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Nissan Kicks terá motor elétrico que dispensa tomada; testamos o E-Power

Nissan Note já serviu de base para o projeto do Kicks; agora é usado para o Kicks E-Power - Murilo Góes/UOL
Nissan Note já serviu de base para o projeto do Kicks; agora é usado para o Kicks E-Power
Imagem: Murilo Góes/UOL

Fernando Miragaya

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

27/03/2019 07h00

Resumo da notícia

  • Sistema E-Power será usado no Kicks até 2020
  • Motor a combustão não move o carro, funciona como gerador para baterias
  • De fato, temos um elétrico que dispensa a tomada
  • Autonomia pode ser gigante, perto de 1.600 km

O contato com a tecnologia elétrica que a Nissan trará para o Brasil foi quase na velocidade da luz. Apenas duas "voltas" com o Note E-Power em um curto circuito (sem trocadilhos) montado dentro da pista de Interlagos, em São Paulo (SP). É quase o retrato de um país que olha para o movimento global de adesão ao carro elétrico: a tecnologia da marca japonesa pode convencer mais rapidamente um mercado ainda reticente com tão pouca informação? Claro que não, e fomos obrigados a fazer muitas perguntas para traçar um panorama. Vamos ao que se tem.

O Note em questão é um monovolume que já foi até cogitado para ser produzida em Resende (RJ). Foi o carro mais vendido da Nissan no Japão e esta versão E-Power, que está em testes no Brasil desde 2018, é a que mais vende por lá (70% do total). Só que não é um elétrico convencional.

Usa o motor 1.2 três cilindros a gasolina como um gerador de energia, que alimenta as baterias que vão dar vida ao propulsor elétrico. Aí, sim, o propulsor elétrico movimenta as rodas. É mais ou menos a mesma lógica do Chevrolet Volt, lembra dele? O grande argumento do sistema que será implantado no Kicks brasileiro dispensa que o veículo seja carregado na tomada. Você abastece no posto de combustível, com gasolina ou etanol e roda mais, poluindo menos

O modelo será apresentado ainda este ano — provavelmente com o 1.0 três cilindros flex usado em March e Versa — chegando às lojas até 2020.

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Esse é o motor 1.2 que serve de gerador ao sistema elétrico. Kicks deverá usar o 1.0 flex
Imagem: Murilo Góes/UOL

Como é dirigir o E-Power

A bordo do Note E-Power, o "ronquinho" do carro elétrico causa mais estranheza que a direção do lado direito — a unidade em testes aqui é japonesa. Você pisa em qualquer intensidade no pedal do acelerador e o tricilíndrico de 79 cv dá sinal de vida lá atrás. Nada daquele silêncio nauseabundo dos elétricos convencionais.

O que faz o monovolume andar é o propulsor elétrico de 109 cv, mesmo que equipa o Leaf, com força suficiente para mover o compacto. O câmbio do tipo CVT ajuda nas respostas rápidas às acelerações, enquanto o motor a combustão continua fazendo barulho.

O torque plano favorece a caixa continuamente variável, pois não segura giros e se livra daquele comportamento de liquidificador. O que se tem é um carro que promete encarar bem diferentes tipos de situação. Na pequena "subida" do circuito improvisado ou nas retomadas, não dá sinal de que vá esmorecer, graças ao torque imediato de 25,8 kgfm. É a promessa de que este modelo pode encarar ladeiras com mais disposição — e menos risco de ver a carga da bateria sumir — que um elétrico convencional.

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Vantagem do E-Power é tirar "medo de ficar a pé" que muita gente ainda tem com carro elétrico
Imagem: Murilo Góes/UOL

Mas o E-Power faz quanto na rua?

Nas freadas, o sistema regenerativo dá aquela forcinha a mais para as baterias. Mas não chega a ser como o "E-Pedal" do Leaf, onde o simples fato de tirar o pé do acelerador funciona como freio motor e a energia da desaceleração é aproveitada.

O E-Power não precisa carregar na tomada, mas te obriga a ir ao posto de combustível. Tudo bem que o frentista nem vai lembrar da tua cara. No caso do Note, a média de consumo do motor a combustão gerador é de 37,2 km/l de gasolina, de acordo com os padrões japoneses. Com tanque de 45 litros, a média é de mais de 1.600 quilômetros de autonomia. Com o 1.0 brasileiro, mesmo usando etanol (que permite autonomia menor na comparação com o combustível fóssil), a promessa da Nissan é de uma média sutilmente melhor.

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Cabine do Note: tirando volante "trocado", tem muito de March e Kicks; câmbio é CVT sem alavanca
Imagem: Murilo Góes/UOL