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GM investe R$ 1,5 bilhão para fazer SUV rival do Jeep Compass na Argentina

Divulgação
Imagem: Divulgação

Fernando Calmon, Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

14/10/2017 17h00

A General Motors vai fabricar novo SUV na Argentina, a partir de 2020 -- este, porém, não será o Equinox, diferentemente do que adiantamos. Tudo questão de custos. O modelo também terá porte médio, mas seu custo de produção será menor que o do Equinox, facilitando a estratégia da empresa para o Mercosul/Brasil: iniciar a guerra pela liderança do segmento de SUVs contra Jeep Compass (líder geral em setmebro último).

Os rumores começaram quando presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga, anunciou novos investimentos na Argentina durante o "Congresso Autodata Perspectivas 2018", na segunda feira (9), em São Paulo, conforme informado por Fernando Calmon, colunista de UOL Carros.

De fato, o executivo confirmou no dia 12, à imprensa argentina, que a empresa investirá na fábrica de General Alvear, vizinho a Rosario, Estado de Santa Fé, US$ 300 milhões que vão se somar a US$ 200 milhões de fornecedores locais -- o total equivale a pouco mais de R$ 1,5 bilhão.

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Zarlenga não deu pistas sobre o tipo de veículo e em que segmento concorrerá nos dois países. Só adiantou que estará baseado em uma nova plataforma global diferente daquela já usada para os médios Cruze argentino e Equinox mexicano, que dividem arquitetura. Ele adiantou ainda que o novo projeto terá custo de produção menor que estes dois modelos para atender a uma parte do mercado no qual a marca Chevrolet ainda não está presente.

De fato, hoje há um grande faixa de preço de SUVs e crossovers entre Tracker e Equinox em que a fabricante pode encaixar um modelo inédito em sua linha. É possível se enquadrar nos mesmos moldes de SUV médio mais barato que a Volkswagen também fabricará em suas instalações de General Pacheco, na Grande Buenos, a partir do final de 2020.

Chevrolet Equinox 2018 - Eugênio Augusto Brito/UOL - Eugênio Augusto Brito/UOL
Chevrolet Equinox também é SUV médio, mas com custo elevado demais segue vindo do México
Imagem: Eugênio Augusto Brito/UOL

Equinox é projeto caro; futuro SUV será mais barato

Versão de topo do Equinox (chamada Premier) está em pré-venda desde o final de setembro por R$ 149.900, mas continuará a ser importada do México para abastecer o mercado brasileiro e argentino. É equipada com motor 2.0 turbo de 262 cv e 37 kgfm, câmbio automático de nove marchas, tração intregral, controles de tração e estabilidade, faróis full-LED, teto panorâmico, rodas aro 19, banco do motorista com regulagem elétrica e memória, sistema multimídia com áudio premium e tela tátil com Android Auto e Apple CarPlay, carregamento de celular sem fio, ar-condicionado de duas zonas, além de itens semi-autônomos como alerta e assistente de manutenção de faixa e alerta de colisão com frenagem automática.

O Equinox, segundo fontes ligadas à General Motors, é um projeto caro. Só fica viabilizado no Mercosul se fabricado no México que tem custos de produção até 40% menores que o Brasil e nosso país, por sua vez, 20% mais baixos que a Argentina. Aquele país da América do Norte tem escala de produção maior, mão de obra mais barata e pode importar componentes dos EUA e do Canadá, vizinhos de continente, a preços extremamente competitivos.

Aparentemente, não há previsão de importar versões de menor valor do Equinox. Nessa faixa de preço é que se enquadrará o futuro modelo argentino sobre o qual, aos poucos, o manto de mistério será levantado.

É esperada por Zarlenga, também, a recuperação do mercado brasileiro com índices de 8% a 10% nos próximos quatro anos e uma unificação das normas de segurança, emissões e combustíveis de Brasil e Argentina. Assim, a GM quer solidificar a liderança de mercado no Brasil tomando a frente de segmentos ainda desfavoráveis à empresa: SUVs; hatches e sedãs médios e carros de luxo/nicho inclusive com elétricos.

Como UOL Carros também já adiantou, o anúncio para a Argentina/Mercosul é complementar ao investimento já anunciado -- que vai de R$ 3 bilhões a R$ 4,5 bilhões -- para a renovação das linhas de montagem e adoção de novas plataformas nas unidades de São Caetano do Sul (SP), Joinville (SC) e Gravataí (RS).

Além da nova geração de Onix/Prisma, a renovação das unidades permitirá à GM fazer a nova geração do Chevrolet Tracker -- outro modelo importado do México, atualmente -- no Brasil. Muito provavelmente, a tarefa caberá à unidade de São Caetano, que também deve ser responsável pela substituta da picape Montana. Feito localmente, sem entraves de cotas, o Tracker terá poder de fogo para brigar pela liderança do segmento de SUVs pequenos.

Atualmente, os líderes de SUVs no Brasil são Honda HR-V (com 34.926 unidades emplacadas até setembro, segundo a Fenebrave) e Jeep Compass (34.526 unidades), sendo que o modelo da FCA liderou vendas no último mês, mesmo sendo maior e tendo versões mais caras que o modelo da Honda.