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Usina de Itaipu já investe em estações de recarga para elétricos no Brasil

Itaipu inaugura Centro de Inovação em Mobilidade Elétrica Sustentável (CIMES), prédio na sede de Foz do Iguaçu (PR) que conta com laboratórios, oficinas e showroom de elétricos - Alessandro Reis/UOL
Itaipu inaugura Centro de Inovação em Mobilidade Elétrica Sustentável (CIMES), prédio na sede de Foz do Iguaçu (PR) que conta com laboratórios, oficinas e showroom de elétricos
Imagem: Alessandro Reis/UOL

Alessandro Reis

Colaboração para o UOL, em Foz do Iguaçu (Paraná)

03/03/2018 04h00

Hidrelétrica e empresa estrangeira querem recarregar carros elétricos em estações de rua em apenas 15 minutos

Depois de iniciar em 2006 um dos primeiros grandes projetos de veículos elétricos na América do Sul com a adaptação de 100 unidades da perua Fiat Weekend, a usina hidrelétrica de Itaipu vai começar uma nova etapa para (finalmente) consolidar o carro elétrico brasileiro.

Vale lembrar que nesta década a empresa ainda fez parcerias com outras montadoras, como Renault, Iveco, Agrale e BMW.

Nessa segunda fase, a porção brasileira da estatal binacional (também controlada pelo governo do Paraguai) vai deixar de ser uma produtora de veículos elétricos em escala experimental para se consolidar como laboratório de testes e fomentadora de projetos de uma cadeia produtiva de componentes para veículos movidos a bateria.

Para tal, a empresa inaugura o CIMES (Centro de Inovação em Mobilidade Elétrica Sustentável), prédio com mais de 3.000 m2 de área construída na sede da companhia, em Foz do Iguaçu (PR), que conta com laboratórios, oficinas e showroom de modelos elétricos.

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Recargas nas ruas

A Itaipu também está em negociações com uma empresa, mantida em segredo, que atua em países como Alemanha e Suíça, para a fabricação nacional de estações de recarga rápida de carros elétricos em sistema de alta tensão e corrente contínua (DC), que será capaz de reabastecer as baterias dos carros entre 15 minutos e 30 minutos, contra aproximadamente oito horas de um carregador comum, doméstico.

"A ideia é que essa empresa fique encarregada do projeto, com componentes nacionais e empregando mão de obra local, uma exigência nossa. No Brasil, uma estação de recarga desse tipo chega a custar R$ 170 mil, mas podemos fazer por cerca R$ 60 mil", afirma Celso Novais, chefe da Assessoria de Mobilidade Elétrica de Itaipu, em entrevista exclusiva a UOL Carros.

Paralelamente, a Itaipu binacional mantém o programa de compartilhamento de veículos entre seus funcionários, com o Twizy e agora com a frota do Zoe, bem como estações de armazenamento de energia para o Exército Brasileiro, usando inclusive energia solar para garantir eletricidade em áreas remotas.

Frota

Para dar continuidade às pesquisas e renovar sua frota de elétricos -- atualmente formada por cerca de 200 veículos, incluindo 32 unidades remanescentes da Weekend --, a Itaipu adquiriu recentemente 20 unidades do Renault Zoe de segunda geração. Esses carros, dentre outras tarefas, serão utilizados para o deslocamento de funcionários e para medir o impacto dos elétricos na rede de distribuição.

"Agora estamos adquirindo carros elétricos prontos de última tecnologia para atuar fortemente em dois segmentos: um deles é o mercado de baterias, para a viabilização de um produto brasileiro. Nós também queremos ajudar na questão do transporte público, para introduzir uma mobilidade elétrica sustentável em um país de dimensões continentais", conta Novais.

Ao longo desses dez anos de testes e pesquisas, a empresa ajudou a pavimentar o caminho para o primeiro veículo elétrico nacional produzido em larga escapa, que ainda não é uma realidade, mas que ao que tudo indica está mais perto de acontecer.

"Em 2006 tivemos de fazer praticamente do zero porque não havia mercado. Nesse período, Itaipu agregou o know-how que tinha e fomentou o desenvolvimento de indústria local para itens que ainda não existiam no país, como bomba de vácuo para prover a frenagem, bombas de circulação, motores elétricos e inversores. Todos esses produtos que inicialmente eram importados passaram a ser produzidos por indústrias brasileiras. Agora, o desafio é ter produção local de baterias", explica o executivo.

De acordo com Novais, a Ecotron, especializada na parte eletrônica, e a Weg, que faz inversor, motor e capacitor, são empresas locais aptas a fazer os componentes necessários para os carros elétricos. "Hoje temos várias empresas com capacidade técnica para assumir um projeto nacional de carro elétrico", garante.

A participação de Itaipu para fazer essa indústria evoluir acontece da seguinte maneira: a usina identifica uma ou mais companhias que têm potencial, participa de pesquisas e até justifica o projeto junto à Finep (Empresa Brasileira de Inovação e Pesquisa) para que as empresas selecionadas tenham acesso a financiamentos para lançar os produtos no mercado.

Ônibus híbrido a etanol da Itaipu - Alessandro Reis/UOL - Alessandro Reis/UOL
Hidrelétrica criou um protótipo de ônibus híbrido a etanol, com propulsão 100% elétrica e motor a combustão instalado somente para abastecer as baterias de sal de sódio -- essas baterias, segundo executivos da empresa, são mais baratas e estáveis que as de íons de lítio, largamente utilizadas em automóveis e smartphones
Imagem: Alessandro Reis/UOL

Transporte coletivo

Além disso, a Itaipu concentra seu foco em veículos de transporte de carga e de passageiros -- a chinesa BYD também chegou ao Brasil tendo esse segmento como prioridade e até inaugurou uma fábrica dos utilitários em Campinas, no interior paulista.

Mas no caso da hidrelétrica, foi desenvolvido um protótipo de ônibus híbrido a etanol, com propulsão 100% elétrica e motor a combustão instalado somente para abastecer as baterias de sal de sódio -- tecnologia na qual a Itaipu investe desde os tempos da Weekend.

Essas baterias são, segundo o executivo, mais baratas e estáveis que as de íons de lítio, largamente utilizadas em automóveis e smartphones.

O projeto do ônibus híbrido também é feito com financiamento da Finep, que abrirá edital para empresas e municípios interessados em montar os veículos escala industrial -- eles terão wi-fi, ar-condicionado e serão 100% acessíveis para cadeirantes. Os planos iniciais são de montar 100 unidades.