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Citroën C4 Cactus nacional freia sozinho e terá motor 1.6 com ou sem turbo

Alessandro Reis, Leonardo Felix

Do UOL, em Porto Real (RJ) e São Paulo (SP)

31/07/2018 15h14

UOL Carros mostra em primeira mão detalhes do modelo que chega em setembro para alavancar marca francesa

Faltam aproximadamente três semanas para o lançamento do Citroën C4 Cactus no Brasil. Modelo será integralmente revelado ao público na segunda quinzena de agosto, com chegada às lojas ocorrendo efetivamente em setembro. UOL Carros já explicou por que a marca considera este o "mais importante produto de sua história" no Brasil.

Nesta terça-feira (31) a PSA abriu as portas da fábrica de Porto Real (RJ) para apresentar a jornalistas a linha de montagem do crossover (que a marca venderá como SUV). UOL Carros estava lá e viu duas unidades da versão de topo -- que, conforme apurado por nossa reportagem, receberá o mesmo nome "Shine" dado ao sedã C4 Lounge --, "dando sopa". 

Aproveitamos para entrar no carro, conhecer os detalhes e contar tudo a você.

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Primeira confirmação: as unidades expostas estavam equipadas com o conhecido (e reconhecido) motor 1.6 THP turboflex de 165/173 cv (gasolina/etanol). Ele virá sempre aliado a câmbio automático de seis marchas da Aisin com modos "Eco" e "S", mas sem borboletas para trocas sequenciais das marchas atrás do volante. Ou seja: mudanças terão de ser feitas diretamente pela manopla.

Mas isso não é novidade, tanto que até já andamos nessa configuração e contamos como ela é. O que UOL Carros pode confirmar agora é que a versão básica Live utilizará mesmo o propulsor 1.6 FlexStart aspirado de 115/118 cv, gerenciado por transmissão manual de cinco ou automática de seis velocidades.

Quer ver como ficou o C4 Cactus Shine por fora e por dentro? Assista ao vídeo que abre este artigo e confira abaixo o nosso álbum exclusivo.

Flerte semiautônomo

A melhor notícia a respeito do C4 Cactus Shine é que ele terá -- ainda não se sabe como itens de série ou opcionais -- tecnologias que promoverão o primeiro "flerte" de carros compactos produzidos no Brasil com tecnologias semiautônomas de condução.

Segundo a Citroën, o modelo será capaz de emitir alertas emergenciais ao condutor e frear sozinho ao detectar e iminência de uma colisão com outro veículo ou um pedestre à frente. Também estará provido de alerta de mudança de faixa, detector de fadiga e controle de estabilidade e tração com assistentes de subida e descida em rampas. Contudo, controle de cruzeiro será convencional e não adaptativo.

No pacote tecnológico e de segurança constarão ainda seis airbags (frontais, laterais e de cortina), chave com sensor presencial, partida do motor por botão, freios a disco nas quatro rodas e acionamento automático de faróis e limpadores de para-brisa. Quadro de instrumentos 100% digital monocromático e central multimídia com tela capacitiva de sete polegadas -- incluindo navegação GPS e projeção de celulares via Apple CarPlay ou Android Auto -- vêm do C4 Lounge. UOL Carrosavaliou qualidades e limitações desses dois itens no sedã médio.

Primeiro vacilo em termos de conectividade foi oferecer uma única entrada USB em toda a cabine. Outra ausência percebida foi a de sensores de estacionamento: o C4 Cactus aparentemente contará só com câmera de ré como auxílio às manobras.

Outros segredos

Conjunto óptico dianteiro se assemelha muito à solução criada pela Fiat para a picape Toro. Nicho principal com luz baixa, luz alta e farol alto não está no topo, junto à grade, mas sim numa faixa intermediária do para-choque, sendo disposto através de um conjunto halógeno. A parte de cima fica reservada para luzes diurnas em LED, enquanto os faróis de neblina ficam no "andar de baixo".

Da mesma forma, as tomadas de ar estão posicionadas ao centro e na base do para-choque, ficando a porção superior reservada à aplicação da tradicional assinatura chevron cromada. Molduras em plástico por caixas de rodas e portas laterais -- emulando os extintos "airbumps" presentes no antigo C4 Cactus europeu -- estarão presentes em todas as versões do crossover, assim como as barras longitudinais de teto.

