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Fiat Argo 1.3 GSR é ótimo... Até a hora de engatar a 2ª marcha; assista

Leonardo Felix

Do UOL, em São Paulo (SP)

31/07/2017 04h00

Veja nossa vídeo-avaliação e saiba como anda a versão intermediária equipada com câmbio automatizado de R$ 62.000

Controles de estabilidade e tração; direção elétrica progressiva; acelerador eletrônico; start-stop (sistema que desliga e religa o motor automaticamente em paradas rápidas); monitoramento de pressão dos pneus; sinalização automática de frenagem emergencial; assistente de partida em rampas; controle de cruzeiro; retrovisores elétricos com tilt down (função que muda o posicionamento do espelho em marcha à ré para facilitar manobras).

São raros, talvez até inexistentes, os compactos brasileiros que podem se gabar de ter tantos itens de auxílio à condução quanto o Fiat Argo Drive 1.3 GSR. Vendida a R$ 58.900, a versão intermediária chega a R$ 63.600 quando equipada com todos os opcionais (câmera de ré, sensores de estacionamento traseiros, faróis de neblina e rodas de liga leve aro 15) mais pintura metálica ou perolizada.

UOL Carros avaliou uma unidade dotada de todos os itens possíveis, mas sem custo adicional para a pintura (a sólida vermelho Alpine), portanto cotada a R$ 62.000.

O resultado poderia ter sido bastante satisfatório, mas não foi. O culpado é um só: o câmbio automatizado GSR, que trabalha em conjunto com o motor 1.3 4-cilindros flex da família Firefly. O funcionamento "amarrado" da caixa, de embreagem simples e cinco marchas, acaba sobrepujando as várias qualidades que o carro possui.

As qualidades

De série, além dos itens já mencionados, o Argo Drive 1.3 traz ar-condicionado, chave canivete, travas e vidros elétricos (com funções um-toque e antiesmagamento), ar-condicionado, central multimídia UConnect 2 (tela tátil de 8 polegadas e projeção de celulares Apple e Android), banco do motorista e volante multifuncional com regulagem manual de altura, quadro de instrumentos computador de bordo digital (monocromático) de 3,5 polegadas, cintos de três pontos e encostos de cabeça nas cinco posições, e ganchos Isofix.

É, sem dúvidas, uma das listas de equipamentos mais interessantes do segmento. Ao mesmo tempo, o espaço interno está adequado aos padrões da concorrência: 2,52 metros de entre-eixos (mesmo número do Chevrolet Onix) e 300 litros de volume no porta-malas.

Visual, embora muito próximo ao que Onix, Volkswagen Gol, Hyundai HB20, Ford Ka e afins já propõem há alguns anos, é agradável e harmonioso. Acabamento interno conta mais pontos positivos, pois utiliza de maneira inteligente texturas e tons de plástico duro, além de ter bons encaixes. Posição de dirigir e empunhadura do volante também são boas.

Dinamicamente o Argo surpreende pelas respostas diretas da direção elétrica progressiva, pelos bons níveis de inclinação e rigidez da carroceria e pelas suspensões (McPherson/barra de torção) ajustadas no ponto certo para "segurar a bronca" nas ruas brasileiras.

Também não dá para reclamar do propulsor Firefly de 1,3 litro, que dispensa tanquinho de partida a frio e gera honestos 101/109 cv de potência (gasolina/etanol), além de 13,7/14,2 kgfm de torque a interessantes 3.500 rpm. Não é o mais indicado para rodovias, mas entrega rendimento bastante adequado para uso na cidade.

O estraga-prazeres

Tudo até aqui parece muito bem arranjado, mas aí vem a transmissão GSR (evolução da velha e controversa Dualogic) e coloca (quase) tudo a perder. Imprecisa e indecisa, a caixa torna a experiência de condução bem menos prazerosa do que deveria. 

Com ela, o Argo dá trancos -- menos intensos do que nas calibrações primevas do velho Dualogic, é verdade, mas ainda assim presentes de forma marcante --, gira e grita alto nas retomadas, e sofre muito além do necessário em ladeiras. É preciso dosar muito bem o pé no acelerador e usar as borboletas atrás do volante com sabedoria para amenizar a situação.

Trégua só existe quando o carro já está embalado, a velocidades mais altas em quarta ou quinta marcha. O problema é: qual o percentual de utilização nessas condições em perímetro urbano? Pouquíssimo, não é mesmo? O grosso de nossa rotina no trânsito pesado está em arrancar e retomar, justamente os momentos em que o GSR demonstra suas principais deficiências.

O comportamento errático compromete também o consumo: em nossa semana de teste o Argo 1.3 Drive apresentou autonomia próxima a 6 km/l com etanol (na cidade e com ar-condicionado sempre ligado), índice pífio para um modelo desse porte.

Conclusão

Decidir pela compra do Argo Drive 1.3 GSR vai muito da experiência e grau de "chatice" do comprador. Quem quer deixar de trocar marchas pela primeira vez na vida ou faz questão de ter um carro bem equipado e seguro encontrará nele uma boa opção de compra.

Agora... Para quem já se acostumou aos automáticos convencionais, muito mais suaves e discretos, a aquisição pode virar sinônimo de aborrecimento. Neste segundo caso, o mais indicado é procurar um automático de verdade.