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Fiat Argo 1.0, R$ 46.800, quer brecar Onix e HB20; saiba como ele anda

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

23/06/2017 15h29

Versão Drive de R$ 46.800 com motor "mil" promete vender mais que Drive 1.3 e HGT 1.8; mas consegue encarar os mais vendidos do mercado? Leia, veja álbum e assista!

Faz três semanas que a Fiat apresentou seu carro mais importante dos últimos dois anos: o hatch compacto Argo. Cheio de expectativa, o modelo foi revelado em sua versão mais equipada (e cara), a HGT 1.8. Mas vamos à verdade: quem vai povoar a rua e encarar os modelos mais vendidos do mercado são as versões de base e intermediária. UOL Carros já havia mostrado o Argo 1.3 (nessa avaliação); agora mostramos como se porta o Argo Drive 1.0, versão de entrada a R$ 46.800.

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Segundo Ricardo Dilser, da comunicação da Fiat, além do Argo 1.3 manual e automatizado (GSR), vai ser tarefa da versão 1.0 com câmbio manual de cinco marchas incomodar Chevrolet Onix e Hyundai HB20, também em suas variantes 1.0. "A versão 1.0 sozinha vai representar de 30% a 35% das vendas do Argo". A Fiat sabe que Mobi e Uno remodelado são importantes para compor vendas, mas não têm força para brecar os rivais, como o Palio fazia. Isso agora é tarefa do Argo. 

[Essa versão do Argo] Tem grande responsabilidade, porque a Fiat sempre se posicionou bem nessa faixa e sempre tivemos sempre boa resposta do público."

Se isso vai se comprovar, saberemos a partir de agosto, já que a frota de Argo 1.0 só começa a ser entregue no final deste mês de julho às lojas. 

Anda mais que Onix e HB20?

Segundo a marca, a primeira ideia será atrair o comprador pelo visual. O Argo é, de fato, o carro mais interessante da Fiat em muito tempo. Linhas arrojadas e atuais colocam a marca em paridade com as adversárias: você olha para o hatch e não vê um carro "fofinho" ou "engraçadinho", mas um competidor à altura de HB20, Onix, Sandero, Fox e companhia. Claro, a traseira é muito parecida com Gol (logo à primeira vista) e também com Onix e até HB20 -- esse "truque" visual-marqueteiro nunca é admitido por qualquer integrante da Fiat, mas faz parte do jogo de atração, claro. É o tal do "se juntar ao time que está vencendo".

Depois que o cliente gostou do que viu e resolveu conhecer o modelo de perto, fazer um test-drive, a ideia da marca é atraí-lo pelos dados de eficiência: "Tínhamos como base ser o melhor da categoria. E o best-in-class era o HB20, mas agora nós temos a melhor resposta", afrima Dilser. Ou seja, de novo, um dos líderes do mercado foi usado explicitamente como referência.

Diz a Fiat, usando o Inmetro como referencial, que o Argo agora é o melhor da turma, alcançando dupla nota A (geral e na categoria) em consumo: promessa é de entregar seus 72/77 cv e 10,4/10,9 kgfm (gasolina/etanol) fazendo consumo de 9,9/10,7 km/l com etanol e até 14,2/15,1 km/l com gasolina (cidade/estrada). 

Só para lembrar, o Onix 1.0 (com quatro cilindros) entrega 78/80 cv e 9,5/9,8 kgfm, enquanto o HB 1.0 gera 75/80 cv e 9,2/10,4 kgfm. Ou seja, Argo não é o mais potente, mas pode entregar mais força em algumas situações.

E isso rodando de forma interessante: testamos por um período curto, por pouco mais de 25 km, no trânsito da cidade de São Paulo, e o Argo 1.0 sempre rodou solto, com aceleração ligeira, manobras fáceis e retomadas espertas. Não pudemos aferir qualquer média de consumo neste trajeto, mas o motor de três cilindros da Fiat não parecer bobo. Também não faz aquele barulho chatinho na cabine, por conta do belo trabalho de isolamento acústico.

Claro, não espere por arroubos com carro cheio em ladeiras, ou mesmo na estrada. É preciso saber qual o uso de um 1.0 e a própria marca reconhece que ele vai melhor na cidade. Ainda assim, há uma espetada na concorrência. "Com relação de marchas diferente de Uno e Mobi, mais curtas, e um balanço mais urbano, o Argo tem menor desempenho na estrada, claro, com giros a 3.500 giros rpm a 120 km/h e 100% do torque. Mas nossa proposta é sempre entregar uma boa experiência e andamos sempre mais que o HB20 e junto com o Onix, que pode ter seis marchas", aponta a marca.

Completo?

Na terceira frente de convencimento do comprador, a Fiat diz que o Argo é um 1.0 muito bem equipado. "A forma de lidar com tantos compactos é oferecer design e itens de conforto e segurança. No No geral, 40% dos compradores quer um modelo 1.0 mais equipado", apontou Adriano Resende, da direção de produto.

De fato, ar-condicionado, direção elétrica progressiva, travas e vidros (dianteiros) elétricos e regulagem de altura do banco estão ali. Mas isso é meio que padrão do mercado. E o Argo 1.0 poderia até entregar mais que as rodas de aço de 14 polegadas com calotas, as capas de plástico sobre o que seria o nicho das luzes de neblina e o acionamento elétrico de vidros traseiros apenas como opcional.

De toda forma, o trunfo da marca para fazer mais que os outros é colocar start/stop (que desliga o motor quando você para no semáforo, poupando combustível) e ganchos Isofix (para dar mais segurança a bebês a bordo) de fábrica. Painel digital do computador de bordo também é de série e tem boa leitura.

Curiosamente, você sempre vai ver o Argo equipado com a bela tela sensível ao toque, de 7 polegadas, mais os sistemas Android Auto e Apple Carplay. Mas ela não é de série, uma bola fora em nossa opinião. Até porque o visual interno do carro foi projetado para ficar melhor com ela, mas principalmente porque a própria marca espera que 80% dos compradores paguem R$ 1.990 a mais para levá-la para casa. Sim, é verdade: há até o preço fechado do carro com esse sistema: R$ 48.790 ("Argo com multimídia"). 

Outros opcionais são os retrovisores elétricos com tilt-down, repetidores de seta, os vidros traseiros elétricos já citados, mais câmera e sensor de ré. Com tudo isso, o carro passa fácil dos R$ 50 mil. Mesmo assim, há vacilos como algumas rebarbas encontradas, uma falta de cuidado nos puxadores de porta em plástico simples e até a ausência do protetor de cárter. 

Por fim, a marca vai vender a ideia de um carro espaçoso: de fato, o tamanho é bom, com 4 metros cravados de ponta a ponta. Mas os 2,52 m de entre-eixos não são referência, ainda que bem executados: no geral, a cabine é arejada e quem viaja de passageiro vai muito bem, obrigado. Mas o motorista pode sofrer se tiver pernas longas. Existe ajuste de altura do banco, mas faltam o ajuste de profundidade do volante e apoio para joelhos, que ainda podem bater nos bojudos painéis frontal e de portas, que são bojudos.

São prós e contras a serem considerados por quem deseja o Argo -- ou qualquer outro hatch de entrada. Mas, finalmente, a Fiat tem uma boa opção no segmento.