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Sem Lula ou Skaf, Fittipaldi faz carro de R$ 3 mi com alemães e italianos

Fernando Friedrich

Colaboração para o UOL, em Genebra (Suíça)

09/03/2017 04h00

Emerson Fittipaldi explica criação do EF7, de 600 cv e 39 unidades

"Quando saí do Brasil [no final dos anos 1960] eu tinha dois sonhos: correr de Fórmula 1 e construir um carro", relembra o bicampeão da F-1 e campeão da Indy, Emerson Fittipaldi, em conversa com UOL Carros no Palexpo, onde é realizado o Salão de Genebra.

Tudo foi concretizado ainda nos anos 1970: foram dois títulos da categoria máxima do automobilismo, em 1972 e 1974; e dois carros feitos -- o da Copersucar, a equipe que montou com o irmão na F1, e o Fitti-Porsche --, ainda que por pouco tempo.

Agora, mais de 40 anos depois, o ex-piloto repete o feito de criador: o Fittipaldi EF7 Vision Gran Turismo by Pininfarina (sim, é um nome enorme o deste supercarrro) estreia em Genebra dando indícios de ser uma, enfim, bem-sucedida aventura entre os fabricantes independentes.

Não faltaram contatos importantes para garantir isso.

"Gran Turismo Sort" lembra glórias de Fittipaldi para apresentar EF7

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Nem Lula, nem Skaf

Até parecia uma antecipação do duelo político que marcaria o país, mas a história contada por Rato (um dos apelido do piloto durante seu período nas pistas aqui no Brasil, sendo também conhecido como Emmo pelos estrangeiros) era apenas uma tentativa de dar vida novamente ao sonho automotivo.

"Há cerca de nove anos, levei a ideia ao então presidente Lula, acreditando que assim como o Brasil tem aviões nacionais feitos pela Embraer, tínhamos que ter algo similar em relação aos automóveis", relembra Fittipaldi. 

"Não tive o apoio que achei que precisava e, pouco tempo depois, o Paulo Skaf [presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e que também foi candidato a governador de São Paulo] também tentou abraçar o projeto, mas nada foi adiante".

Persistente, levou o projeto ao fundador da AMG, braço da Mercedes-Benz para carros esportivos. Hans Werner Aufrecht não só encarou o desafio como topou a única imposição do bicampeão:

"Disse a ele que admirava muito a engenharia alemã, mas que o design teria de ser italiano”. Foi a cartada para colocar no projeto a Pininfarina, famoso estúdio italiano controlado atualmente pela indiana Mahindra.

E como ficou?

Com motor 4.8 V8 de 600 cv e carroceria em fibra de carbono, o carro partiu do zero: não é baseado em nenhum modelo existente, segundo Fittipaldi.

"Só tentei manter uma distribuição de peso de 48% na frente e 52% atrás e um entre-eixos similar ao da Ferrari", explica. "Tentei fazer um carro que atendesse a motoristas de todos os níveis de habilidade. Se for um piloto, pode pedir um ajuste mais arisco da suspensão, por exemplo".

De acordo com o tipo de exigência do comprador, o carro poderá acertado até uso em pistas.

Evangélico, Fittipaldi diz que dedicou o nome do carro à família: além de suas iniciais, o numeral 7 faz alusão aos sete filhos (de três casamentos diferentes), bem como aos sete netos.

Só 39 unidades serão produzidas, cada uma remetendo às 39 de conquistas na carreira (36 vitórias em corridas de F1 e Indy e mais os três títulos das duas categorias). Serão batizados, ainda, de acordo com os trunfos: haverá um EF7 "500 Milhas de Indianápolis", um EF7 "Grand Prix da Inglaterra", e assim por diante.

O preço estimado é de US$ 1 milhão (cerca de R$ 3,2 milhões). Se você não tem um cheque tão polpudo, pode se divertir com o EF7 no jogo "Gran Turismo Sport", jogo do PlayStation 4 que trará o bólido (veja mais aqui).