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Fiat Cronos, Honda City ou VW Virtus: qual o melhor sedã de R$ 80 mil?

Leonardo Felix, André Deliberato

Do UOL, em São Paulo (SP)

09/05/2018 04h00

Comparativo triplo mostra qual três-volumes compacto premium justifica mais o preço cobrado; assista

Não há dúvidas de que o segmento de sedãs compactos "premium" é o que mais vai se agitar no mercado automotivo brasileiro em 2018. Volksagen Virtus e Fiat Cronos chegaram trazendo novo fôlego ao nicho, que será um pouco mais agitado no segundo semestre com a vinda do Toyota Yaris.

A Honda quis aproveitar o embalo e fez pequenas atualizações na atual geração do City, antiga referência na categoria.

UOL Carros colocou as três mais recentes novidades da categoria, Cronos, City e Virtus, para um comparativo triplo. Para deixar a coisa mais, digamos, apimentada, escolhemos logo as três versões mais caras de cada modelo: Cronos Precision 1.8 AT com opcionais, R$ 82.330; City EXL 1.5 CVT, R$ 83.400; Virtus 200 TSI Highline com opcionais, R$ 87.040.

Percebeu algo em comum entre todas elas? Todas custam acima de R$ 80 mil e possuem sistema de transmissão que dispensa o pedal da embreagem. Assista ao vídeo que abre esta reportagem para ver qual se sai melhor, e confira abaixo os detalhes sobre as armas de cada um.

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Fiat Cronos: beleza e recheio

Derivado do Argo, o Cronos Precision 1.8 automático parte de R$ 69.990, mas fica mais caro com a inclusão de: pintura vermelho Marsala (R$ 2.000); kit com computador de bordo de 7 polegadas, retrovisores com rebatimento elétrico, partida do motor e destravamento das portas sem chave, ar-condicionado digital, retrovisor interno antiofuscante e sensores de luminosidade e de chuva, retrovisor interno fotocrômico (R$ 3.990); pacote com rodas de liga elve aro 17 e bancos revestidos em couro (R$ 3.100); airbags laterais (R$ 2.600); câmera de ré (R$ 650).

Modelo pode ser considerado o mais bonito entre o trio avaliado. Tem uma porção dianteira elegante e chamativa, enquanto a traseira remete a modelos da Audi -- mais até do que o Virtus. Acabamento também se encontra um degrau acima dos demais, porque utiliza o plástico rígido de maneira mais criativa, criando texturas que causando sensação mais agradável dentro da cabine.

Motor é o velho 1.8 E-torq 4-cilindros naturalmente aspirado com 16 válvulas, de 135/139 cv e 18,8/19,3 kgfm, respectivamente com gasolina/etanol. É o mais potente do grupo, só que deve em torque a giros mais baixos, o que torna o desempenho menos esperto do que o esperado. Nem mesmo o bom câmbio de seis marchas da Aisin é capaz de maquiar isso.

Consumo também não é um ponto tão forte assim do sedã da Fiat: são 11,6/13,8 km/l com gasolina ou 8/9,6 km/l quando abastecido com etanol nos respectivos ciclos cidade/estrada, segundo o Programa de Etiquetagem do Inmetro. Neste comparativo, é o modelo que apresenta os dados menos eficientes de autonomia.

Pacote de equipamentos fica bastante interessante se somarmos os opcionais supramencionados aos itens de série da versão Precision, que incluem controle de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, trio elétrico, direção elétrica progressiva, volante com ajuste de altura e profundidade, controle de cruzeiro, sensores traseiros de estacionamento, start-stop, ganchos para cadeirinhas infantis, ar-condicionado automático, faróis e lanternas traseiras com guias em LED.

Veja mais do Cronos Precision 1.8 AT

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Honda City: peso da idade

A idade pesou bastante ao colocarmos colocarmos o City, um projeto de 2014, ao lado de dois modelos nascidos tão recentemente. Um exemplo é o motor 1.5 4-cilindros 16V com comando variável na admissão, de 116/115 cv (gasolina/etanol) e 15,3 kgfm (qualquer combustível). Antes referência, hoje é o que menos impressiona em termos de fôlego. Já a transmissão tipo CVT (continuamente variável) torna o City carro muito demasiadamente "gritão". Suspensões, por sua vez, são rígidas e barulhentas demais.

Por outro lado, o consumo -- 8,5/10,3 km/l utilizando etanol e 12,3/14,5 km/l com gasolina sendo injetada à câmara de combustão, de acordo com o Inmetro -- é substancialmente superior ao do Cronos (certamente devido à menor capacidade cúbica do propulsor) e fica surpreendentemente próximo ao do Virtus na estrada, provável cortesia do CVT -- cujo comportamento em giros mais altos é mais eficiente do que uma caixa com conversor de torque.

Certas limitações são inevitáveis por causa da idade, fato, mas a Honda bem que poderia ter suprido algumas lacunas do City no facelift aplicado no início deste ano. O mais incompreensível é: por que insistir na ausência de controle eletrônico de estabilidade se o irmão Fit já está munido desse importante dispositivo de segurança? Essa é mais uma daquelas decisões estratégicas difíceis de entender...

