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Montadoras fecham 1º semestre com vendas e produção recordes

Alberto Alerigi Jr.

Em São Paulo (SP)

04/07/2013 10h42

A indústria brasileira de veículos deve rever dados em agosto, para melhorar parte de suas estimativas de desempenho em 2013, após um primeiro semestre de produção e vendas recordes, afirmou a associação que representa o setor, Anfavea, nesta quinta-feira (5).

O setor, que afirma ter confiança na melhora da economia nos próximos meses, deve elevar projeções para exportações e de vendas internas de caminhões e máquinas agrícolas.

"Por ora as projeções estão mantidas, mas devo dizer que estamos estudando fazer revisão em breve sobre máquinas e exportações (...) sem dúvida será para cima, incluindo caminhões", disse o presidente da entidade, Luiz Moan, que também diretor de relações institucionais da General Motors.

No primeiro semestre, as exportações de veículos e máquinas agrícolas do Brasil somaram US$ 7,91 bilhões, acumulando alta de 7,2% na comparação anual. O desempenho está acima da projeção atual da Anfavea, de estabilidade nas vendas externas em 2013. Segundo Moan, parte do otimismo sobre as vendas externas se deve à melhora dos mercados compradores e também à desvalorização do real frente o dólar, que torna os produtos nacionais mais baratos quando convertidos na moeda estrangeira.

Para caminhões, a expectativa atual da entidade é de expansão de 6% a 7% nas vendas deste ano, mas a previsão será "seguramente revista para cima". As vendas de caminhões acumularam alta de 5% no primeiro semestre, para 13,06 mil unidades, mas apenas em junho avançaram 21% sobre o mesmo mês de 2012.

"Acreditamos no desempenho da economia pela performance recorde nas vendas de bens de capital (caminhões e máquinas agrícolas), que representam investimento", disse Moan.

MERCADO
Em junho, as vendas totais de veículos novos foram afetadas pelas manifestações populares que atingiram grandes centros do país, e cresceram apenas 0,8% sobre maio, disse Moan. Já a produção foi recorde para o mês, apesar de ter recuado 7,8% em relação a maio.

No acumulado do semestre, as vendas internas subiram 4,8%, ao recorde para o período de 1,8 milhão de veículos, enquanto a produção também foi recorde, somando 1,86 milhão de unidades, 18% mais que na primeira metade de 2012.

O setor terminou junho com estoque de 415,3 mil veículos, crescimento de 7,8% sobre o volume de maio, mas Moan afirmou que parte desse crescimento deveu-se ao aumento na quantidade de modelos oferecidos no mercado brasileiro.

Segundo ele, entre abril e maio, mais de novos 300 modelos e versões foram disponibilizados no país, elevando o total de veículos ofertado aos consumidores para 2,077 milhões. "Na média por modelos e versões, o estoque está estabilizado", disse ele.

Moan afirmou que a produção de veículos de julho pode ser afetada pelas manifestações de caminhoneiros, que bloquearam estradas, dificultando a entrega de insumos e autopeças para as fábricas. "Vamos recuperar isso mais adiante", disse ele.

PLANO PARA HÍBRIDOS
O presidente da Anfavea afirmou ainda que entidade entregará na sexta-feira um conjunto de propostas para incentivo à disponibilização no país de tecnologias de propulsão alternativas ao motor à combustão, com foco em eventual produção local futura.

O conjunto de propostas envolverá seis tecnologias para veículos elétricos e híbridos, disse Moan. O etanol também será defendido pela entidade como componente de pesquisas nacionais de célula combustível, que no exterior são desenvolvidas com base no metanol.

A entidade também discutirá com o governo a relação comercial do país com a Argentina. Brasília e Buenos Aires têm interpretações diferentes do atual acordo automotivo entre os dois países, com Brasil interessado na adoção do livre comércio e a Argentina tentando postergar a liberalização completa do fluxo de veículos.

Moan afirmou que o atual acordo automotivo vence em junho de 2014 e que ambos os governos "estão agindo com muita sabedoria" na negociação da interpretação da cláusula que prevê o livre comércio a partir do início deste mês.

"Para nós, o que importa agora é não interromper o ritmo de integração produtiva", disse Moan, afirmando que atualmente não há mudanças nos volumes de veículos comercializados entre os países.