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Ford Ka vira "aventureiro acessível" com versão Trail de R$ 47.690

Leonardo Felix

Do UOL, em São Paulo (SP)

28/03/2017 10h00

Versão tem duas opções de motor; veja como anda o 1.0

Terceiro carro mais vendido do Brasil em 2017, o Ford Ka também se rendeu à onda dos compactos "aventureiros urbanos". A partir desta terça-feira (28), as concessionárias da marca começam a oferecer na gama a versão Trail, exibida no Salão de São Paulo do ano passado, a R$ 47.690 (motor 1.0).

Algumas semanas depois, começarão a ser faturadas unidades com motor 1.5, a preço sugerido de R$ 51.990.

Versão recuperará nome do antigo Fiestinha Trail, e terá função diferente da dos rivais Chevrolet Onix Activ, Hyundai HB20X, Renault Sandero Stepway e afins.

Em vez de representar o topo da linha, o Ka Trail será posicionado na parte intermediária, para ficar acessível a quem não pode gastar mais de R$ 50 mil num carro.

Meta da versão também é comedida: andar de lado e manter o Ka entre os três modelos mais emplacados do país.

"Num cenário como o que estamos vivendo agora não dá para almejar nada muito além de proteger seu espaço", admitiu Fernando Pfeiffer, gerente de marketing e produto da Ford, durante apresentação prévia do modelo a jornalistas

O que ele tem

Sabemos que tem sido difícil chamar qualquer veículo zero-quilômetro atualmente de "acessível" -- daí o uso das aspas no título --, mas o fato é que o Ka Trail é mais barato do que outros pseudo-aventureiros.

Para conseguir cumprir tal missão, além de estar disponível com motorização de menor capacidade (a configuração 1.0, de acordo com executivos da marca, será o "carro-chefe" da versão, sendo responsável por mais de 50% das vendas), ele traz pacote de equipamentos (baseado na versão SE) enxuto:

De série a versão traz como itens de destaque, em ambas as configurações de motor: alarme; travas elétricas; vidros dianteiros elétricos com função um-toque para o motorista; direção elétrica progressiva; volante com ajuste manual de altura; ar-condicionado manual; abertura elétrica do porta-malas; e sistema My Connection com conexão Bluetooth, pinça para fixar o celular no topo do painel (My Doc) e comandos de voz.

Inserções estilísticas também são discretas, o que é até um alento perto de concorrentes tão emperiquitados.

Por fora há: apliques em cromo acetinado nos para-choques; faróis com máscara negra; molduras nos faróis de neblina; protetores nas caixas de roda; barras longitudinais de teto; adesivos estilísticos em portas e tampa do porta-malas; lanternas com lente fumê; maçanetas e capas dos retrovisores externos em cinza fosco; rodas de liga leve de 15 polegadas escurecidas e calçadas por pneus de uso misto.

Na parte interna, o Ka Trail recebeu: bancos revestidos em vinil e faixas em couro sintético (segundo a Ford, o material é impermeável); estilização com trios de costuras pespontadas nas cores verde escuro, verde claro e laranja; elásticos nas laterais dos bancos que servem como porta-copos; soleiras das portas serigrafadas com o nome da versão; pedais em alumínio escovado e borracha; e tapetes exclusivos.

Nada de faixas exageradamente contrastantes nos painéis, guarnições das portas etc., o que é uma boa notícia.

Rompendo obstáculos... da cidade

A parte mais interessante do Ka Trail é que suas suspensões receberam diversas modificações. Molas e amortecedores foram recalibrados, enquanto barra estabilizadora dianteira ficou maior e eixo traseiro, mais rígido. A montadora acrescentou, ainda, coxins de amortecimento hidráulico para melhorar o isolamento acústico.

Com isso, a altura livre do solo cresceu em 3,1 cm, e até a capacidade de imersão -- que certamente não será servirá de nada numa poça profunda de lama, mas pode ser útil numa enchente em São Paulo, por exemplo -- aumentou em 3 cm, para 45 cm (a 7 km/h).

UOL Carros andou por alguns dias com a configuração 1.0 e comprovou que o compacto está um pouco mais confortável e até valente para encarar ondulações, buracos e valetas da cidade.

Portanto, esqueça o papo de que ele é um "aventureiro com excelente capacidade off-road leve" -- essa foi uma das frases usadas para descrever o modelo durante a apresentação --, pois sua função (e que ele cumpre muito bem) é passar com destreza por vias maltratadas.

Durante a apresentação, a Ford confirmou que parte dessas alterações será transferida às demais versões do Ka, mas não apontou quando. UOL Carros aposta que será quando o facelift da atual geração for lançado, provavelmente em 2018.

Outros atributos

O motor 1.0 3-cilindros TiVCT flex, de 80/85 cv e 8,8/8,9 kgfm (gasolina/etanol), segue referência no segmento, mas percebemos que ele sofre um pouco mais para empurrar um carro que ficou ligeiramente mais alto e pesado (são 40 kg extras), portanto menos eficiente aerodinamicamente.

Consumo continua bom: 8,8/9,9 km/l (etanol) e 12,5/14,3 km/l (gasolina), respectivamente nos ciclos de cidade/estrada, segundo o Inmetro. Transmissão manual de cinco velocidades tem engates precisos, mas relação muito longa, especialmente em segunda e terceira marchas, o que proporciona esforços desnecessários de retomada e trocas além do desejado.

No entanto, os dois grandes pecados do Ka Trail são: primeiro, a altura do banco é excessivamente elevada, assim como no Onix, o que deixa o volante muito baixo e compromete a ergonomia -- e até a segurança de passageiros mais altos, que ficam com a cabela muito próxima ao teto.

Segundo, a ausência de equipamentos cada vez mais indispensáveis, caso de retrovisores elétricos, sensores traseiros de estacionamento e central multimídia mais conectada (o Sync 3 deve ser incorporado ao modelo só na reestilização).