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Peugeot 3008 agora consegue ser confortável e (levemente) esportivo

Fernando Miragaya

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

23/06/2017 04h00

Segunda geração se destaca por porte robusto e interior requintado, e quer ser ícone da nova fase da marca no Brasil

Desde o lançamento do 2008, há dois anos, a Peugeot bate na mesma tecla: faz um trabalho intenso de pós-venda para acabar com a má reputação do passado. Mas não basta apenas falar, é preciso dar a cara à tapa para provar esta renovação. Nesse contexto, o novo 3008 surge como uma luva para a marca.

Finalmente com porte genuíno de SUV, o modelo vem com bagagem tecnológica e dirigibilidade bem mais esportiva. Só que para não ser apenas mais um modelo frugal da fabricante -- nem só mais um entre tantos SUVs recentemente lançados --, estreia junto um plano de serviços que quer acabar de uma vez por todas com a fama ruim do passado.

Além do título “Carro do Ano 2017”, um dos principais prêmios da mídia especializada europeia, a fabricante quer valorizar o 3008 com um pacote chamado Peugeot Total Care, que acena com serviços e benefícios.

Há promessas de reembolso da revisão caso a mesma não seja feita em até 24 horas, frota de mil unidades disponíveis como carro reserva em caso de reparos que durem mais de quatro dias, e até reboque 24 horas gratuito -- este para donos de Peugeot com até oito anos de uso.

“O que a gente precisa com o 3008 é entregar a marca. Não é só uma questão de volume. Esse SUV é o ícone da renovação da Peugeot no Brasil. Ele tem potencial enorme para ajudar em todo o trabalho que fizemos e estamos fazendo para acabar com esse teto de vidro que ainda temos”, afirma o diretor de Marketing da Peugeot, Antoine Gaston Breton.

Quero ser premium

Por tudo isso, o novo 3008 é tratado como um “ícone da renovação” da Peugeot no Brasil. Importado da França em versão única Griffe 1.6 THP automática, de R$ 135.990, quer brigar não só com modelos como Honda CR-V, Jeep Compass, Kia Sportage e Hyundai New Tucson, como até com exemplares de marcas de luxo, como o Audi Q3.

Perspectivas de vendas giram em torno de 200 a 250 unidades por mês até o final do ano. E a fila de espera na Europa, que chega a seis meses em alguns mercados, preocupa mais os executivos da marca do que um eventual otimismo exagerado por parte da Peugeot.

Tanta confiança passa pelo posicionamento mais definido do 3008. Se a geração anterior era uma espécie de David Bowie automotivo -- não estava claro se era utilitário esportivo, minivan ou perua parruda --, a atual não deixa dúvidas. O porte é de SUV, com capô prolongado, linha de cintura alta e desenho imponente.

“Quando foi lançado, o 3008 era o mais crossover do segmento de crossovers. Hoje, estamos trocando um pouco este posicionamento, com o 3008 assumindo sua presença no segmento de SUVs”, reconhece Breton.

Em movimento

A boa notícia é que o 3008 não deixou de ter comportamento de minivan para adotar desempenho robusto de jipão -- até porque sequer tem opção de tração integral, só dianteira. A sensação de esportividade é percebida já ao entrar no carro.

O excelente i-Cockpit faz tudo parecer justo para o motorista: volante que parece extraído de um videogame é pequeno e tem ótima pegada, com o quadro de instrumentos eletrônico configurável em segundo plano. Os bancos de couro acomodam bem a coluna, e condutor e carona dispõem de bom espaço para pernas e joelhos.

Ergonomia fica mais eficiente com a estilosa, pequena e futurista alavanca de câmbio em posição elevada. A central multimídia de 8 polegadas também está ao alcance das mãos e, embora cause certa confusão no início, demanda apenas uma viagem para fazer o motorista se acostumar às posições de teclas e comandos.

Ao mesmo tempo, o motorista tem bom campo de visão do que se passa à frente. A sensação de espaço é beneficiada pela altura interna e pelo teto panorâmico, mas o vidro traseiro diminuto e as largas colunas de trás dificultam a visualização de outros carros e aumentam o ponto cego.

A pegada mais arrojada só não é melhor devido ao peso do carro. O conhecido 1.6 THP, aqui configurado para beber apenas gasolina, esbanja vontade com seus 165 cv. Contudo, se o turbo sobra no 208 e no 2008, é apenas o suficiente para os mais de 1.500 kg do novo 3008.

Desempenho é ajudado pelo bom escalonamento do câmbio automático de seis marchas da Aisin. Passagens são ágeis e precisas, e não deixam o SUV “respirar” em nenhum momento. Logo se chega a 110 km/h na rodovia e o ponteiro do conta-giros crava em 2.000 rpm.

O ambiente “justo” dentro do carro anima ainda mais. A direção é impecavelmente precisa, ainda mais nas curvas divertidas no chão de concreto da serra de Petrópolis. O banco de abas salientes segura bem o motorista, a suspensão firme ajuda a manter o carro obediente e os pedais pesados na dose certa empolgam.

Para quem quer dose de diversão extra, o modo Sport faz com que câmbio trabalhe em giros mais altos e as borboletas permitem trocas sequenciais com jeito de “piloto”. Pena que as aletas fiquem fixas na coluna de direção e não atrás do volante, o que atrapalha um pouco a brincadeira.

No engarrafamento da cidade, é hora de relaxar com os cinco modos de massagem do banco -- o carona também pode usufruir do mimo. Também é o momento de curtir o ambiente refinado do 3008. Painel e descansa-braços nas portas usam materiais emborrachados bem agradáveis.

Há uso correto de tecidos e couro, além de detalhes cromados e em preto brilhante. A contemplação só é interrompida pela suspensão que, desta vez, cobra a conta da proposta esportiva e sente os buracos do nosso maltratado asfalto urbano.