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Impedida de ver o marido, Carole Ghosn pedirá ajuda a Jair Bolsonaro

Reuters
Imagem: Reuters

Do UOL

Em São Paulo*

25/05/2019 21h33

Carole Ghosn falou sobre o drama com o marido Carlos, atualmente em prisão domiciliar no Japão. Após a segunda libertação por fiança em 25 de abril, o ex-presidente da Renault e da Nissan lida com severas limitações, como não ter acesso a internet e a de não entrar em contato com a própria esposa.

Depois da última prisão, Carole deixou o Japão com temor da Justiça japonesa. Em entrevista ao jornal 'O Globo', ela afirmou que já entrou com pedidos na ONU (Organização das Nações Unidas) sobre as dificuldades no caso e admitiu que gostaria de ter o apoio do presidente da República, Jair Bolsonaro. Ghosn nasceu no Brasil e tem também nacionalidade francesa.

"Sabemos que foi contatado antes, mas não tivemos retorno. Então, vamos contatar diretamente para pedir maior participação do governo brasileiro. Queremos garantir um julgamento justo para Carlos", disse Carole ao jornal 'O Globo'.

Preso pela primeira vez em 19 de novembro em Tóquio, Ghosn enfrenta quatro acusações pela Justiça japonesa: duas por ocultar sua renda no mercado de ações, e duas, por diferentes casos de violação agravada da confiança, incluindo suposta apropriação indébita de fundos da Nissan.

Após o escândalo, ele perdeu todos os cargos nas três fabricantes, reunidas por ele para formar a maior aliança global de automóveis: Renault, Nissan e Mitsubishi Motors.

Carlos Ghosn - Jiji Press/AFP - Jiji Press/AFP
Imagem: Jiji Press/AFP
Revolta da defesa

O Supremo Tribunal do Japão recusou recentemente um recurso da defesa para Ghosn poder ver a esposa e de reduzir outras restrições ao ex-magnata do setor de automóveis. Um dos motivos da proibição a Carole Ghosn, segundo o Ministério Público, é a suspeita de ter entrado em contato com pessoas envolvidas no caso.

"Confirmada a decisão do tribunal de Tóquio de proibir qualquer comunicação entre Ghosn e sua mulher, Carole, sem uma autorização específica", lamentou o advogado Takashi Takano, ao revelar a decisão da mais alta corte em entrevista à AFP.

"Esta é a primeira vez na minha carreira que um dos meus clientes é libertado sob tais condições, é muito raro", completou o advogado.

"Razões específicas"

Agora que a proibição foi validada em última instância, a equipe de defesa de Carlos Ghosn tem apenas uma opção: tentar recorrer para obter um encontro com sua esposa em um quadro muito restrito.

"Nosso pedido deve ser baseado em razões específicas e urgentes" que justificariam um encontro, disse Takano.

Ghosn também está proibido de deixar o território e de acessar a Internet, além de estar sob a vigilância de câmeras por 24 horas.

"Deprimido"

Um mês após sua libertação, o franco-libanês-brasileiro de 65 anos não está em boa forma, segundo seu advogado.

O fato de não poder ver sua esposa "o afeta mentalmente, ele parece deprimido", disse, enquanto uma de suas colaboradoras acrescentou que ele ficou "realmente chocado" quando tomou conhecimento desta medida para evitar a destruição de provas.

* Com informações da AFP