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Kia terá que rebolar para fazer um Picanto "não tão novo assim" renascer

Fernando Friedrich

Especial para o UOL, em Genebra (Suíça)

07/03/2017 13h15

Vítima quase fatal das cotas de importação do Inovar-Auto para empresas que não produzem localmente, o Kia Picanto deixou de ser um citycar viável para o brasileiro.

Uma pena, pois o desenho moderno -- vai dizer que ele não passa a imagem de que seu dono é um sujeito descolado e simpático? --, a boa dirigibilidade e o equilíbrio entre desempenho e consumo (lembre-se que ele foi o pioneiro entre os compactos com motor 3-cilindros por aqui) fazem dele um ótimo produto.

Porém... Fica difícil ser interessante custando R$ 40 mil. É por isso que, enquanto o Picanto não aparece nem entre os 50 mais vendidos no ranking da Fenabrave (associação dos concessionários), seu primo de segundo grau Hyundai HB20 (que utiliza o mesmo motor 1.0) é o segundo carro mais emplacado do país. Injusto, não?

A grande pergunta que fica é: a importadora oficial da Kia conseguirá corrigir tal injustiça quando lançar a terceira geração do subcompacto, no fim do ano?

Estrela em Genebra

Destacado no estande da Kia no Salão de Genebra 2017 -- só recebe mais holofotes o esportivo Stinger GT –, o novo Picanto encarna bem o dito popular “igual, mas diferente”.

Faróis estão mais afilados e maiores, mas seguem padrão visual já visto em outros modelos da fabricante. A grade que remete à boca de um tigre também está lá, porém mais proeminente, na mesma medida em que as lanternas continuam formando uma espécie de vírgula no canto da traseira. 

Tons bucólicos das cores continuam presentes, caso da Lime Light, laranja Pop, ou azul Alice -- só um Picanto poderia ter uma cor batizada assim.

Mudou, mas não muito

Cabine está mais ergonômica. O volante agora é de três raios e não é tímido ao se jogar para cima do motorista (o que é um alívio, já que não há ajuste de profundidade, só de altura). A versão exibida no salão suíço tinha ar-condicionado digital de fácil manuseio e central multimídia que, perto do sistema atual, vira uma daqueles telões usados na Copa do Mundo.

Há bons porta-copos e porta-objetos. Porta-malas continua pequeno, mas traz agora o interessante sistema que o divide em dois -- puxa-se uma alça e mais um compartimento se abre --, tal qual Volkswagen up! e Fiat Mobi já oferecem por aqui.

Vale lembrar que as dimensões não mudaram: são 3,59 m de comprimento e 2,4 m de entre-eixos. O motor 1.2 4-cilindros do carro europeu, de 83 cv, provavelmente dará conta do uso urbano, mas na Europa levou nota E em emissões de poluentes, onde as regras são mais rígidas.

Seja por méritos do modelo atual ou porque a Kia foi conservadora demais ao desenhar a terceira geração, fato é que o Picanto 3 não marca uma ruptura que nos faça crer que haja um renascimento do pequenino por aqui.

De novo: uma pena. Por um mundo mais justo, a Kia terá que tirar outras cartas da manga. Ou uma fábrica.