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Não seja um idiota com seu carro: saiba o que ele tem e aprenda como usar

Você vê algum automóvel dando seta? Pois é: como não prevê o futuro, o taxista do SpaceFox acabou levando uma fechada dupla... - Davi Ribeiro/Folhapress
Você vê algum automóvel dando seta? Pois é: como não prevê o futuro, o taxista do SpaceFox acabou levando uma fechada dupla...
Imagem: Davi Ribeiro/Folhapress

Karina Craveiro e André Deliberato

Colaboração para o UOL

06/10/2017 04h00

"Leia o manual".

Provavelmente esse conselho -- bem óbvio, aliás -- é que todo o especialista automotivo ou tio na mesa do jantar em família vai te dar quando você falar do carro novo que acabou de colocar na garagem. Acredite: eles não estão errados. Saber a função do que está ao seu alcance -- e, principalmente, o modo correto de utilizar estes equipamentos -- evita sustos e até acidentes. 

"É muito importante que as pessoas entendam as funções do veículo antes de usá-lo. Quais são as mais comuns e quais são aquelas que serão mais utilizadas no dia a dia", garante o engenheiro e membro da comissão técnica de Segurança Veicular da SAE Brasil, Alessandro Rubio.

Para esta reportagem, UOL Carros também consultou o engenheiro de pesquisa e desenvolvimento da Honda Automóveis, Ricardo Badim, e o assessor técnico da FCA, Ricardo Dilser. Eles listaram itens e explicaram os perigos do uso indevido de cada um deles. É tudo óbvio, mas experimente contar quantas pessoas deixam de seguir regras e preceitos básicos no trânsito da sua cidade.

Confira, então, a lista de coisas que deveriam ser feitas por todo mundo que dirige -- mas nem sempre o são:

Dar seta é essencial - Leonardo Wen/Folha Imagem - Leonardo Wen/Folha Imagem
Dar seta é essencial para que possamos saber o que o outro veículo quer fazer. Na imagem, uma viatura policial muda de faixa sem dar seta e sem estar com o giroflex ligado para poder trafegar na faixa de ônibus
Imagem: Leonardo Wen/Folha Imagem

1. Luzes indicadoras (ou luzes de seta)

Vai mudar de faixa? Use as setas. Conversão de rua, mudança de direção, saída de rotatória ou simplesmente vai encostar no canto da rua? Usem as setas! Segundo os especialistas, os Detrans, os Contrans e até o Denatran, elas estão lá justamente para isso. Ah, e a não-utilização do equipamento, se flagrada por fiscalização, resulta em multa grave de R$ 127,69 e cinco pontos na CNH. Melhor usar, né?

2. Freio de mão

Ativá-lo intencionalmente com o veículo em movimento, sem estar em situação de emergência, compromete a estabilidade dinâmica, já que seu acionamento trava as rodas traseiras. Na prática, existe enorme potencial de perda de controle e chance de acidente. Nos carros mais novos, acionar o freio de estacionamento via botão quase sempre equivale a pisar "com tudo" no pedal do freio -- a "frenagem de emergência" torna-se instantânea e, por vezes, coloca em ação itens como os freios ABS e o ESP (controle de estabilidade).

Posicionar corretamente a posição dos bancos, do volante e a si mesmo é algo a ser feito com o carro parado - Moacyr Lopes Junior/Folhapress - Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Posicionar corretamente a posição dos bancos, do volante e a si mesmo é algo a ser feito com o carro parado
Imagem: Moacyr Lopes Junior/Folhapress

3. Ajuste de altura/profundidade do volante

Todos os ajustes devem ser feitos com o carro parado, isso é básico. O perigo aparece quando o carro está em movimento, o motorista sente-se incomodado e decide querer resolver o problema. Preste atenção: em apenas um segundo, a 100 km/h, o veículo percorre 27 metros (seis carros e meio enfileirados). Como é possível fazer a regulagem com o carro em movimento, caso o motorista precise fazer algum movimento brusco ou de emergência, esse "desajuste" pode significar um enorme estrago. É um risco muito grande. Isso sem contar que nem sempre é possível ter a certeza de que o volante ficou mesmo travado.

