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GM propõe terceirizar empregados e diminuir salários; sindicato diz "não"

"Pauta de reestruturação" da GM tem 28 itens, entre eles: terceirizar, diminuir salários, aumentar jornada de trabalho e cortar PLR - Divulgação
"Pauta de reestruturação" da GM tem 28 itens, entre eles: terceirizar, diminuir salários, aumentar jornada de trabalho e cortar PLR
Imagem: Divulgação

Alessandro Reis

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

23/01/2019 14h40

Marca ainda defende jornada maior de trabalho; "não tem como aceitar", diz sindicato

UOL Carros teve acesso à íntegra da proposta apresentada nesta terça-feira (22) pela General Motors aos funcionários da fábrica de São José dos Campos, no interior de São Paulo.

A chamada  "pauta de reestruturação" da fábrica paulista tem 28 itens. Segundo sindicalistas, ela é exigência da companhia para poder garantir investimentos e produção de novos modelos -- também na unidade de São Caetano do Sul, no ABC, onde trabalhadores receberam reivindicações semelhantes da GM. A marca por ora não fala em demissões e, durante reunião com funcionários, sinalizou que não deve fechar fábricas no país.

A proposta da montadora prevê a retirada de uma série de benefícios, terceirização total dos cerca de 4.800 funcionários, aumento de jornada de trabalho, não pagamento de PLR (Participação nos Lucros e Resultados) em 2019, jornada de trabalho intermitente, fim do transporte fretado, fim da garantia de emprego a funcionários acidentados, parcelamento de férias e redução no piso salarial de R$ 2.200 para R$ 1.600.

Essa proposta será detalhada em nova reunião com os sindicatos, marcada para esta quarta, em Guarulhos (SP), dando andamento às negociações.

De acordo com Renato Almeida, funcionário da GM e vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, o que a GM propõe "é uma carga muito pesada para o trabalhador suportar". Atualmente, cerca de 4.800 funcionários trabalham na fábrica no interior paulista, todos com carteira assinada em regime CLT, segundo o dirigente.

"O sentimento dos trabalhadores é de que não tem como aceitar como foi proposto, está fora da realidade. Nessas condições, fica impossível colaborar com qualquer coisa", disse o sindicalista.

Almeida se diz especialmente preocupado com a terceirização geral e o aumento na jornada de trabalho, que considera "absurdo" por conta das boas vendas locais da companhia, que detém cerca de 20% do mercado de carros de passeio e produz o Chevrolet Onix, automóvel mais vendido do país há quatro anos consecutivos.

"Tem muita coisa que ainda não está clara, relacionada às novas leis trabalhistas, que esperamos ver detalhadas em nova reunião agora à tarde com representantes da GM", complementa Almeida.

Como funcionaria?

A pauta apresentada pela GM prevê "contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses".

A proposta de terceirização fica explícita quando a companhia informa que "o trabalhador poderá prestar serviços de qualquer natureza a outros tomadores de serviço, que exerçam ou não a mesma atividade econômica, utilizando contrato de trabalho intermitente ou outra modalidade de contrato de trabalho".

Na sexta-feira passada, Carlos Zarlenga, presidente da General Motors no Mercosul, enviou comunicado interno a todos os funcionários alegando prejuízos e admitindo a possibilidade de sair do país caso a operação local não seja viabilizada.

Além da proposta apresentada aos funcionários, o comunicado diz que a GM está negociando com o governo, concessionários e fornecedores para garantir novos investimentos na região. Uma das reivindicações ao governo de São Paulo é a antecipação de créditos de ICMS (Imposto sobre Circulação de Bens e Serviços), o que foi admitido por Henrique Meirelles, secretário de Fazenda e Planejamento do estado.

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