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Lexus LS 500h promete ser o carro mais eficiente da Toyota no Brasil

Leonardo Felix

Do UOL, em San Francisco (EUA)

01/10/2017 04h00

Prega o senso comum que compradores de carros de R$ 700 mil não devem estar muito preocupados com coisas como consumo de combustível e eficiência energética. Ainda assim, a divisão de luxo da Toyota promete trazer ao Brasil, no segundo trimestre de 2018, apenas a configuração híbrida do sedã Lexus LS, denominada 500h, focando também no conforto e na extravagância.

Executivos da fabricante admitem que não esperam emplacar muito mais do que cinco unidades ao ano, mas garantem: quem colocar um na garagem vai ter o sedã maior eficiência do grupo Toyota (o modelo tem um sistema mais sofisticado que o do Toyota Prius, como explicaremos logo mais).

Eficiência > desempenho

UOL Carros rodou com o LS 500h por algumas centenas de quilômetros nos arredores de San Francisco (EUA) e sentiu que, de fato, quase não se percebe sua presença em movimento, tamanha a suavidade. Não espere, portanto, qualquer tipo de arroubo esportivo. A proposta nem é essa.

O motor a combustão, um V6 naturalmente aspirado de 3,5 litros, pode operar em ciclo Otto ou Atkinson. Combinado com o motor elétrico montado sobre o eixo traseiro, ele rende 359 cv de potência, mas o torque (que seria a informação mais importante nesse tipo de projeto) não é divulgado pela marca, que ainda está homologando o modelo (por este motivo, dados de consumo também foram vetados).

Já o sistema de transmissão é bastante peculiar. Combina uma caixa automática convencional de quatro velocidades a um sistema planetário e dois geradores elétricos, que atuam como um "CVT mais avançado". Esse segundo sistema consegue "fatiar" a relação das três primeiras marchas em três, gerando uma simulação de 10 velocidades. Na prática, as trocas praticamente não são sentidas, dando a sensação de se estar dirigindo um carro com câmbio continuamente variável, mas sem os prejuízos -- ruídos em excesso ou giros do motor demasiadamente elevados.

De toda forma, o LS 500h não recarrega suas baterias na tomada, algo que também esperávamos. A recuperação de energia ocorre apenas em frenagens e desacelerações, além de utilizar o próprio motor a gasolina como fonte de alimentação. Mas há um bom grau de eficiência: a Lexus espera se aproximar de 50% de eficiência térmica (o percentual de aproveitamento da energia gerada pelo carro), contra 42% do Prius. Um veículo convencional mal chega a 20%.

Conforto > tecnologia

Seu grande trunfo está mesmo no conforto da cabine. Difícil ganhar da nova geração do LS quando se fala em extravagância e aconchego na cabine, seguindo sempre métodos japoneses de decoração.

Acabamento surpreende ao utilizar, na opção avaliada, elementos em tom escarlate -- incluindo guarnições das portas com tecidos bordados ao estilo origami -- contrastando com madeira e até vidro com cortes seguindo uma técnica oriental chamada "kiriko". Os bancos são extremamente ergonômicos e utilizam válvulas pneumáticas para ajuste lombar, além de oferecer massagem "shiatsu" em vários níveis. E acredite: essa massagem é bem forte. 

Quem senta na fileira traseira tem direito a uma tela de entretenimento em LCD e pode deitar o assento como se estivesse na classe executiva de um avião. Existe até uma tela sensível ao toque, com a qual o passageiro pode controlar vários ajustes, incluindo as duas zonas traseiras do ar-condicionado (são quatro no total) e o sistema de áudio. Aliás, o LS vem de fábrica com absurdos 23 alto-falantes, incluindo saídas no teto que criam um efeito "tridimensional", como em salas de cinema.

Tecnologicamente, porém, o LS não empolga tanto. Ele tem rodas traseiras esterçantes que tornam o conjunto maleável nas manobras e também mais estável em curvas de raio longo na estrada, assistente de manutenção em faixa, frenagem emergencial com detecção de pedestres, câmera de 360 graus com três ângulos de visualização, cockpit 100% digital, faróis adaptativos e suspensões adaptativas, mas não há nada que já não se espere de um carro de R$ 700 mil nos dias atuais.

Pelo contrário: a sensação é de que ele ficou para trás em relação aos concorrentes alemães, como Audi A8, BMW Série 7 e Mercedes-Benz Classe S, já recheados de tecnologias semiautônomas. Nem mesmo a central multimídia de 12,3 polegadas possui tela tátil, embora o touchpad localizado no console central seja muito mais intuitivo que o sistema similar da Mercedes-Benz. 

Excentricidade > beleza

Visualmente o LS traz grade ao estilo carretel, como de praxe na marca, demasiadamente grande e que faz a dianteira parecer "inflada" em relação ao restante da carroceria. Ao mesmo tempo, faróis possuem arrojado formato de Z, lanternas traseiras são espichadas de forma exagerada, teto tem caimento levemente acupezado e vincos são tão conservadores quanto os de um Toyota comum. São tantos elementos, que fica difícil encontrar uma boa "liga" entre eles.

Mas é claro que, mesmo assim, ele não deixará de chamar a atenção por onde passar no Brasil. Primeiro porque é grandalhão e estamos acostumados a carros mais compactos. Segundo porque a identidade visual da Lexus é excêntrica para nossos padrões. Terceiro porque serão poucos, bem poucos, os exemplares a rodar em nossas ruas.

* Viagem a convite da Toyota Do Brasil