Topo

Afinal de contas, carro pode ser uma obra de arte?

Chico Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

26/05/2018 08h00

Carros empilhados, incendiados, pintados, filmados... têm valor?

Um monte de carros empilhados, fixados nas alturas por um bloco de concreto. Em um primeiro momento, parece até que esse achado foi obra da erupção de um vulcão, que esparramou lava por algum estacionamento ou engarrafamento, depois petrificada, não sem antes envolver os seres motorizados em seu entorno. Mas basta observar com mais atenção para entender que a natureza não teria capacidade de ser tão geométrica assim na organização das suas manifestações de caos.

Não mesmo! O monumento foi obra de um homem, que não contou com o acaso de nada para erguer a sua obra. Trata-se de "Long Term Parking", monumento projetado pelo artista franco-americano Armand  Fernandez, localizado no castelo de Montcel, em Jouy-en-Josas, arredores de Paris.

Veja mais

+ Câmbio manual vai desaparecer? Como fica nossa pose de piloto?
+ Você teria braço para domar um 'muscle car' clássico?
+ Viajar de carro pode ser melhor que aproveitar o destino

Instagram oficial de UOL Carros

Criada em 1982, a escultura tem 19,5 metros de altura e é composta por 59 automóveis, principalmente franceses, empilhados um em cima do outro e fixados com 18 toneladas de concreto. A escolha dos carros que iriam ficar eternamente imóveis foi aleatória, mas o seu arranjo obedeceu uma harmonia de cores.

A despeito da aparência rústica, perceba que as peças estão muito bem encaixadas, organizadas, tudo em seu devido lugar. E deu trabalho colocá-la de pé, claro.

Torre de carros Long Term Parking - Michel Lipchitz/AP - Michel Lipchitz/AP
"Long term parking": 59 carros franceses, muito concreto e 20 metros de altura
Imagem: Michel Lipchitz/AP

A obra consiste em uma base de 6m x 6m, sem fundação, com um espaço vazio no centro que permite descer dentro da escultura -- e haja curiosidade para chegar até ali. Os carros ficam entre esse vão e uma fôrma de madeira. Antes de o concreto ser despejado, cada automóvel foi borrifado com um produto isolante para que a pintura ficasse protegida. Removida a fôrma, o concreto foi quebrado em torno dos veículos.

A brincadeira demorou a ser concretizada (trocadilho involuntário): foram seis meses de construção. Já a manutenção é relativamente simples: basta um jato de água a cada três anos para tirar os musgos.

Original, não?

Aqui e no álbum de fotos, tratamos da presença ilustre do automóvel como suporte para a criação de obras artísticas ou como a própria obra. Mas, e aí, carro é mesmo arte? Opine!