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Toyota faz as contas para ter novo Corolla e versão do RAV4 a R$ 100 mil

Toyota Corolla chegará em outubro apostando no pacote híbrido e visual arrojado - Divulgação
Toyota Corolla chegará em outubro apostando no pacote híbrido e visual arrojado
Imagem: Divulgação

Fernando Miragaya

Colaboração para o UOL, em Buenos Aires (Argentina)

24/05/2019 07h00

Passado o lançamento da RAV4, a Toyota do Brasil passa a viver a expectativa de seu maior lançamento do ano — e talvez da década. A nova geração do Corolla chega no final de setembro, mas a fabricante já quebra a cabeça em planilhas para jogar o novo sedã no mercado com preço competitivo. O que isso quer dizer? Ter alguma versão abaixo dos R$ 100 mil — desafio que se estende ao RAV4.

Atualmente, a linha Corolla tem duas versões que atraem clientes: GLi Tecido (por ter banco de tecido), com motor 1.8 flex (144 cavalos) e câmbio Multidrive (CVT com programação para simular sete marchas), que é voltada ao mercado frotista e PCD, mas que também tem fila de compradores "comuns" por custar R$ 79.990; e GLi Couro, que melhora o acabamento de bancos, entre outros acréscimos, e vai a R$ 90.990.

De resto, o Corolla atual só tem valores acima dos R$ 100 mil, sempre se aproveitando de mais itens de conforto e segurança, além do motor 2.0 flex (153 cv) ainda pareado ao câmbio Multidrive: XEi (R$ 105.990), XRS (com visual esportivado a R$ 111.990) e a topo de gama Altis (com faróis Full LED, interior diferenciado, entre outros acréscimos, a R$ 118.990).

Problema é que a marca não vai manter o veterano propulsor 1.8 aspirado. O novo Corolla vai estrear o motor 1.8 híbrido flex, derivado do atual motor do Prius, mas com potência acima dos 123 cv. E isso sem falar do novíssimo 2.0 flex, que ganhará injeção direta e terá potência acima dos 170 cv.

Contas, contas e contas

Uma saída seria seguir usando o 2.0 com injeção convencional e segurar o preço entre R$ 97 mil e aqueles usuais R$ 99.990 para fazer o famoso "a partir de" na campanha publicitária.

"O cliente do Corolla é um pouco mais tradicional e racional, e obviamente quer mecânica moderna, mas também pede algo conhecido, em um carro que virá bastante tecnológico", diz uma fonte dentro da marca. Aí mora justamente o drama da Toyota para precificar o novo Corolla.

Esse cliente da marca também gosta da atual gama enxuta do Corolla. Espere, então, as mesmas quatro versões de acabamento (algumas, provavelmente, adotarão siglas diferentes) mais a configuração híbrida. "Pulverizar demais a linha não é o caminho para o Corolla".

Além disso, o sedã passa a usar a moderna plataforma modular TNGA (mesma do novo RAV4, do Prius, do Camry e do CH-R). A arquitetura é mais cara, preparada para eletrificação e promete vir carregada de itens de conforto e segurança. Parece simples na teoria, mas a prática não permite "capar" tanto esta nova safra de modelos. .

Modularidade restrita? Vamos de RAV4!

Como falamos de plataforma modular e de sua limitação "por cima", obviamente o tema Toyota C-HR veio à tona novamente. A marca já avisou que ele não vem ao Brasil, apesar de usar a mesma arquitetura TNGA. Isso porque não tem a pegada familiar como outros rivais: o espaço no banco de trás é menor e o porta-malas de 377 litros é considerado acanhado. Mesmo importado, sofreria com o atual câmbio contra rivais que são ou serão feitos localmente. Traduzindo: nunca seria páreo para Jeep Renegade, Volkswagen T-Cross, Honda HR-V, Nissan Kicks, Hyundai Creta, entre outros.

Mas o lançamento da quinta geração do RAV4 abre possibilidades... se o preço puder ser ajustado.

O novo RAV4 começa em R$ 165.990 com conjunto híbrido e farto recheio para disputar mercado com outros médios, como VW Tiguan e Jeep Compass. Mas a Toyota também quer versões mais aliviadas em equipamentos, dentro do limite, para poder roubar vendas dos compactos.

É o mesmo que a FCA trilha com o Compass de entrada, o Sport AT Flex 2.0, de R$ 113.990. Ou o que a Peugeot faz com o 3008 e a reencarnação recente da versão Allure, por R$ 139.900. Trazer uma configuração do RAV nessa faixa seria estratégia para brigar, até, com a arquirrival Honda e seu novo HR-V turbo, já que essa versão Touring custará R$ 139.900.

Novamente, o desafio será encontrar não apenas um pacote com menos equipamentos, mas também um motor que atenda a essa demanda. As contas seguem sendo feitas.