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Novo Audi A1 ganha base de Polo e equipamento de R8, mas vem ao Brasil?

Ricardo Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Málaga (Espanha)

22/11/2018 07h00

Testamos a segunda geração, que ganhou sistemas de assistência de categorias superiores, além de mais opções de motores

O Audi A1 está mais ousado. Mais que um chavão do jornalismo de automóveis, neste caso, a palavra resume bem o propósito da segunda geração, que busca ampliar seu público alvo.

Em resumo, mais espaço interno, melhor capacidade na estrada e equipamentos de categorias superiores para atrair até famílias; e som 3D, conectividade e personalização de olho no público jovem.

Na prática, o modelo que nasceu em 2010 como um compacto divertido para grandes centros urbanos agora quer mostrar que amadureceu e pode mais na linha 2019. Será?

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O visual está mais agressivo e, segundo a Audi, inspirado na sua divisão esportiva. Além de linhas e vincos que buscam rebaixar o centro do veículo e conferir força, há peças do novo R8, como as três pequenas entradas de ar sob o capô e a grade maior e de desenho invocado. Faróis e lanternas de LED adotam assinatura em formato de flecha.

Em tamanho, o A1 ganhou 5,6 cm no comprimento e 9,4 cm no entrei-eixos, o que representa cerca de 10 cm a mais de espaço para as pernas e um porta-malas de 335 litros -- 65 litros superior ao atual.

Agora a marca também aposta no A1 Sportback quatro portas, admitindo baixa procura pelo duas portas na atual geração. No entanto, em nome da esportividade, o modelo também ficou 0,6 cm mais estreito e 1,3 cm mais baixo, algo que pode ser um aspecto negativo em ruas brasileiras.

Audi A1 Sportback - Divulgação - Divulgação
A1 ficou maior e agora oferece mais opções de motores; versão quatro-portas ganha evidência
Imagem: Divulgação

Vem de cima

Foram trazidos uma série de sistemas de auxílio ao motorista, como assistente de faixa, controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, alerta de colisão, frenagem de emergência, Audi pre-sense e assistente de estacionamento, dependendo das versões e/ou pacotes escolhidos.

O novo A1 conta com uma ampla variedade de motores: 1.0 TFSI três-cilindros de 95 cv ou 116 cv; 1.5 TFSI de 150 cv, com funcionamento de cilindros sob demanda; e 2.0 TFSI de 200 cv.

O câmbio pode ser manual de seis marchas ou automatizado de sete marchas e dupla embreagem (S-Tronic). O modelo também ganha suspensão esportiva com sistema drive select, que permite configurar pelo painel três tipos de condução, entre Auto, Dynamic, Efficiency, além da Individual (opção configurada pelo motorista).

São três possibilidades de acabamentos para o interior e três pacotes visuais para o exterior, que podem ser combinadas entre si, além de dez cores e rodas de 15" a 18", permitindo até um milhão de variações, diz a marca.

Além de tudo isso, o A1 também poderá ser equipado com o quadro de instrumentos digital configurável (virtual cockpit), multimídia sensível ao toque de 10 polegadas e um som 3D de alta fidelidade da Bang & Olufsen.

De acordo com a marca, o novo A1 foi criado para ser "uma declaração individual da personalidade e dos desejos" de cada proprietário.

Primo rico do Polo

Frase de efeito à parte, percebe-se na carroceria crescida, por fora e por dentro, alguma semelhança com o Volkswagen Polo, que utiliza a mesma plataforma. Especialmente nas dimensões da cabine, na pegada do volante e na posição de guiar.

No entanto, os traços da identidade visual da Audi e a composição do painel são muito marcantes. O ambiente digital de poucos botões, com quadro de instrumentos e multimídia de modelos mais caros, como o recém-chegado Q8, tornam as comparações apenas um fantasma distante.

Claro, desde que o cliente, como nas unidades a que UOL Carros teve acesso, tenha colocado todos os opcionais. Testamos a versão de topo (2.0, 200 cv) e a segunda mais básica (1.0, 116 cv, manual).

Girando a chave (olha outro chavão, aí), ou melhor, pressionado o botão da ignição, as diferenças entre os primos do grupo VW se aprofundam.

Começa pela motorização mais avançada. O Polo brasileiro utiliza motores MPI ou 1.0. No A1, apenas TFSI (turbo e injeção direta de combustível), com potência superiores em cada configuração equivalente, além de funcionamento mais refinado.

Novo Audi A1 produção Espanha - Divulgação - Divulgação
Nova geração é feita na Espanha, mas também sobre a base MQB -- a mesma do VW Polo nacional
Imagem: Divulgação

Como anda

O 1.0 116 cv entrega um bom fôlego para o porte do A1 e tem retomadas bastante rápidas. O 2.0 de 200 cv em um carro desse peso e porte é sacanagem.

Ambas versões mostraram estabilidade e precisão em trechos sinuosos do sul da Espanha. Benefício do tamanho do modelo, mas também muito mérito de um acerto eficiente da suspensão e da direção.

Mas, novamente, o modelo também se destaca por item opcional: todos os carros testados contavam com o ajuste de suspensão e podiam ser alterados para a configuração Dynamic em altas velocidades -- o que, sobretudo, enrijece suspensão e direção. Isso foi essencial para as impressões positivas da condução.

Adorado por puristas e desdenhado pelo senso comum no Brasil, o câmbio manual do A1 faz a alegria de quem gosta de guiar. Engates precisos, algumas relações mais curtas e seis marchas são uma combinação que permite tirar respostas espertas e um melhor aproveitamento do 1.0.

O S-Tronic de sete velocidades do 2.0 é bem escalonado. Aletas atrás do volante compensam alguma falta de iniciativa, ajudando quem deseja uma tocada mais dinâmica. Há sempre o modo S.

Afinal, vem para o Brasil ou não?

O A1 chega na Europa já na próxima semana, começando em 19 mil euros. Na prévia em que participamos, a resposta oficial sobre importação para o Brasil é que o veículo ainda não está nos planos, uma vez que chegaria por um valor muito elevado. Mas, ao mesmo tempo, não se descarta rever esses planos futuramente.

Complicou? A gente explica. O presidente da Audi Brasil, Johannes Roscheck, afirmou à UOL Carros, no Salão de São Paulo, que é uma questão de tempo, dentro de uma estratégia de crescimento da marca no país ter todos os modelos.

O ano de 2019 será para trazer o que está em alta: SUVs, carros semiautônomos e elétricos, como Q8, e-Tron, A6, A7, A8 e por aí vai. Depois seria a vez de pensar em outros, como o novo A1.

Mas para quem gosta, já pode começar a esperar o lançamento de versões super preparadas e séries especiais (mais completas e caras) do novo A1. UOL Carros aposta que ele irá se tornar um carro de nicho, custando bem mais do que os valores da primeira geração.