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Governo dos EUA acusa FCA de fraudar dados de emissões de 104 mil carros

Segundo a acusação, manipulações ocorreram em SUVs e picapes movidos a diesel - Rebecca Cook/Reuters
Segundo a acusação, manipulações ocorreram em SUVs e picapes movidos a diesel Imagem: Rebecca Cook/Reuters

Do UOL, em São Paulo (SP)

12/01/2017 19h22Atualizada em 12/01/2017 20h38

Denúncia partiu de órgão de defesa ambiental do país

A EPA (Agência Nacional de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) realizou nesta quinta-feira (12) uma denúncia contra a FCA (Fiat-Chrysler) por fraude em dados de emissões de 104 mil veículos com motores a diesel comercializados naquele país a partir de 2014.

A informação é da publicação Automotive News, confirmando rumores iniciados em redes sociais de jornalistas americanos especializados ao longo do dia. Os modelos envolvidos seriam Jeep Grand Cherokee (vendido no Brasil) e picapes da RAM.

De acordo com o órgão, em estudo realizado junto com o CARB (instituto da Califórnia focado em medidas de despoluição do ar), a fabricante utilizou um software que controlava as taxas excessivas de poluentes durante testes, algo muito similar ao que a Volkswagen praticou com a família de propulsores a diesel EA189 (um caso deflagrado em setembro de 2015).

"Deixar de divulgar [a existência de] um programa que afeta as emissões do motor de um veículo é uma violação séria da lei", declarou Cynthia Giles, assistente administrativa do setor de garantia de conformidade do EPA.

Mary Nichols, presidente do CARB, foi mais incisiva nas críticas: "Mais uma vez uma empresa automobilística tentou se esquivar das regras e foi descoberta", apontou.

O grupo responsável pelo caso afirmou que dará sequência às investigações para conhecer melhor "a natureza e os impactos" causados pelo dispositivo nos índices de poluentes dos veículos do grupo.

Se considerada culpada, a FCA poderá pagar multa de até US$ 44,5 mil por automóvel fraudado comercializado, o que totalizaria US$ 4,6 bilhões em sanções. Coincidentemente, um dia antes a Volkswagen recebeu a sentença de que terá de pagar US$ 4,3 bilhões ao governo americano.

Em nota oficial, a FCA dos EUA afirmou que seus sistemas de controle de emissões de poluentes "respeitam as normas", e manifestou disposição em "colaborar com a nova administração [de Donald Trump] para resolver a questão de modo correto". "Desejamos fortemente encontrar o mais rápido possível os dirigentes da EPA para demonstrar que as estratégias de controle da FCA são justificáveis", diz o texto.

Já o chefão mundial da companhia, Sergio Marchionne, garantiu em conferência por telefone com jornalistas que a fabricante "não fez nada de ilegal", e que "jamais houve a intenção de criar condições para burlar os testes [oficiais de emissões".

Nada disso impediu que as ações da Fiat-Chrysler caíssem quase 20% nas bolsas de Nova York e Milão (Itália) ao longo do dia.