Topo

Toyota Prius Flex deve estar pronto no Salão de SP; UOL Carros seguiu teste

Vitor Matsubara

Do UOL, em Paraguaçu Paulista (SP)

23/03/2018 04h00

Protótipo rodou 1.500 km de SP até Brasília; testes serão realizados até outubro e trem-de-força será base de modelos como novo Corolla

A Toyota apresentou na última segunda-feira (19) o protótipo do primeiro carro híbrido flex do planeta. O Prius bicombustível é resultado de um planejamento iniciado há três anos, o qual inclui a realização de vários testes antes de decidir pela produção do modelo em escala.

Um desses testes -- o primeiro público -- foi uma viagem de São Paulo até Brasília, de 1.500 km, que deveria ser completada em três dias. UOL Carros acompanhou com exclusividade o trajeto paulista dessa viagem: saindo de São Paulo até a pequena cidade de Narandiba, distante 557 km da capital paulista. Antes de chegar ao nosso ponto final, a equipe fez uma parada no município vizinho de Paraguaçu Paulista.

A Toyota já havia deixado claro que não liberaria qualquer dado sobre o desempenho do Prius Flex no teste, até porque a viagem seria realizada justamente para coletar informações. Ainda assim, pudemos apurar que o Prius ainda tinha pelo menos metade dos 45 litros do reservatório na primeira parada. Ou seja, o híbrido flex fez uma média acima de 12 km/l na estrada -- medições do Inmetro indicam 17 km/l em trajeto rodoviário com gasolina no tanque. E, fundamental segundo a Toyota, não apresentou nenhum problema durante o caminho.

Usamos um Corolla GLi para acompanhar a expedição. Na comparação, o computador de bordo do sedã marcava 12,4 km/l -- rodamos apenas com etanol. 

O Prius foi abastecido duas vezes nos quase 600 km em que o acompanhamos: uma em Santa Cruz do Rio Pardo, quando o comboio havia rodado 277 km desde a saída na USP, e outra na Usina de Cocal, em Narandiba. O percurso todo foi realizado no limite de velocidade de cada trecho da estrada.

Veja mais

Quer negociar hatches, sedãs e SUVs? Use a Tabela Fipe
Inscreva-se no canal de UOL Carros no Youtube
Instagram oficial de UOL Carros
Siga UOL Carros no Twitter

Híbrido flex e nacional

O Prius não será o único beneficiado pelo desenvolvimento da tecnologia híbrida flex. Ela deverá ser aplicada em vários modelos vendidos no Brasil, desde que compartilhem a plataforma TNGA do Prius. Sendo assim, são grandes as chances de que o primeiro carro híbrido fabricado no Brasil não seja o próprio Prius.

Tudo indica que o grande contemplado será o best- seller Corolla, cujo lançamento da nova geração no Brasil deve acontecer em 2019.

Até mesmo o crossover C-HR, cuja vinda foi descartada pela Toyota, ganharia uma nova "desculpa" para ser vendido por aqui com motorização flex.

Inicialmente, o Prius com tecnologia bicombustível continuará sendo importado do Japão, já que a maioria das peças utilizadas em sua construção vem de lá. Não está descartada, porém, a produção do Prius no Brasil em um futuro próximo, depois que a plataforma TNGA tiver estreado no país.

Fontes ligadas à empresa afirmam que a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) está fora de cogitação devido aos altos custos. Indaiatuba seria a alternativa mais viável justamente por já fazer a atual geração do Corolla e por garantir a manutenção da nova geração. Por enquanto, porém, não há nada oficial.

Prius flex de teste - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Prius flex de teste é visualmente idêntico ao modelo a gasolina, mas deve ter novidades de estilo em versão final
Imagem: Murilo Góes/UOL

O que falta

Torcida para produção local não falta, como revelou Steve St. Angelo, CEO da Toyota America Latina e Caribe. "Meu sonho é que a Toyota possa produzir híbridos no Brasil", afirmou.

Se a Toyota já manifestou vontade de fazer híbridos no país, falta o governo se mexer. Por mais de uma vez autoridades prometeram que o "Rota 2030" contemplaria, inclusive, redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos atuais 13% (teto para carros com motor abaixo de 2 litros) para 7% (mesma tributação aplicada aos carros 1.0).

Pela promessa do ministro interino de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Marcos Jorge de Lima, o novo regime automotivo estava saindo do forno, e deveria ter sido lançado no fim de fevereiro. Entretanto, já caminhamos para o fim de março e nada foi anunciado até então.