência, a Peugeot também ficaria livre da interferência do governo, o que poderia ajudar nas negociações com a GM", disse a fonte.
A Peugeot mantém conversas para a venda parcial do Banque PSA Finance, o que permitiria ao braço da montadora para financiamentos operar sem os 7 bilhões de euros (mais de R$ 20 bilhões de dólares) em garantias bancadas pelo Estado francês, afirmou uma das fontes, que pediu para não ser identificada porque as discussões eram confidenciais.
De acordo com o Wall Street Journal, primeiro a relatar as negociações, um cenário em consideração prevê uma participação de 50% do Santander no Banque PSA Finance, ou uma joint venture ainda maior.
Santander e Peugeot se recusaram a comentar. Funcionários do governo francês não retornaram as ligações para comentar o assunto.
A montadora teve que negociar um resgate estatal no ano passado após uma série de rebaixamentos de classificações de crédito elevarem os custos de empréstimos. As garantias dadas à Peugeot no ano passado impuseram limites à remuneração dos executivos, cortes de empregos e um conselho diretor nomeado pelo governo, com um resgate da União Europeia ainda sob análise.
A Peugeot, montadora mais atingida pelos cinco anos de queda do mercado de automóveis na Europa, teve prejuízo de 5 bilhões de euros (cerca de R$ 15 bilhões) no ano passado e ainda está queimando mais 100 milhões de euros em caixa todo mês.
Pessoas com conhecimento direto das finanças da empresa concordam com muitos analistas que, para se recuperar da crise, a Peugeot precisaria de uma nova injeção de capital e uma aliança mais estreita com a General Motors ou outro parceiro industrial.
A família Peugeot, fundadora do negócio, ofereceu-se para abrir mão do controle como parte de um acordo com a acionista GM, que detém 7% da empresa, depois de conversas inconclusivas com a parceira chinês Dongfeng, disseram fontes à Reuters no mês passado.
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