4. Ajuste dos bancos

Bancos posicionados de forma errada prejudicam o uso correto dos controles veículo e, consequentemente, o próprio ato de dirigir com segurança: se ajustados muito próximos ou muito distantes, podem comprometer o ato de esterçar o volante, além da operação da alavanca de câmbio e dos pedais, sendo particularmente crítico o alcance do curso total do pedal de freio, que pode impedir o uso do desempenho máximo de frenagem em situações de emergência. O alerta é o mesmo: adeque o banco com o carro ainda parado.

5. Cinto de segurança

Deve ser obrigatoriamente colocado com o carro ainda parado, como na prova prática para tirar a CNH. Pode representar um fator de distração para o motorista durante a condução ou manobra do veículo.

6. Botão de ignição

A maioria dos carros mais novos (e mais caros) tem este botão eletrônico. Pressioná-lo com o carro em movimento pode desligar repentinamente o motor, desativar o sistema de freios e causar acidente. Alguns carros têm sistemas inibidores de erro, que entendem que o veículo está ligado e não desligam o motor -- melhor não ser idiota e não apertar o botão do que revelarmos quais são tais modelos, certo?

Controle de estabilidade evita capotamentos - Reprodução - Reprodução
Obrigatório em carros nacionais em 2022, controle de estabilidade evita capotamentos e não deve ser desligado
Imagem: Reprodução

7. Controle de estabilidade (ESP/ESC)

"Desacionar" pelo botão o controle de estabilidade (Electronic Stability Program, na sigla em inglês) implica em perder todas as assistências eletrônicas que atuam como suporte na estabilidade do veículo (embora alguns modelos não desativem 100% da assistência), com efeito importante em condições de baixa aderência, como pista molhada. É muito importante que ele fique sempre ligado. Estudos mostram que o ESP é o segundo item de segurança mais importante de um carro, ficando atrás apenas do cinto de segurança.

8. Câmbio automático

Nunca antes na história deste país se vendeu tanto carro automático. Mas nem todo motorista que está satisfeito com o conforto da tecnologia sabe usá-la. A primeira etapa, e mais importante, é saber o significado das letras "P", "R", "N" e "D" -- adivinhem onde você encontra? Pois é, lá no manual. A segunda é entender seu funcionamento. Rodando com o carro, evite colocar o câmbio em "N" na tentativa de economizar algumas gotas de combustível -- segundo os técnicos, o carro fica solto e a transmissão pode estragar por falta de lubrificação. Não entre em pânico se, por descuido, você moveu a alavanca com o automóvel em movimento: existe uma trava de segurança que evita que o câmbio se mova do "N" para o "R", por exemplo.

9. Posição dos ocupantes

O motorista também é responsável por quem está dentro do automóvel. Os ocupantes não devem nunca se deitar, precisam sempre usar o cinto de segurança e nunca colocar os pés no painel, principalmente quando o modelo tem airbags -- afinal o objetivo da bolsa inflável após uma pancada é proteger o rosto da pessoa, e não suas pernas. O que seria pior?

10. Faróis

Aqueles que possuem regulagem servem para melhorar o campo de visão noturna. Mas é preciso ter cuidado para não incomodar quem vem na direção contrária. Um alerta fica para o uso do farol de neblina, chamado também de faróis auxiliares: eles devem ser acionados apenas em situações de... neblina! Mas também são permitidos durante chuva, neve e fumaça. Muita gente usa, mas é proibido (por lei, com possibilidade de multa) acioná-los na cidade para dar um "charme" no visual. Motoristas com luz de neblina traseira devem estar ainda mais atentos, já que a luz vermelha mais forte pode incomodar os motoristas dos veículos que vêm atrás. Só use faróis de neblina se for realmente necessário.

Faróis de neblina - Nilton Cardin/Folhapress - Nilton Cardin/Folhapress
Faróis de neblina foram designados para auxiliar o motorista na neblina e podem ser usados em determinadas ocasiões, como chuva, neve ou fumaça, mas não por estética
Imagem: Nilton Cardin/Folhapress