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Mitsubishi L200 abre mão de super tecnologia por mais 4x4; assista

Leonardo Felix

Do UOL, em Mogi Guaçu (SP)

28/09/2016 13h05Atualizada em 03/10/2016 19h04

Se vendas caíram como um todo nos últimos dois anos, segmentos como o de SUVs e utiltários sobreviveram usando avalanche de lançamentos e muita tecnologia. Nesse ponto, porém, estávamos sentindo falta de ação mais contundente da Mitsubishi, sempre forte no nicho 4x4 e também com sua opção sempre mais aventureira, a L200 Triton.

Não se sabe o quanto a situação da matriz, com seu momento delicado no Japão, pode ter influenciado no atraso, mas o fato é que a nova geração da picape média finalmente estreou no Brasil para tentar virar a situação.

Ainda que nem todas a estrutura seja fabricada no Brasil, a Mitsubishi aponta que a nova L200 Triton já tem 65% de nacionalização -- itens como o sistema multimídia são totalmente desenvolvido em Catalão (GO), ainda que trem-de-força e outras soluções sejam importadas. Por ora, porém, a nova geração é entregue apenas na configuração a diesel e com cabine dupla -- perfazendo três versões. Outras três versões, inclusive com derivação flex, seguem com o modelo antigo.

É com esta linha que a marca pretende encarar as renovadas e tecnológicas Toyota Hilux (com linha completa), Chevrolet S10 (cada vez mais fácil de guiar) e Ford Ranger (tão avançada quanto sedãs de luxo).

Veja abaixo os preços das versões e clique sobre o nome para conferir a lista completa de equipamentos de cada uma delas:

L200 Triton Sport GLS: R$ 131.990

L200 Triton Sport HPE: R$ 164.990

+ L200 Triton Sport HPE Top: R$ 174.990

Conservadora

Difícil vai ser encarar toda a tecnologia embarcada nas adversárias. S10 e Ranger, especialmente, estão um passo à frente com itens como alerta anticolisão frontal, controle de cruzeiro adaptativo e frenagem de emergência -- tudo isso é inexistente na representante japonesa.

Visual também não ajuda. Sejamos honestos: os traços dianteiros da nova L200 perderam o apelo tão marcante de um Mitsubishi. Conservador, o visual remete a modelos feitos especificamente para o mercado asiático: a equipe de UOL Carros chegou a vislumbrar, num rápido exercício de memória, modelos como a picape indiana Mahindra Imperio, sobretudo pela grade frontal ampla demais e cheia de cromados.

São desvantagens consideráveis. Ainda há, contudo, uma qualidade irrepreensível na L200: a valentia para encarar o off-road.

Sem medo da terra

UOL Carros participou do teste de lançamento do modelo em Mogi Guaçu (SP), nos arredores do autódromo Vello Città -- que pertence ao dono da concessão local da marca --, e não teve dó em abusar da picape nas estradas de uma fazenda vizinha.

Ali a L200 (versão HPE Top, de R$ 174.990) mostrou suas virtudes: o motor 2.4 turbodiesel de 190 cv e 43,9 kgfm não chega aos dados de S10 e Ranger de topo, mas entrega ótima força. São quatro as opções de comando de tração -- 4x2 e 4x4 normal, 4x4 com reduzida, além de reduzida com bloqueio de diferencial --, o que cobre basicamente qualquer tipo de piso.

Sim, a picape pula bastante, como qualquer outra montada sobre chassi, mas oferece controle ímpar na terra. As suspensões -- independentes com braço duplo-A na dianteira; por eixo de torção na traseira -- deixam a carroceria a 22 cm do solo e não acusam fim de curso nem em depressões mais fortes.

Ao mesmo tempo, os bancos com espuma de dupla densidade nas abas laterais evitam que os passageiros pulem demais em percursos mais irregulares.

Não espere refinamento, porém: o acabamento, embora honesto e em dois tons, é permeado por plástico duro.

Quem senta atrás também terá mais conforto do que a média do segmento: banco inclinado a 25 graus (mais que o do Fiat Mobi, por exemplo), cintos de três pontos e encostos de cabeça para todas as posições, além de ganchos para cadeirinhas Isofix.

Uma pena que a transmissão automática usada pela versão de topo ainda seja a Aisin de cinco marchas. Executivos da montadora argumentam que não foi preciso um câmbio mais moderno para fazê-la alcançar 11,7 e 9,9 km/l no teste do Inmetro, respectivamente nos ciclos de estrada e cidade.

Na prática o que sentimos foi um degrau muito grande entre uma marcha e outra. Seis velocidades resolveriam o problema e a igualariam à concorrência.

De toda forma, o modelo é capaz de entregar resistência e algum conforto até no uso mais extremo. Faz falta, claro, um pouco mais de estilo, mas isso pouco vai importar para quem optar por deixá-la coberta de lama.