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Renault vê Brasil com venda de 4 milhões de carros em 2014

Por Alberto Alerigi Jr.<br/> Em São Paulo

18/07/2009 08h01

A Renault prevê que as vendas de automóveis no Brasil por toda a indústria automotiva crescerão em um terço nos próximos cinco anos, chegando a 4 milhões de carros em 2014, ante 3 milhões estimadas para este ano.

Nesse período, a montadora --que possui aliança com a japonesa Nissan-- tem como meta de dobrar sua participação de mercado para 10 por cento, apoiada em uma revisão de modelos e apostando em automóveis de até 30 mil reais.

Em entrevista à Reuters, o novo presidente da Renault do Brasil e diretor-geral da Renault Mercosul, Jean-Michel Jalinier, que assumiu o cargo em maio, afirmou que a companhia vive globalmente processo de redução de custos intensificado com a crise financeira internacional.

Ao mesmo tempo, por aqui, trabalha para ampliar seu alcance no mercado sem necessariamente investir pesado em novos modelos.

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    "A participação que pretendemos não virá de novos produtos, mas mais de uma melhor cobertura do mercado", afirmou o executivo, lembrando que nos últimos três anos a empresa lançou sete veículos no país.

    "Somos muito fracos no segmento entre R$ 20 mil e R$ 30 mil. Temos que estar aí, porque é um segmento muito grande, representa 32% do mercado atualmente, o que dá cerca de 1 milhão de veículos", disse Jalinier.

    Atualmente, nessa faixa de preço a Renault tem os modelos Clio e Logan. Segundo Jalinier, a estratégia da unidade brasileira nos próximos anos será readequar seus modelos para cobrir melhor o mercado.

    Caso o plano não surta os efeitos esperados, a Renault poderá recorrer a outras plataformas de veículos da parceira Nissan.

    "Em termos financeiros, consideramos que remanejar produto é melhor, inclusive em termos de custos. Não espero ter mais modelos que hoje", comentou o executivo.

    Na quarta-feira, o presidente mundial do grupo Renault-Nissan, Carlos Ghosn, em passagem pelo Brasil, afirmou que a empresa precisa ter veículos mais voltados para a realidade brasileira e mais baratos, em complementação a sedãs e utilitários esportivos sofisticados que já vende no país com a marca Nissan.

    Atualmente, a Renault opera à metade de sua capacidade de produção de 250 mil veículos por ano. Na unidade em São José dos Pinhais (PR), que emprega 4.500 funcionários, a empresa também produz modelos para Nissan.

    A expectativa para 2009 é uma produção de 127 mil unidades, alta de 3,8 por cento sobre 2008.

    SOB PRESSÃO
    Apesar do crescimento previsto para este ano, as margens da subsidiária brasileira não vão necessariamente melhorar, dado o aumento da competição em um mercado que conta com mais de uma dezena de fabricantes.

    "Hoje é impossível melhorar a margem (Ebitda), porque o mercado está mais competitivo. Em termos gerais, o mercado no ano vai ser praticamente estável com 2008. Nessa situação, todo mundo está lutando para manter sua posição", disse Jalinier, sem citar números sobre a margem Ebitda.

    Como a fábrica tem cerca de 50% de capacidade ociosa, a Renault "não precisa investir em capacidade atualmente".

    Nos últimos três anos, a Renault investiu cerca de R$ 1 bilhão no Brasil. O orçamento para os próximos cinco anos ainda não está definido, porque a empresa está otimizando seu fluxo de caixa.

    "Em 2009, investimento será o mínimo necessário para garantir nossa sobrevivência, não há outra opção. Isso pode ser provavelmente verdade para 2010 também, quando teremos algum crescimento no Brasil", disse Jalinier.

    A Renault-Nissan anunciou nesta sexta-feira que suas vendas de carros de passeio no mundo caíram 13,7% no primeiro semestre, para 969.361 unidades.

    Desse total, o Brasil, quinto mercado mais importante para o grupo, foi responsável por 56 mil carros, abaixo das 61 mil no mesmo período de 2008. Foram vendidos 48,6 mil veículos Renault no país de janeiro a junho e outros 7,4 mil da Nissan.