Suzuki muda foco, e Vitara quer atrair motorista descolado; veja como anda
UOL Carros testou terceira geração do modelo, agora um ser urbano
Falar em Suzuki Vitara é automaticamente ativar na memória do apreciador de carros a imagem daquele SUV 4x4 com ótima capacidade off-road e estepe pendurado na tampa do porta-malas. Mas pode esquecer tudo isso ao falar da terceira geração.
Vendido no Brasil desde o final do ano passado (importado da Hungria), o novo Vitara é um crossover quase que estritamente urbano. Longe de ser ruim, esta nova personalidade é confortável, silenciosa, conectada e com pintura personalizável (são 22 opções de combinações entre cores de base e teto).
Como não esbarrou na pretensão mais "de família" (e até certo ponto "sem graça") do Grand Vitara, o novo Vitara virou um companheiro mais afável para jovens aventureiros das selvas de pedra, desde que rodando em rodovias bem pavimentadas.
UOL Carros rodou com uma unidade da versão de topo 4Sport e constatou a transformação. Para isso, porém, o preço é salgado: R$ 107.990.
Mudanças profundas
Apesar da aparência, o Vitara é substancialmente compacto: são 4,17 metros (-32,5 cm de comprimento para o Grand Vitara), 1,77 m de largura e 1,61 m de altura. Com isso, o Vitara é ágil sem sacrificar tanto o espaço para os passageiros, o que é ótimo. O porta-malas tem moderados 375 litros. Sem estepe exposto, temos pneu reserva provisório escondido sob o forro do bagageiro.
Sete airbags, controle eletrônico de estabilidade, luz diurna em LED e assistentes de subida e descida em rampas completam o pacote de segurança.
Há deslizes nessa proposta urbana, porém. A carga da direção eletricamente assistida, excelente para manobras, pede mais progressividade na estrada, ficando demasiadamente leve em velocidades mais altas. E na baixa adaptação do conjunto de suspensões para asfaltos mais atribulados, sacolejando mais do que rivais fabricados localmente.
Os bancos são revestidos em couro comum e Alcântara, garantindo muito conforto, mas contrastando com o plástico duro (ainda que bem texturizado) dos painéis. Chave com sensor presencial, partida do motor por botão, ar-condicionado automático digital, controle de cruzeiro com limitador de velocidade, acendimento automático de faróis e limpador de para-brisas, sensores traseiros de estacionamento com câmera de ré e retrovisor interno antiofuscante são mimos interessantes, mas um relógio analógico ao centro do console parece deslocado em sua função (e estava totalmente desregulado na unidade testada).
A central multimídia tem tela tátil de 10 polegadas, sistema Android, funciona como um tablet, mas é confusa: é possível usar a internet 3G do celular (via conexão sem fio) para instalar e usar qualquer aplicativo compatível, incluindo redes sociais e mapas, mas todo o oceano de possibilidades afoga a pretensão de boa navegabilidade do motorista, uma vez que os comandos do carro acabam sendo feitos de modo tradicional, por meio de um botão à frente do velocímetro.
Andando
Motor, só a gasolina, é um dos pontos altos da dirigibilidade do Vitara. Nas versões de topo nada de 2.0 aspirado ou similar: o 1.4 turbo da família Boosterjet tem injeção direta com 16 válvulas e duplo comando para admissão e escape, rendendo 146 cv (a 5.500 rpm) e bons 23,5 kgfm de torque (logo a 1.700 giros).
Com ele, mais transmissão automática de seis velocidades, coeficiente aerodinâmico digno (0,33 Cx), boa rigidez da carroceria e ótimo isolamento acústico da cabine, o Vitara roda de maneira linear, suave e silenciosa -- o que não significa que não tenha fôlego nas arrancadas, pelo contrário.
Altura livre do solo (18,5 cm) e ângulos de ataque (20º) e saída (29º) deixam o modelo moderadamente versátil. Ou seja, para leves escapadas até aquela pousada, nada de trajetos com lama envolvida.
Além de ter índices bastante aceitáveis de rolamento, vai bem também na avaliação de consumo feito por UOL Carros: de 10 a 12 km/l em ciclo misto, com ar sempre ligado e em tocada normal (sem preocupação excessiva com economia).
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