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Brasil tem primeira eletrovia: estrada com recarga de elétricos está no PR

Totem de recarga usa três tipos de conectores para atender diferentes modelos de elétricos e híbridos plug-in - Copel
Totem de recarga usa três tipos de conectores para atender diferentes modelos de elétricos e híbridos plug-in
Imagem: Copel

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

25/04/2018 18h48Atualizada em 26/04/2018 15h33

Tecnologia rápida carrega 80% da bateria de carros elétricos entre 15 e 30 minutos

Há exatamente um mês o Estado do Paraná fez cerimônia pública para sua primeira "eletrovia", neologismo para o projeto de postos de recarga rápida de carros elétricos ao longo de uma rodovia -- que acaba sendo também a primeira iniciativa no Brasil. Na inauguração, um único posto de recarga foi aberto, no quilômetro 3 da BR-277 (rodovia que cruza o território paranaense de leste a oeste, de Paranaguá a Foz do Iguaçu), ainda na região de Curitiba. Um posto não faz uma rodovia, muito menos uma eletrovia, mas agora existe uma segunda unidade, na cidade portuária de Paranaguá, em área anexa ao complexo da Copel (a concessionária elétrica paranaense). 

De acordo com a ABB, multinacional especialista em soluções de eletromobilidade, esses dois eletropostos foram desenvolvidos em parceria com a Copel e com a Itaipu Binacional. Segundo as empresas, o investimento total na eletrovia será de R$ 5,5 milhões e prevê um total de oito pontos de recarga ao longo de 608 km -- com dois construídos, restam mais seis, que ainda serão licitados para serem entregues até o final do ano. 

O valor de cada um dos pontos de recarga é de R$ 175 mil, pagos igualmente por Copel e Itaipu, segundo a assessoria da Copel. No total, o valor a ser gasto pelos oito postos seria de R$ 1,4 milhão -- não foi informado a UOL Carros a destinação dos R$ 4,1 milhões restantes.   

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É de graça, porque não há lei regulamentando

Neste momento, as duas estações de recarga podem ser utilizadas por qualquer dono de carro elétrico ou de híbrido plug-in, sem qualquer custo. Segundo fontes do setor, como não há uma regulamentação brasileira para o uso de carros elétricos, nem de sistemas de mobilidade eletrificados, não há forma de se cobrar pela energia elétrica fornecida.

Com tecnologia de recarga rápida, os eletropostos prometem carregar até 80% da capacidade da bateria de modelos atuais em períodos de 15 a 30 minutos. Os totens de recarga também são conectados a redes de comunicação na "nuvem", com troca de dados em tempo real, monitoramento problemas, necessidade de manutenção ou atualização do sistema.

Além de Curitiba e Paranaguá, a eletrovia paranaense prevê nas região das cidades de Irati, Guarapuava, Laranjeiras do Sul, Cascavel, Medianeira e Foz do Iguaçu -- pelo projeto, a distância entre os postos de recarga será de aproximadamente 100 km. 

Falta incentivo

Já existem outros pontos de recarga da ABB espalhados pelo país -- em São Paulo, por exemplo, existem duas estações no trajeto de 100 quilômetros entre a capital e a cidade de Campinas, mas uma fica na rodovia dos Bandeirantes e outra na rodovia Anhanguera -- feito em parceria com a CPFL e com a fabricante chinesa BYD, cada um desses dois postos custou R$ 116 mil.

Em dezembro, a BMW e a EDP (outra multinacional do setor elétrico) anunciaram o plano de R$ 1 milhão fazer eletrovia no trajeto entre São Paulo e Rio de Janeiro, ao longo da rodovia Presidente Dutra (BR-116). A expectativa era de entregar as estações de recarga em março, mas nada mais foi dito sobre o projeto desde então.

Em janeiro, a BMW fez críticas pesadas ao governo federal pela demora em anunciar as regras do chamado "Rota 2030", programa que definirá quais as metas para a indústria automotiva, de peças, rede de revenda, áreas de pesquisa e desenvolvimento de automóveis, mas também da estrutura de mobilidade do país.

Sem o anúncio, que está quase um ano atrasado, o setor fica em compasso de espera e trava anúncios e investimentos, podendo até, segundo a BMW, fechar as portas. Outra fabricante a criticar o Planalto foi a Toyota, que está desenvolvendo um híbrido a etanol, afirmou ainda ter perdido vendas do híbrido Prius por conta da demora. Para os executivos, iniciativas de desenvolvimento local de baterias e estações de carga fica inviabilizado, fazendo o país seguir convivendo com as restritas operações usando equipamentos importados.

Atualmente, há cerca de 2.500 carros eletrificados no Brasil, apenas. No mundo, empresas multinacionais espalham redes de recarga de carros elétricos em alta velocidade par atender a 3 milhões de carros eletrificados já existentes. Nos Estados Unidos, a Volkswagen acaba de anunciar a criação de uma eletrovia própria com mais de 100 estações a ser entregue nos próximos anos. Portugal, por exemplo, abrirá 1.600 pontos de recarga em 2018. Já a ABB tem instalações em 50 cidades e acaba de revelar na Alemanha uma estação que pode carregar super-carros elétricos de 400 V e 800 V em apenas oito minutos (neste tempo, é adicionada carga para cerca de 200 km de autonomia). A estação, chamada de Terra HP, é tão avançada, que ainda não existem carros no mercado global para ela -- o primeiro será o Porsche Mission E, em 2019.