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Nissan coloca humano para ajudar carro autônomo a andar... e tem problemas

Vice-presidente sênior de conectividade e mobilidade da Nissan, Ogi Redzic, "bate um papo" com o IDS Concept na CES, durante parte da demonstração do SAM, revolucionário sistema de mobilidade autônoma integrada do grupo - David Becker/Getty Images/AFP - David Becker/Getty Images/AFP
Em outra parte da apresentação do SAM, o vice-presidente sênior de conectividade e mobilidade da Nissan, Ogi Redzic, conseguiu "bater um papo" com o IDS Concept
Imagem: David Becker/Getty Images/AFP

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Las Vegas (EUA)

07/01/2017 08h00

Sistema revolucionário que usa satélite e controladores de tráfego para auxiliar carros que andam sozinhos "dá pau" em primeira demonstração

A Nissan tinha uma grande responsabilidade este ano no CES -- famosa feira de tecnologia realizada em Las Vegas (Estados Unidos). "Convidada especial" da edição 2017, a marca japonesa apresentou ao público o SAM (sigla em inglês para Sistema de Mobilidade Autônoma Integrada), que prevê a utilização de uma complexa rede que, enfim, tornará viável o carro autônomo.

Para a fabricante, não bastarão câmeras, sensores e radares instalados no próprio automóvel: será preciso contar com a ajuda externa, de satélites e também de humanos -- sim, ainda há espaço para a ação humana nessa brincadeira -- para fazer com que os veículos autoconduzíveis sejam capazes de lidar com situações extraordinárias.

A participação humana, no caso, seria usar controladores de tráfego -- em função parecida com o que os controladores de voo já fazem na aviação --, treinados para conduzir os autônomos em cenários de trânsito muito intenso, situações que eles não foram programados para enfrentar ou iminência de possíveis acidentes.

Tal complexidade se explica no fato de que a Nissan precisou recorrer a outras duas gigantes, Microsoft e Nasa, a fim de colocar a ideia em prática. Além das questões de trânsito, o SAM também tem como incumbência melhorar a interação entre automóvel e dono, armazenando dados sobre suas preferências de rotas, climatização e entretenimento, por exemplo. 

O futuro ainda "dá pau"

Durante coletiva de imprensa na CES, com a presença do chefão do grupo Nissan-Renault, Carlos Ghosn, a montadora tentou fazer uma exibição ao vivo do sistema. Usando um mapa, uma tela translúcida e dados de satélite, um humano treinado iria ajudar um autônomo a se virar no tráfego do lado de fora do pavilhão.

Mas... O teste falhou. Duas vezes. Segundo a Nissan, o problema se deu no sinal de satélite. Após 15 minutos de intervalo, a apresentação voltou e os organizadores tiveram de usar um vídeo gravado para não deixar os espectadores na mão.

Se não foi dessa vez que a humanidade viu o SAM funcionar, pelo menos tivemos mais uma demonstração de que o futuro dos carros que andam sozinhos pode parecer muito bonito, mas ainda precisa de muitos ajustes até se tornar realidade.

"Precisamos entender que será normal haver erros [na tecnologia dos veículos autônomos]. As falhas vão acontecer e nosso grande desafio será aprender a lidar com elas", declarou Ghosn em seu discurso. Nisso ele aparentemente tem bastante razão.

Ainda assim, o executivo prevê que automóveis elétricos, conectados e autoguiáveis estarão prontos para os primeiros testes reais com humanos em Japão, Estados Unidos, Europa e China a partir de 2018. Estará certo também nesta previsão? Só o futuro, ainda que aos trancos e barrancos, dirá.