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GM vai investir R$ 10 bilhões em SP para manter empregos e desconto de ICMS

João Doria, governador de São Paulo, fala durante apresentação de acordo, ao lado do presidente da GM, Carlos Zarlenga (à esquerda) - Alessandro Reis/UOL
João Doria, governador de São Paulo, fala durante apresentação de acordo, ao lado do presidente da GM, Carlos Zarlenga (à esquerda)
Imagem: Alessandro Reis/UOL

Alessandro Reis, Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

19/03/2019 12h53Atualizada em 19/03/2019 17h06

Resumo da notícia

  • Anúncio foi feito pelo chefão da GM, Carlos Zarlenga
  • Aporte será feito até 2024
  • Marca diz que novo valor inicia novo ciclo de cinco anos de investimentos
  • Governador João Dória promete abatimento de 25% do ICMS à fabricante
  • Governo diz que acordo preserva 65 mil empregos; GM fala em 15 mil

A General Motors do Brasil acaba de anunciar reforço de investimentos de R$ 10 bilhões para as operações de suas fábricas paulistas, em São Caetano do Sul e São José dos Campos. Essa decisão foi comunicada durante evento no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, após reunião com o governador João Doria, nesta terça-feira.

De acordo com o anúncio, o aporte faz parte de novo ciclo de investimento de cinco anos e reforçará desenvolvimento de novos carros, bem como de novas tecnologias e deverá ajudar a preservar cerca de 15 mil empregos que a fabricante mantém no Estado. O prazo para o investimento ser feito em sua totalidade é até 2024, portanto. Cumprindo, a GM terá direito a abatimento de 25% de ICMS estadual, segundo promessa feita pelo governo estadual na última semana.

Além do ABC e de São José dos Campos, a GM mantém estruturas em Mogi das Cruzes, Sorocaba e Indaiatuba, aqui no Estado de São Paulo. No Brasil, há ainda as unidades de motores em Joinville (SC) e a fábrica de Gravataí (RS), que entrega Onix e Prisma, respectivamente o carro mais vendido do Brasil e o sedã mais vendido do mercado.

Espera-se que o anúncio da proposta de investimento por parte da GM, com contrapartida fiscal do governo estadual, acabem com a crise instalada pela decisão da GM de, até mesmo, abandonar as operações no Brasil. A fabricante deixou vazar, no começo do ano, a informação de que a matriz estaria descontente com prejuízos que a filial brasileira estaria tendo nos últimos anos, apesar da liderança de vendas em consecutivos anos.

GM e governo estadual costuraram termos

Recém-promovido a presidente da GM para América do Sul, Carlos Zarlenga, destacou a importância das negociações com governo, concessionários sindicatos e fornecedores. O executivo ressaltou que "fornecedores aceitaram redução inicial de preços e não reajustar valores sobre inflação".

O governador Doria afirmou que o acordo vai salvar 65 mil empregos, diretos e indiretos, em São Paulo. Apenas pelas contas da GM, são 15 mil empregos diretos nas duas fábricas, mais 1.200 vagas que podem ser criadas.

Doria disse ainda que sabia da insatisfação da matriz da GM desde antes de assumir o mandato como governador de São Paulo. Em coletiva, afirmou ter recebido ligação de Marcos Munhoz, vice-presidente da GM do Brasil e responsável pelas relações governamentais da marca, em 19 dezembro "pedindo reunião urgente para dia seguinte". Segundo governador, o encontro serviu para comunicar que as duas fábricas em SP seriam fechadas por decisão Mary Barra, presidente global da GM. Doria afirmou ter pedido pediu 60 dias para tentar reverter a decisão, já se valendo da prerrogativa de governador eleito.

Não explicou, porém, por que apesar do conhecimento não houve um esforço para evitar a crise que envolveu manifestação de trabalhadores, estresse da cadeia produtiva e risco de pânico no mercado.

"Não é guerra fiscal"

O governo estadual também negou que o incentivo fiscal possa ser tratado, como já ocorre em outros estados, como "guerra fiscal". Doria afirmou que o "Incentivauto" (apelido dado ao sistema de reembolso de um máximo de 25% do ICMS, seguindo faixas de investimento, que partem de R$ 1 bilhão e vão até R$ 10 bilhões) mira as empresas já estabelecidas em São Paulo, não novas fábricas.

Já Henrique Meirelles, atual secretário de finanças do estado, apontou que a competição por investimentos ocorre em nível mundial, do Brasil com outros países, não na disputa entre estados de um mesmo país. "Estamos impulsionando toda a economia brasileira", afirmou Meirelles.

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Imagem: Auto Home

GM não abre planos para dinheiro novo

Apesar do plano multi-bilionário para as fábricas paulistanas, Zarlenga não fala em produtos, nem diz qual fatia do investimento vai para cada fábrica. Fontes ouvidas por UOL Carros, porém, apontam que o montante também servirá para concretizar os planos que já haviam sido anunciados em 2017 e 2018 pela GM. Ou seja, o novo aporte reforça o que já estava traçado, mas sem qualquer novidade por ora.

São Caetano do Sul segue com planos para entregar quatro modelos novos: novo Tracker (para o segmento de SUVs compactos); picape para o lugar da Montana; substituta da minivan Spin; novo sedã.

São José dos Campos mantém a linha de utilitários médios, com novas gerações da picape S10 e seu derivado de passageiros.

Tirando o Tracker, nenhum dos modelos é tão importante, porém, quanto a dupla de substitutos de Onix e Prisma, que seguirão sendo feitos em Gravataí (RS) e que devem ser os primeiros da nova geração de carros da GM a desembarcarem. É esperado que a GM faça a apresentação dos modelos ainda em 2019, ainda que o grosso de vendas venha em 2020. Os motores para os carros de nova geração serão feitos em Joinville.