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Quais eram os carros de família antes dos SUVs bombarem? Relembre 10 deles

Antes do sucesso dos SUVs os carros de família eram normalmente peruas e monovolumes com pegada mais altinha, como o Renault Scènic - Divulgação
Antes do sucesso dos SUVs os carros de família eram normalmente peruas e monovolumes com pegada mais altinha, como o Renault Scènic
Imagem: Divulgação

Felipe Carvalho

Colaboração para o UOL, de São Paulo (SP)

04/08/2018 08h00

"Caçador de carros" fala sobre um dos atuais maiores nichos do mercado automobilístico brasileiro e mundial: os utilitários esportivos

Levante a mão quem tem ou quer ter um SUV. A chance de você ter erguido é grande, pois essa é a categoria que mais cresce em todo mundo. Para quem não sabe, o nome vem do termo inglês para "Sport Utility Vehicle", que traduzido significa "Veículo Utilitário Esportivo".

Entusiastas como eu torcem o nariz para esses jipões de cidade, mas não podemos deixar de reconhecer que alguns são realmente refinados e bem construídos, com dinâmica digna dos melhores carros esportivos. E mais: eles assumiram a função de "carros de família" para muita gente.

Em um passado não muito distante, porém, SUVs eram exceções em nossas ruas. Vamos, portanto, revisitar esse passado para lembrar de alguns dos melhores carros que nossos pais e avós compravam quando a necessidade era ter bastante espaço interno para a família e bagagens.

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1. Renault Scènic

Há quase 20 anos a Renault passou a fabricar no Brasil o monovolume Scènic. Visual externo e a disposição interna dos bancos deixavam claro que era um carro familiar, com foco no espaço interno privilegiado para passageiros. Na traseira, três bancos individuais substituíam o tradicional assento inteiriço.

Na prática, cinco pessoas viajavam com conforto, pois ainda que os bancos traseiros fossem mais estreitos que o normal, a boa largura e altura do carro davam ótima sensação de amplitude.

Fez muito sucesso no início e abriu as portas para outros carros com a mesma proposta, como Citroën Xsara Picasso e o atual C4 Picasso. Infelizmente hoje em dia é tarefa árdua encontrar um em bom estado, mesmo não tendo saído de linha há tanto tempo -- o fim da produção foi em 2010. Para quem quiser se aventurar a comprar uma, recomendo as que tenham câmbio manual.

2. Nissan Grand  Livina

Esse é daqueles carros que duraram pouco em nosso mercado, mas que, na minha opinião, ainda teriam espaço caso fossem atualizados. Acredito tanto nisso que a Grand Livina é um dos modelos que recomendo para muitos dos clientes que precisam de um bom e barato carro familiar com câmbio AT.

A vantagem da perua da Nissan é a capacidade de levar sete ocupantes. Ainda que não seja muito confortável viajar na última fileira, isso é algo que poucos carros do nosso mercado conseguem.

Ainda é possível garimpar uma Grand Livina em bom estado, mas fuja das que não têm histórico de manutenção, pois as peças não são das mais baratas.

Familia Livina 2014 - Divulgação - Divulgação
Nissan Grand Livina foi durante algum tempo uma das opções com sete lugares mais baratas do mercado
Imagem: Divulgação

3. Chevrolet Zafira

O "Astra de sete lugares" fez muito sucesso no Brasil. Ainda é lamentado por muitos o fato de ter dado lugar para a Chevrolet Spin. Quem compara as duas, nota que houve grande retrocesso, já que a Zafira nasceu como um inteligente carro familiar -- a terceira fileira de bancos ficavam embutidas no assoalho quando não eram utilizadas, liberando mais espaço para bagagens e para a segunda fileira, que tinha regulagem de distância.

Nada disso acontece com a Spin, que ainda por cima tem menos equipamentos e motor mais fraco. De positivo, apenas o câmbio automático é mais moderno, mas isso era fácil de arrumar. Recomendo a compra da Zafira, mas não é fácil encontrar com baixa quilometragem, pois são carros geralmente bem usados. A boa notícia é que a manutenção é tão simples como da maioria dos Chevrolet.

4. Chevrolet Suprema

Nos anos 1990, a perua do Omega não tinha concorrentes: era a única station grande nacional, tanto que teve o status de ser o carro mais caro fabricado no Brasil na época. As peruas Quantum, Tempra e Royale não se equiparavam ao refinamento e ao espaço interno da Suprema.

Opção de motor seis-cilindros, tração traseira, suspensão independente nas quatro rodas, posição de dirigir digna de carros estradeiros fazem dela um carro único, mas que infelizmente teve vida curta. Não tenho dúvidas de que ela terá espaço nas melhores coleções de carros, tanto que as raras em bom estado estão cada vez mais caras.

Se você é fã do modelo, aproveite que ainda dá para comprar por preços razoáveis, pois daqui alguns anos será apenas para os ricos colecionadores. Na minha opinião, a melhor para se ter na garagem é a CD 4.1 com câmbio manual, de preferência com painel digital e teto solar.