Apesar disso, o veterano ainda possui vantagens frente seus dois novíssimos oponentes. A principal delas é a desvalorização na hora da revenda: há anos o sedã da marca japonesa tem sido líder nesse quesito, com índice sempre próximo a 10% após um ano de uso. Também podemos citar o porta-malas, cujo volume de 536 litros supera os já mencionados 525 litros do Cronos e os 521 litros do Virtus. Já o espaço na cabine fica em patamar intermediário com relação aos rivais.

Entre os equipamentos que vêm de série podemos destacar os faróis full-LED, os seis airbags e o ar-condicionado digital -- herdado do HR-V --, que permite jogar velocidade e temperatura a patamares mínimos ou máximos apenas deslizando o dedo. Também há a questão da simplicidade de oferta: a versão EXL cobra R$ 83.400 por tudo, incluindo pintura, sem a necessidade de formar um nó na cabeça do comprador ao configurar a versão escolhida.

Saiba tudo que mudou no Honda City

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VW Virtus: foco em dinâmica

O Virtus Highline tem etiqueta-base estipulada em R$ 79.990, mas exige o acréscimo de R$ 1.450 por pintura metálica, R$ 800 por revestimento em couro sintético, R$ 1.200 pelas rodas aro 17 e R$ 300 para rebater o banco do passageiro dianteiro. Outros R$ 3.300 são necessários para incluir um pacote de opcionais com chave inteligente, partida do motor por botão, ar digital, controle de cruzeiro, sensores dianteiros de estacionamento, faróis e limpadores de para-brisa automáticos, retrovisor interno antiofuscante, indicador de pressão dos pneus, borboletas para troca de marchas no volante, frenagem automática pós-colisão, detector de fadiga, câmera de ré e porta-luvas refrigerado.

Volume do bagageiro é o menor entre os três sedãs aqui exibidos, mas quando fazemos um balanço entre espaço do habitáculo + espaço para bagagens, vemos que o representante da Volkswagen encontrou aqui um maior equilíbrio. Tudo por causa dos excelentes 2,65 metros de entre-eixos, vantagem de 5 cm em relação ao City e impressionantes 13 cm com relação ao Cronos. Ele também pode ser considerado o carro mais seguro deste grupo, já que utiliza base moderna, carroceria reforçada, quatro airbags e sistemas de segurança ativa, como ESP e o já citado auxílio de frenagem pós-colisão.

Desempenho é outro ponto que fala muito a favor do modelo da Volkswagen. O propulsor 1.0 turboflex 3-cilindros com 12 válvulas e injeção direta é, com sobras, o mais elástico dos três: são 115/128 cv (gasolina/etanol) e 20,4 kgfm (qualquer combustível), o que torna a condução bastante fluida e, ao mesmo tempo, econômica: 11,2/14,6 km/l (gasolina) e 7,8/10,2 km/l (etanol) nos ciclos cidade/estrada, de acordo com o Inmetro. Casamento com a caixa automática de seis velocidades da Aisin acaba sendo melhor até do que no Cronos.

Dinâmica de condução também está um degrau acima: conforto dos bancos e posição de dirigir são exemplares, tudo graças ao excepcional acerto da plataforma MQB. Suspensões, apesar de surpreendentemente macias, mais que as do Cronos, lidam bem com buracos e seguram a inclinação da carroceria na medida certa. Isolamento acústico está no patamar de modelos médios.

Também fazem parte da cesta de opcionais o quadro de instrumentos 100% digital em tela de 10,2 polegadas e a central multimídia Discovery Media, com tela tátil de 8 polegadas. Juntos, esses dois itens tornam o Virtus mais inteligentemente conectado do que Cronos e City, embora não perfeitamente intuitivo.

Há poréns, claro. O mais notório deles é o acabamento, incomodamente simples para um carro que pode se aproximar de R$ 90 mil. Lanternas não contam com LEDs, outra mancada para um carro lançado tão recentemente. E a questão do preço? Para ficar assim tão equipado o Virtus custa alguns mil reais mais caro do que o restante do trio. Design também pode falar contra: ele é bem sóbrio e da coluna B para frente tudo é idêntico ao Polo.

Contamos tudo sobre o VW Virtus Highline

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Conclusão

Se o potencial comprador desses modelos não estiver contando moedas na hora de fechar negócio, UOL Carros aponta o Virtus como a melhor das três opções. O sedã da Volkswagen cobra um pouco mais e possui pontos falhos, obviamente, mas no geral possui um conjunto mais equilibrado e tecnológico.

O Cronos se faz valer de visual atraente e bom recheio, mas convenhamos: pagar tanto por um veículo com entre-eixos tão acanhado acaba não sendo tão interessante quanto o investimento em configurações mais baratas do mesmo modelo. Já o City deve em modernidade, mas tem por trás a confiabilidade e a boa reputação da Honda.

E aí, com qual deles você toparia gastar seus R$ 80 mil? Deixe sua opinião nos comentários.