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Afinal, qual é a do Honda WR-V? Entenda proposta e saiba o que ele vai ter

É um hatch altinho de cunho levemente aventureiro, mas na loja ele será oferecido como SUV - Murilo Góes/UOL
É um hatch altinho de cunho levemente aventureiro, mas na loja ele será oferecido como SUV Imagem: Murilo Góes/UOL

Leonardo Felix

Do UOL, em São Paulo (SP)

06/02/2017 04h00

Tudo que envolve movimentações de marcas japonesas (leia-se mais precisamente Toyota e Honda) no mercado automotivo brasileiro parece gerar um frissón diferente. Aí está um forte exemplo dos efeitos da construção dos valores de uma empresa.

Ao longo dos anos as fabricantes nipônicas souberam criar a imagem de companhias extremamente sólidas, que não estavam (nem estão) aí para se aventurar com estratégias ou soluções que não sejam muito bem planejadas.

O texto foi iniciado com os parágrafos acima porque ainda pairam dúvidas sobre como o WR-V se encaixa nesta premissa. O hatch aventureiro (que a Honda venderá como mini-SUV) foi mostrado no Salão de São Paulo, há alguns meses, deixando mais dúvidas do que certezas sobre quais suas pretensões.

Lançamento será na segunda quinzena de março.

"Afinal, é um mero Fit aventureiro ou não? Que consumidor ele quer alcançar?". UOL Carros teve oportunidade de conhecer o WR-V por dentro há poucos dias e dará agora respostas a três grandes questões que existiam a seu respeito. 

Honda WR-V - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Traseira é o ponto mais polêmico: lanterna, nicho de placa e vinco cruzando tampa do porta-malas deixaram o visual um tanto... exótico. Repare na presença maciça de protetores plásticos por toda a extensão da carroceria
Imagem: Murilo Góes/UOL

1. É um mero "Fitão" ou um modelo novo?

Desculpe se vai parecer em cima do muro, mas aqui a resposta é "sim" e "não" ao mesmo tempo. Explicaremos: o WR-V é, de fato, derivado do Fit, e aqui não estamos falando somente de compartilhamento de plataforma (algo natural entre modelos de uma mesma marca).

Motor (1.5 de 116 cv e 15,23 kgfm com etanol), transmissão (CVT), colunas, teto, vidros, silhueta da tampa do porta-malas, pontos de fixação das suspensões, painel, painéis das portas e bancos são itens idênticos entre um e outro. Convenhamos: é muita coisa em comum, mais do que habitualmente dois irmãos de base costumam ter.

A questão chave é que, ao mesmo tempo, o WR-V não é uma mera versão aventureira com apliques de plástico, porque recebeu modificações importantes em visual dianteiro (capô, grade, faróis e para-choque são exclusivos), traseira (com o polêmico "gancho" interno das lanternas mais vinco do porta-malas, para-choque e nicho de placa) e suspensões (utilização de algumas peças do HR-V e outras exclusivas para reforçar o subquadro e aumentar o tamanho das bitolas).

Tais aplicações foram responsáveis por expandir o comprimento em 1 cm (para 4 metros), a largura em 3,9 cm (para 1,73 m), a altura livre do solo em 6,2 cm (para 20,7 cm) e o entre-eixos em 2,5 cm (para 2,55 metros), embora dimensões internas e volume do porta-malas (363 litros) não tenham sido alterados com isso.

Portanto, o que a Honda fez foi mudar o projeto de forma tal que pôde (pelo menos tentar) descolar do WR-V a ideia de ser um "novo Fit Twist". Ao mesmo tempo, investiu o mínimo possível de tempo e dinheiro para criar um carro que pudesse chamar de "modelo inédito".

É uma aposta ousada, de certa forma, porque pode tanto ser um sucesso e abrir precedente a outras montadoras (o que é bem provável) quanto fracassar e fazer os executivos da marca coçarem a cabeça pensando: "É... Teria sido mais fácil só colocar uns apliques de plástico, mesmo". 

Honda WR-V real - Leonardo Felix/UOL - Leonardo Felix/UOL
Painel é o do Fit, mas com alguns enfeites a mais em cromo acetinado
Imagem: Leonardo Felix/UOL

2. O que terá de equipamentos?

As unidades com as quais UOL Carros teve contato eram todas de uma mesma versão (aparentemente intermediária, mas que pode também ser a de topo EXL).

Pacotes de itens de série não foram oficializados, mas nossa reportagem conseguiu perceber que o WR-V terá luz diurna em LED, faróis de parábola única, faróis de neblina, quatro airbags (frontais e laterais), ar-condicionado analógico, controle de cruzeiro, quadro de instrumentos com computador de bordo digital, e fileira traseira de assentos bipartida e com encostos de cabeça e cintos de três pontos para todas as posições.

Central multimídia será a mesma do Fit EXL, com tela tátil de 7 polegadas que inclui comandos multifuncionais no volante e de voz, câmera de ré, navegador GPS, conexão Bluetooth, internet por hotspot e entradas USB e Auxiliar. Não há projeção de celulares, algo por enquanto reservado só ao primo maior HR-V e ao Civic. Não encontramos qualquer botão ou comando sinalizando a presença de controle de estabilidade ou start-stop.

Enfim, nada que você já não tenha visto num Fit. De diferente o que temos apenas são os filetes cromados em painel e volante, e tecido com faixas contrastantes em tom prata ou laranja nos assentos e guarnição das portas.

A esperança é que a Honda tenha guardado na manga uma versão mais bem equipada, com bancos em couro (que o Fit EXL já traz ), ar digital, sistema de entretenimento que conversa com smartphones e, quem sabe, alguns itens extras de segurança. 

Honda WR-V real - Leonardo Felix/UOL - Leonardo Felix/UOL
Bancos com faixas internas em laranja representam dose homeopática de jovialidade no acabamento interno
Imagem: Leonardo Felix/UOL

3. Qual o posicionamento na gama?

De forma direta: o WR-V será um carro para quem quer ter a sensação de dirigir um veículo mais alto e robusto -- que o Fit não traz --, mas não tem bala na agulha para comprar um HR-V completinho. Por isso UOL Carros aposta que os preços devem ficar no meio-termo entre monovolume e SUV compacto, entre R$ 69 mil e R$ 85 mil.

Por ter altura livre do solo substancialmente maior, ele escapará de valetas e ondulações do asfalto com mais desenvoltura que o Fit, mas ao mesmo tempo deve ter consumo inferior. Outrossim, as diferenças de entre-eixos, largura e comprimento também tendem a deixá-lo ligeiramente menos ágil.

Como a linha de produção de Sumaré (SP) está saturada, tendo atingido o pico de 120 mil carros fabricados no ano passado -- e a fabricante segue esperando por dias melhores para enfim colocar o complexo de Itirapina para funcionar --, é bem provável que o WR-V afete as vendas do Fit e roube também alguns potenciais clientes do HR-V neste primeiro momento.

A Honda não fala, mas UOL Carros aposta: este modelo foi criado para ser o Honda mais vendido do Brasil nos próximos anos.