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A R$ 166.700, Nissan Frontier é um "Schwarzenegger" que não intimida rivais

Lá vem ela na cor laranja Imperial: "É a nova Nissan Frontier, né? Mas demorou para chegar" - Murilo Góes/UOL
Lá vem ela na cor laranja Imperial: "É a nova Nissan Frontier, né? Mas demorou para chegar"
Imagem: Murilo Góes/UOL

André Deliberato e Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

17/03/2017 15h00

Preço relativamente bom e aptidão no off-road são pontos altos; tecnologia e segurança são só intermediárias

Com dois anos de atraso em relação às promessas dos executivos e quatro anos após sua apresentação global, a nova geração da picape média Nissan Frontier chega às lojas do Brasil. Por ora, única versão, justamente a mais completa (LE 4x4, 2.3 turbodiesel), que custa R$ 166.700 ao ser importada do México.

Os designers da Nissan gostam de fazer analogia e dizer que a nova Frontier seria o "Arnold Schwarzenegger de smoking". Por quê? Por estar mais arrojada, classuda, mas sem "perder identidade e ficar cada vez mais parecida com um SUV", como fizeram as rivais, nas palavras deles.

É uma boa fala: como o ator de "Exterminador do Futuro" e ex-governador da Califórnia (EUA), a picape chama atenção ao cruzar as ruas e trilhas. Veja a foto que separamos e que mostra a Frontier torcendo pescoços ao passar com sua cor laranja Imperial.

+ Compare a proposta das outras picapes neste especial

Mas a prática para vendas vai ser mais complicada, na opinião de UOL Carros, que testou o modelo ao longo de quatro dias.

De fato, ela mantém os predicados off-road da geração anterior (que começou a ser fabricada no Brasil em 2008). De fato, ela não pulou totalmente na onda do luxo, nem dos aparatos eletrônicos (Ford Ranger e Chevrolet S10 até freiam sozinhas e controlam o volante, se o motorista se distrair), que acabam tirando a essência do que é ser uma picape média -- se você quiser uma simples, para trabalho, é até difícil de encontrar.

Mas, como chegou tarde demais, isso talvez faça pouca diferença. E mesmo o preço, que mostramos ser o menor de uma configuração "completona" dentro do segmento, pode ser questionado, uma vez que a proposta da Mitsubishi Triton e mesmo da Volkswagen Amarok agradam mais, sem que elas sejam tão mais caras.

Herança picapeira

Segundo Alan Ponce, gerente de produto da Nissan, os maiores trabalhos feitos em cima da nova geração foram em renovar a robustez e o nível de tecnologia a bordo sem abrir mão da "essência e da alma picapeira". O chassis feito em parceria com Renault e Mercedes-Benz é quatro vezes mais forte, há nova calibração do motor biturbo e novo conjunto de suspensão. São 186 kg a menos em relação à geração anterior.

Esse motor 2.3 biturbodiesel de 16V agora rende 190 cv e 45,9 kgfm de torque (entre 1.500 e 2.500 rpm). O antigo, para efeito de comparação, tinha os mesmos 190 cv, mas torque de 45,8 kgfm a 2.000 giros. O câmbio de cinco marchas deu lugar à caixa automática de sete velocidades, fora a opção de marcha reduzida.

Visualmente, as alterações são importantes: nova frente, mais alta e que usa de LEDs nos faróis (alinhado e até parecido com o que existe na categoria), traseira reajustada com lanternas maiores e que se aprofundam pela carroceria (mas que parece demais com as das outras picapes).

No interior, há clara noção de mais espaço e até de mais conforto, principalmente para quem viaja atrás. Visualmente, tudo parece com o Sentra, mas... o acabamento é todo duro e lembra mais March e Versa nesse quesito, Nem seria tão ruim, falando de uma picape que pode ir para a lama e também para o trabalho numa mina de carvão, não fosse o preço e a fala do Schwarzenegger de terno (viram como tudo é relativo?)

Na prática

Por ser a configuração mais completa, a Frontier LE não tem opcionais -- o único extra é a pintura metálica, que custa R$ 1.550. Traz de série faróis automáticos; revestimento interno de couro (bancos, volante, manopla câmbio e alavanca do freio de estacionamento); bancos dianteiros aquecidos (em dois níveis, mas sem refrigeração); ar-condicionado digital automático com duas zonas de resfriamento (e saídas para o banco traseiro); banco do motorista com regulagem elétrica; chave inteligente presencial e partida por botão; controlador automático de velocidade; display colorido de cinco polegadas no quadro de instrumentos; vidros elétricos nas quatro portas (um-toque apenas para a subida e só o do motorista); volante multifuncional com botões iluminados e coluna de direção com regulagem de altura; câmera de ré com sensor de estacionamento traseiro e o "Nissan Mullti-App" (rádio AM/FM, CD Player, tela colorida tátil de 6,2 polegadas, entradas auxiliar, USB, conexão que empresta internet do celular opção de download de aplicativos).

Na segurança, a tem faróis de neblina e luzes de LED dianteiras (DRL e no canhão principal); airbag duplo frontal e freios ABS (obrigatórios) com EBD; bloqueio mecânico do diferencial traseiro com limitador; controles de tração e estabilidade; controle de descida (hill climb) e auxiliador de partidas em rampas.

É um bom pacote, mas abaixo do que as rivais colocam à disposição de seus donos. Lembramos, por exemplo, que faltam itens básicos como cintos de três pontos e apoios de cabeça para todos os ocupantes que podem viajar atrás. 

Andando, há sempre uma boa dose de força, sem exagero na saída (graças ao trabalho eficiente do câmbio de sete marchas) e sem os pulos secos da geração anterior. Um avanço portanto. Isso tudo significa um ponto intermediário entre o que oferecem Hilux e Triton (mais parrudas) e Ranger e Amarok (mais tecnológicas e suaves, sendo a última quase um sedã).

Se esse "meio do caminho" entre as forças e o preço um pouco menos salgado te agradam, vale a pena fazer um test drive. E não se deixe impressionar pelo vídeo de uma unidade capotando durante testes com concessionários (veja aqui): aquilo foi erro humano e não faz sentido que manche a reputação da Frontier. A única falha da Nissan aqui foi a demora para chegar.