Topo

FCA e Renault confirmam: querem formar 3º maior grupo automotivo do mundo

Arte UOL Carros
Imagem: Arte UOL Carros

Do UOL, em São Paulo (SP)

27/05/2019 09h55Atualizada em 27/05/2019 17h08

Resumo da notícia

  • Negociação começou pela FCA
  • Renault está avaliando fusão 50/50
  • Novo grupo poderia investir R$ 22 bilhões por ano
  • Entregas seriam de 9 milhões de automóveis ao ano

Depois das primeiras informações sobre a possibilidade de união entre FCA (Fiat Chrysler Automobile) e Renault surgirem no final de semana, as duas empresas automotivas trataram de comentar o ocorrido. E é verdade: as duas empresas anunciaram, por meio de diferentes comunicados, que estão de fato na mesa de negociação para uma "fusão 50/50" (na qual nenhum dos grupos se torna controlador da outra parte), mas que ainda não há avanço algum além disso.

Por parte dos franceses do Grupo Renault, houve um comunicado simples, confirmando o recebimento da proposta por parte da FCA e afirmação de que o conselho deliberativo da empresa iniciou reunião nesta segunda-feira (27) para definir o rumo da companhia. Um comunicado extra deverá ser divulgado logo mais.

Já a FCA foi mais complexa em sua explicação, com uma carta de 12 parágrafos emitida do CEO global Michael Manley, que esteve no Brasil na última semana para anúncio de investimentos tanto em Betim (MG), quanto em Goiana (PE), somando R$ 16 bilhões.

Manley afirma ter "orgulho em comunicar" sobre a proposta de fusão entregue ao Grupo Renault, afirmando que uma futura empresa foi pensada pelo Grupo FCA e que os termos estariam sendo revistos pelos franceses, antes de qualquer confirmação, apontando um estágio já bem avançado de conversa.

Essa força conjunta poderia emplacar 9 milhões de veículos por ano, sendo líder global de veículos elétricos (forte da Renault e deficiência da FCA), marcas premium (forte da FCA), SUVs (ambas forças combinadas em diferentes nichos), picapes (FCA tem vantagem) e veículos comerciais leves (ambas forças com algum protagonismo). Isso poderia, segundo Manley, posicionar a nova empresa "como uma força global pronta para competir e vencer na indústria automotiva do amanhã".

Essa nova empresa também teria capacidade de investimento de 5 bilhões de euros (R$ 22 bilhões) por ano em motorizações, plataformas e tecnologias inéditas, nas palavras do executivo. "A rápida introdução de tecnologias de conectividade, eletrificação e autonomia representa uma imensa oportunidade. Aproveitar essa oportunidade vai demandar ousadia, escala e investimento significativo", afirmou.

FCA investe R$ 7,5 bilhões para ampliar fábrica de SUVs da Jeep em PE - Divulgação - Divulgação
FCA anunciou mais R$ 16 bilhões para ampliar fábricas de PE e MG na última semana
Imagem: Divulgação

Entendendo o grupo

O Grupo Renault envolvido na negociação não deve ser confundido com a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi formada por Carlos Ghosn, executivo brasileiro que está sendo processado no Japão por fraude financeira.

O Grupo Renault envolve a empresa de mesmo nome (que tem 15% de suas ações nas mão do governo da França, 15% nas mão da Nissan e o restante entre diferentes acionistas), além das subsidiárias Dacia (Romenia), Renault-Samsung Motors (Coreia do Sul), AvtoVAZ (Rússia), Oyak-Renault (Turquia), Renault Pars (Irã), Renault Retail Group (concessionárias) e RCI Banque (financiamento automotivo). Além disso, o grupo tem 43% de controle da Nissan e 1,5% da Daimler (controladora da Mercedes-Benz).

Ainda não houve um pronunciamento oficial da Renault-Nissan-Mitsubishi, mas rumores apontam que a Nissan é contrária a esta nova aliança, que poderia enfraquecer o crescimento das marcas japonesas.

Já a FCA controla as marcas Fiat, Fiat Professional, Abarth, Alfa Romeo, Lancia e Maserati(Itália), Chrysler, Dodge, Jeep, Ram e SRT (EUA), suas filiais e negócios ao redor de 150 países, além de Mopar, Comau e Magneti Marelli (de peças e serviços) e Teksid (fundição em ferro e alumínio).

Em 2018, o Grupo Volkswagen foi o líder global do setor automotivo, com 10,8 milhões de entregas no mundo todo; em segundo, Grupo Toyota, com 10,4 milhões. A Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi foi a terceira, com 10,3 milhões (embora os cálculos internos da aliança a coloquem como líder incluindo ainda diferentes participações comerciais). A General Motors foi a quarta, com 8,6 milhões de unidades, com Kia-Hyundai entregando 7,4 milhões, em quinto.

Uma aliança entre FCA e Renault formaria uma novo terceira colocada, com 9 milhões de unidades ao ano, desmantelando a Renault-Nissan-Mitsubishi. Há anos, estudos econômicos apontam que menos de oito grandes empresas restariam num "mundo ideal" de controle do setor automotivo. Além desses panoramas econômicos, gastos crescentes com investimento em tecnologias alternativas aos motores a combustão (sobretudo ao diesel e à gasolina), bem como a implantação de tecnologias de comunicação e de carros autônomos aceleram a formação de novos alianças entre diferentes produtoras.