Topo

Hyundai admite briga "sem querer" com Ford: "não é nossa realidade"

Leonardo Felix

Do UOL, em São Paulo (SP)

17/11/2015 16h55

A retração nas vendas de carros zero-quilômetro no Brasil em 2015 tem trazido movimentações interessantes para o setor. Enquanto marcas premium crescem espantosamente e as japonesas Honda e Toyota se sustentam de maneira sólida (muito graças ao sucesso de HR-V e Corolla), as tradicionais GM, Fiat, Volkswagen e Ford enfrentam bruscas quedas em participação de mercado.

Pouco se tem falado na Hyundai, que em outubro obteve um feito expressivo: ultrapassou a Ford em emplacamentos e figurou, pela primeira vez, entre as quatro  fabricantes mais comercializadas do país. Segundo a Fenabrave (associação dos concessionárias), a marca coreana foi responsável por 9,13% de todas as vendas de automóveis e comerciais leves no fechamento do mês, contra 8,77% da Ford.

Segundo o analista Joel Leite, parceiro de UOL Carros, a Ford retomou o posto na primeira quinzena de novembro, porém com margem apertada: 9,64% contra 9,55%. "Estar nessa posição é bom, claro, mas sabemos que não é a realidade. Isso é mais reflexo dos outros, que estão perdendo, do que de um crescimento nosso", admitiu Rodolfo Stopa, gerente de produtos da família HB (HB20, HB20X e HB20S).

De fato, nos dez primeiros meses do ano a Hyundai emplacou 163.132 unidades, redução de 10,97% ante o mesmo período de 2014. Pode parecer muito, mas trata-se de um encolhimento razoável frente ao do setor em geral: 23,3%. Para Stopa, a estrutura da marca no país, incluindo capacidade de produção e rede de concessionárias, não permitiria pensar em ir além do quinto lugar em circunstâncias normais. "Enquanto temos cerca de 200 revendas, as quatro grandes operam com até 500", comparou.

Fator HB20

Vale lembrar que os sul-coreanos estão no país por meio de duas operações independentes: a HMB (Hyundai Motors do Brasil), que fabrica HB20 e derivados em Piracicaba (SP), e a Hyundai-CAOA, revendedora oficial de importados e responsável por fazer ix35 e Tucson em Anápolis (GO). No caso da HMB, sua única atribuição é manter o bom índice de vendas da família de compactos, recentemente reestilizada na configuração hatch e que deve trocar o visual do sedã até o fim de novembro.

"Como não temos uma gama vasta, nossa tática é atualizar a linha que temos constantemente. Mesmo antes do facelift, apostamos sempre em versões novas, séries especiais e em incorporar novos equipamentos. Tudo para manter o 'fator novidade'", lembrou o gerente de produto. O resultado é que, sempre com "cara de novo", a família HB20 foi responsável, sozinha, por 133.427 emplacamentos de janeiro a outubro, sendo 88.415 só do hatch. Este último é o terceiro carro mais vendido do Brasil no acumulado do ano, atrás apenas da dupla Fiat Palio/Palio Fire e do Chevrolet Onix.

Fator EcoSport

Do lado da Ford, embora a nova geração do Ka tenha sido bem aceita pelo público (o hatch é o quarto mais popular no geral, com 75.444 exemplares comercializados em 2015), a derivação Ka+ (sedã) não apresenta o mesmo fôlego do HB20S nas lojas (são 44.612 contra 29.363 unidades).

Além disso, o EcoSport, antiga menina-dos-olhos, sucumbiu à chegada de Honda HR-V e Jeep Renegade. Responsável por 45.106 vendas nos dez primeiros meses de 2014, o pioneiro do segmento de SUVs compactos despencou para 28.689 no mesmo período deste ano, ficando atrás até do antigo rival Renault Duster. É uma queda de 36%, bastante acima da média do mercado, que tem feito falta à fabricante na hora de brigar para se sustentar como a quarta maior do país.