Eficiência: empresas querem dobrar produção de motor turboflex no Brasil
Carros têm de ficar mais eficientes em cinco anos, e fabricantes se movimentam; motor 2.0 aspirado pode sumir do Brasil
Com o anúncio do "Rota 2030", novas regras para a indústria nacional de automóveis, os veículos vendidos no país terão de ser pelo menos 11% mais econômicos em até cinco anos. A medida ainda precisa ser validada pelo governo federal e pelo Congresso, mas as fabricantes de diferentes segmentos -- da área de autopeças às fabricantes automotivas -- já trabalham em alternativas para ter carros mais eficientes e menos poluentes.
Existe também um movimento de mercado já iniciado, que elevou o padrão de equipamentos ofertados por alguns segmentos, como o de carros de passeio compactos premium, médios e também os de SUVs intermediários. Nestes, por cobrança do comprador, já prolifera o uso de motores mais modernos, fortes e econômicos.
Em qualquer cenário, UOL Carros apurou, haverá proliferação de opções de automóveis com motor flex turbinado surgindo nos próximos anos -- fornecedores já instalados falam em dobrar a produção atual, enquanto outros planejam a atuação no país. A previsão de todos é que teremos opções mais leves, limpas e, na soma de tudo, mais econômicas já nos próximos anos nas linhas de marcas líderes de venda, como Volkswagen e Fiat, entre outras. Na outra mão, motores aspirados maiores, como os 2.0, podem sumir da produção nacional.
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Fabricante vai dobrar produção de turbo
Única fabricante de sistemas de turbo para carros de passeio instalada no Brasil (em Itatiba, no interior de São Paulo), a BorgWarner se prepara para ampliar em até 15% a produção de turbinas para carros de passeio já em 2019. Em 2020, nova ampliação elevará a capacidade produtiva para até 200 mil unidades/ano, quando terá dobrado a produção prevista para 2018.
Vitor Maiellaro, gerente-geral da divisão de turbos da BorgWarner, explica que a primeira parte da expansão será para equipar o motor 1.0 TSI do novo Volkswagen T-Cross, SUV pequeno que será lançado no começo de 2019 -- mas já estará no Salão do Automóvel de São Paulo deste ano, em novembro. Mas a segunda parte da expansão servirá para atender à demanda de "outro cliente".
Por contrato, o executivo não revela qual será esse novo cliente, mas UOL Carros segue as pistas: a Borgwarner é fornecedora dos motores Firefly 1.0 e 1.3 com turbo da Fiat-Chrysler (FCA) europeia -- fornecimento que será ampliado à América Latina e ao Brasil.
"Seguramente, as novas exigências de eficiência, emissões e segurança vão demandar a chegada de novos produtos e tecnologias, incluindo um avanço na oferta de motores turboflex no país", afirma Maiellaro. Ainda segundo o gerente-geral, os motores turbinados da FCA europeia "se encaixam no mercado brasileiro".
Inaugurada em 2013, a reboque do ciclo de investimentos locais em produção e tecnologia gerados pelo "Inovar-Auto" (o antigo regime automotivo, iniciado em 2012 pelo governo de Dilma Rousseff e encerrado em 2017), a fábrica da BorgWarner em Itatiba equipa com suas turbinas o único motor turboflex totalmente nacional, o 1.0 TSI dos Volkswagen Up, Polo, Virtus, Golf e, em breve, T-Cross. (Os demais motores turbo do Grupo Volkswagen, mesmo flex, usam componentes importados.)
Não só T-Cross: a Volkswagen planeja um total de 20 lançamentos (cinco deles serão SUVs) -- boa parte apostando nos motores turbinados -- até 2020.
Além da VW, a FCA prepara a chegada de novos modelos até 2020. Destaque neles fica por conta dos novíssimos motores 1.0 e 1.3 da família Firefly Flex com turbo, motorização que já deve aparecer aqui com o crossover derivado do Fiat Argo.
Tchau, 2.0 aspirado
As novas metas do "Rota 2030" devem não apenas ampliar a oferta de motores 1.0 turbo, mas também reforçar a produção local de motores 1.4 e 1.5 sobrealimentados, que por sua vez devem extinguir de vez os motores 2.0 aspirados.
Porta-vozes da Honeywell, outra fabricante de sistemas de turbo com unidade em Guarulhos (SP), apontam que "o mercado brasileiro seguirá a tendência global do downsizing, com motores de menor volume, menos cilindros e consumo menor, equipados com turboalimentador, que substituirão uma grande parcela dos atuais blocos de quatro cilindros e 2.0 litros, devido à nova regulamentação".
A Honeywell só produz localmente turbinas para veículos comerciais, mas já sinalizou (sem abrir totalmente os planos) que planeja entrar no segmento de carros de passeio prevendo este aumento de demanda. "Quanto mais restritivas forem as metas de consumo de combustível e emissão de CO2, maior será a participação do motor turbo no mercado, como já acontece atualmente em outros países".
Na Europa, a Honeywell fornece turbos para a nova família de motores, desenvolvida em conjunto por Renault e Daimler-Mercedes (1.3 e 1.4, turbo, a gasolina, com potências entre 117 e 165 cv, dependendo da aplicação).
Vem dessa linha o motor da nova geração do Mercedes-Benz Classe A, que tem chegada confirmada para o Brasil -- aliás, o sedã tem grandes chances de ser produzido localmente. Na Renault, já equipa Scénic e Grand Scénic e será base para novos produtos da Nissan.
Mais movimentação
Líder de mercado, a General Motors já faz movimentos de atualização de trens-de-força desde o começo do ano. Em janeiro, anunciou investimento multibilionário na fabricação de novos motores.
Assim, terá nova família de motores para modelos compactos, que também terão opções turbo, incluindo unidade 1.0 de três cilindros e 12 válvulas de origem Opel -- base para a nova geração de modelos compactos, substitutos de Onix, Prisma, Cobalt e Tracker. Se especula, também, a entrada da gigante americana na produção localizada de motores elétricos.
Ford e Renault se mobilizam para evoluir as atuais famílias Dragon (1.5 flex) e SCe (1.0 e 1.6 flex, também flex e aspirados). Em ambas, o uso de turbo é possível.
Fluxo começou em 2013
Seguindo padrões globais, ainda que em ritmo menos acelerado, o desenvolvimento de motores mais eficientes no Brasil começou em 2013, após o anúncio de regras pelo "Inovar-Auto", em 2012. Mas além da ampliação da base, o atual momento prevê maior nacionalização da produção.
BMW 320i Active Flex foi o primeiro automóvel bicombustível com turbo a ser lançado no Brasil, no fim de 2013. Mesmo fabricado em Araquari (SC), porém, o sedã de luxo da marca alemã usa motor importado.
É o mesmo caso do motor 1.6 turboflex da rival Mercedes-Benz, que equipa o Classe C 180; do 1.6 THP da PSA (Peugeot Citroën), que tem origem BMW, mas atualmente é desenvolvido e produzido na França, e equipa enorme gama de modelos das duas marcas; e do motor 1.4 turbo da Chevrolet para Tracker e Cruze.
Em 2015, a Volkswagen iniciou a fabricação local da família EA211, em São Carlos (SP), com montagem do 1.4 TSI (como citado, feito localmente, mas com componentes importados) e nacionalização do 1.0 TSI.
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