Volkswagen diz que "não vai desistir do Gol" e quer voltar a ser líder
A Volkswagen definitivamente cansou de "tomar pancada" da concorrência. A marca alemã demorou para assimilar as mudanças do mercado automotivo brasileiro, mas enfim reagiu: lançou novo Polo, que volta a ser referência no segmento, e trará o sedã Virtus em janeiro.
Ambos são o início promissor de toda nova gama de 20 produtos que existirá até 2020. Para isso serão investidos R$ 7 bilhões para bancar modelos inéditos, trocas de gerações, facelifts e versões com novas motorizações e equipamentos. UOL Carros já apontou que faz parte da lista uma mudança mais profunda na família do Gol, estratégia confirmada pelo executivo número 1 da marca no mundo, Herbert Diess.
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Em visita rápida ao Brasil depois de passar pela Argentina, Diess anunciou investimentos de US$ 650 milhões na fábrica de General Pacheco, Buenos Aires, para produzir o SUV Tharu -- futuro rival do Jeep Compass. Depois disso, foi enfático ao dizer que a marca "não vai desistir do Gol", pois ainda enxerga o segmento de veículos de entrada como um dos mais importantes do país.
"A Volkswagen não vai criar uma submarca de modelos simples, com menos exigências técnicas. Mas nem por isso desistimos de um modelo de entrada, como o Gol. Ainda em 2018 teremos novidades e haverá soluções de longo prazo nesse importante segmento", disse de forma enfática.
É importante compreender o "ainda em 2018 teremos novidades". Diess provavelmente está falando de definição de projeto, e não de lançamento especificamente, visto que o compacto passou por uma reestilização há menos de dois anos.
Nossa aposta é que o modelo mais vendido em toda a história do mercado brasileiro e seus derivados, o sedã Voyage e a picapinha Saveiro, recebam uma atualização parcial -- embora profunda -- de plataforma entre 2019 e 20, a fim de ganhar porte maior e novos parâmetros de rigidez e segurança da carroceria. É provável a troca de conjuntos motrizes nesse processo.
Diess admitiu que só um plano audacioso como o atual, de aproximação tecnológica em novos produtos, poderá levar a marca alemã de volta à liderança do mercado no Brasil -- hoje ocupa a terceira posição. Ele reconheceu que a filial brasileira também se beneficiará de uma taxa cambial agora competitiva para exportar ainda mais.
Outras novidades
Só com a família do Gol temos três das 20 novidades prometidas. Outras quatros pertencem à família MQB A0 inaugurada pelo Polo e que terá também o já apresentado três-volumes Virtus, o utilitário esportivo compacto T-Cross (concorrente do Honda HR-V) e uma picape compacta-média com porte da Renault Oroch e nome ainda desconhecido.
Entre as 13 novidades de fabricação nacional estão também a reestilização de Golf e Golf GTI (contados como dois produtos diferentes) e um provável mini-SUV que substituiria o Fox. Este, aliás, tem a morte como destino certo. Outro que está na berlinda é o up!. Veja aqui a lista de modelos nacionais e importados.
"Nunca tivemos uma onda de lançamentos tão vigorosa e em apenas quatro anos. Até 2020 serão 20 produtos, sem contar modelos de nicho como o híbrido Golf GTE e o elétrico e-Golf", ressaltou Pablo Di Si, presidente da Volks do Brasil e que também estava presente nesse encontro. Segundo a fabricante, quando o plano chegar ao fim a idade média das plataformas usadas pelos veículos vendidos no Brasil terá rejuvenescido de oito para cinco anos.
Escândalo impulsionou mudanças
O processo de renovação da Volkswagen faz parte de uma estratégia global que visa a deixar para trás, de uma vez por todas, o escândalo de manipulação de motores a diesel que custou, até agora, 20 bilhões de euros em prejuízos com indenizações, multas, recompra de modelos afetados (EUA) e desgaste (Europa, Japão e Brasil).
"Precisávamos de mudanças antes mesmo desse episódio", analisou Diess. "Estamos engajados em um ambicioso plano de novas tecnologias, como híbridos, elétricos e autônomos. Até 2025 estaremos produzindo um milhão de veículos elétricos por ano, em um total de 23 modelos."
"A eletrificação será distribuída por regiões do mundo e, na China, há uma meta mais rígida até que a da Europa a cumprir. Mas no Brasil, o etanol pode ajudar no controle de emissões de CO² de modo racional. Também decidimos descentralizar e dar maior autonomia às filiais para decidir produtos e estratégias comerciais", explicou o executivo.
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