5. Chevrolet Amazona

Foi em 1959 que a Chevrolet apresentou aquele que seria seu primeiro veículo nacional voltado para a família. Com três fileiras de bancos para um total de oito passageiros, a Amazona faria inveja para alguns grandalhões atuais que levam apenas cinco.

Entretanto, a dirigibilidade estava longe do refinamento atual, pois ainda usava suspensões com eixo rígido e tinha câmbio manual de três marchas. Uma curiosidade é que, muito antes do Hyundai  Veloster, a Amazona já dispunha de apenas uma porta para os passageiros traseiros. Para ver uma dessas hoje em dia, torça para achar nos encontros de carros antigos, pois é mais fácil se deparar com uma Ferrari nas ruas do que com uma Amazona. Ou seja, se quiser uma, terá que convencer um colecionar a te vender.

6. Chevrolet Veraneio

A evolução da Amazona chegou cinco anos depois, ainda com nome de C-1416, mas, em pouco tempo, seria rebatizada de Veraneio, nome que atravessou três décadas com duas gerações.

Mais adequada ao uso familiar, ela passou a ter suspensão independente na dianteira e sincronização nas marchas do câmbio. Por ironia do destino, esse carrão, que até no nome lembra os bons momentos das férias com a família, era temido por alguns por ter sido usado como camburão de polícia.

A segunda geração deixava de lado as linhas clássicas para ficar mais quadradona, em um visual que considero de pouca inspiração. Junto com ela veio a Chevrolet Bonanza, uma Veraneio sem as portas traseiras e entre-eixos menor. Mais charmosa que sua irmã maior, a Bonanza jamais teve concorrentes com proposta parecida. Qualquer modelo de Veraneio ou Bonanza é altamente colecionável.

7. Chevrolet Blazer

A Veraneio era grandalhona demais e perdeu espaço na invasão dos importados dos anos 1990. O público passou a valorizar os SUVs japoneses e norte-americanos, mais compactos e modernos. Para atender essa demanda, a Chevrolet apresentou a Blazer, em 1995, com visual esportivo e encantador, mas errou na escolha do motor: o mesmo 2.2 do Omega era inadequado para a pesada Blazer, mas não levou mais do que cinco meses para a marca consertasse o erro e passasse a importar o grande V6 4.3 de 180 cv.

Esse motor, admirado pelo seu ronco encorpado e casou perfeitamente com a proposta de utilitário esportivo da Blazer. Durante duas décadas, passou por poucas mudanças e também fez fama na polícia. Para os interessados, não faltam opções no mercado de usados.

Chevrolet Blazer - Divulgação - Divulgação
Chevrolet Blazer viveu desde meados dos anos 1990 a até o começo dessa década... Aí saiu de linha para dar lugar ao Trailblazer
Imagem: Divulgação

8. Rural Willys

Em uma época de poucas vias asfaltadas, nada como ter um legítimo jipe na garagem que pudesse desbravar o país. A Rural é aquilo que podemos chamar de SUV "raíz". Eu ainda não tive o privilégio de guiar uma, mas não é difícil encontrar quem já tenha feito relatar o quão desconfortável ela era.

As poucas que preservaram sua originalidade estão em alta e são carros desejados por qualquer colecionador.

9. DKW  Vemaguet

Essa pequena perua disputa ao lado da Romi-Isetta o título de primeiro automóvel produzido no Brasil. Suas dimensões externas colocam em cheque sua seleção nessa lista, porém, basta entrar no carro para se deliciar com a inteligência dos alemães nesse projeto inusitado.

Estamos falando de um carro que leva seis pessoas e ainda tem ótimo porta-malas. O motor três-cilindros de dois tempos com tração dianteira ocupa pouco espaço, mostrando que o foco eram os passageiros. Jamais teremos algo parecido novamente.

10. Ford Furglaine

As picapes grandes da Ford não dispunham de modelos fechados, com foco familiar -- por isso coube a inúmeras empresas transformarem essas picapes em veículos exclusivos. Uma das que mais gosto é a Furglaine, produzida pela Carroceria Furglass em Guarulhos. Muito bonita por fora, pouco lembrava a picape da Ford e mais se parecia com furgões norte-americanos que vemos nos filmes.

O acabamento interno era primoroso, com equipamentos impensáveis para época como geladeira e televisão. Nem me lembro quando foi a última vez que vi uma nas ruas, mas espero que ainda tenham algumas em coleções.

Importadas

Não posso deixar de citar as opções de família importadas que invadiram nosso mercado nos anos 1990. Estou falando de Toyota SW4, Mitsubishi Pajero, Nissan Pathfinder, Jeep  Grand Cherokee, Ford Explorer e outras mais. Esses carros ajudaram a elevar a qualidade do nosso mercado e alguns ainda estão disponíveis em gerações atuais.

Tem alguma história com algum carro familiar do passado? Deixe nos comentários.

* Felipe Carvalho é administrador de empresas, consultor e primeiro "caçador de carros" profissional do país. Seu canal no YouTube dedicado a avaliações de achados automotivos tem mais de 100 mil inscritos.