Rodas são de liga leve aro 17 e possuem desenho mais conservador que o homônimo europeu, apesar do acabamento diamantado em dois tons. Balanço traseiro conta com lanternas em LED e tampa do porta-malas posicionada acima do nicho de placa, criando um estranho "degrau" de cerca de 30 cm em relação ao assoalho do bagageiro.

Volume do porta-malas, aliás, ainda não foi divulgado, mas nossas primeiras impressões indicam que não deve superar os 358 litros do irmão europeu. Especialmente se pensarmos que foi necessário abrir espaço para um estepe provisório com rodas de aço aro 15.

Distância entre-eixos será de 2,60 metros, logo acima dos 2,59 metros do Hyundai Creta, mas ainda abaixo dos 2,61 metros do Honda HR-V. Na prática, espaço para as pernas é bastante satisfatório nas duas fileiras. Como o C4  Cactus não é tão largo (1,73 metro sem contar retrovisores externos) nem alto (aproximadamente 1,50 metro, já que esta dimensão ainda não foi oficializada), espaço para cabeças e ombros não é tão generoso. Ainda assim, quatro adultos podem viajar sem sofrimento.

Conforme já mostrado pela Citroën, painel tem pegada muito mais convencional do que aquela vista no C4 Cactus europeu. Ainda assim, há um trabalho criativo de texturização e mudanças de relevo nos plásticos, além de elementos suaves ao toque. Uma única faixa no canto direito trará o mesmo revestimento em tecido visto na parte central dos bancos.

Volante apresenta desenho inédito na gama nacional da Citroën, com aro levemente ovalado, comandos multifuncionais nos raios laterais e cubo central bastante proeminente. Também marca presença, de modo até exagerado, o preto brilhante no entorno do sistema multimídia.

Divisórias das saídas de ar se juntam a guarnições de portas e até às costuras pespontadas dos bancos ao emular as formas das falsas "bolhas de ar" vistas nos apliques externos. Bancos, aliás, serão revestidos em couro sintético e tecido. Console central conta com alavanca manual de freio de estacionamento e um porta-objetos cuja tampa funciona como apoiador de braço.

Fileira traseira é bipartida em 60:40 e conta com encosto de cabeça central, cinto de três pontos central e pontos de fixação Isofix e Top Tether para cadeirinhas infantis.

Citroën C4 Cactus nacional - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Assim será o habitáculo "real" do Citroën C4 Cactus brasileiro
Imagem: Murilo Góes/UOL

Personalizável

Ainda de acordo com a montadora, paleta de cores do C4 Cactus nacional abrangerá 20 opções de personalização, sendo sete pinturas básicas e três tipos de topo (na cor do restante da carroceria, preto ou branco). Ou seja: estilo será chamativo como já se esperaria de um Citroën.

Unidades exibidas contavam com pinturas branca/preta e azul/branca. Molduras dos faróis de neblina, capas de retrovisores e contorno de uma das falsas bolhas de ar laterais combinavam sempre com a tonalidade do teto. Já maçanetas externas eram em preto brilhante.

Configuração 1.6 AT6 aspirada terá versão com foco especial a clientes PCD (pessoas com deficiências) e, por isso, vinda com rodas aro 17 de aço. 

Três anos de gestação

Para iniciar sua produção em solo brasileiro foram investidos R$ 580 milhões pelo grupo, distribuídos entre adaptação da fábrica -- modernizada a fim de integrar e tornar mais produtivos os processos de todos os modelos feitos por lá (além do C4 Cactus, temos C3, Aircross e os Peugeot 208 e 2008) -- e desenvolvimento do produto.

De acordo com a PSA, o projeto -- internamente conhecido como "F3" -- demandou três anos de trabalhou até ficar pronto, sendo 165 protótipos confeccionados e 1 milhão de quilômetros rodados ou simulados em testes. Ainda segundo a fabricante, foi a divisão latino-americana quem liderou a elaboração do novo visual do crossover, apesar de a Europa tê-lo estreado em março deste ano -- com mudanças importantes em componentes como portas e vidros traseiros.

Além do Brasil, o C4 Cactus feito em Porto Real será vendido também na Argentina, onde substituirá o homônimo europeu a partir de seu lançamento.