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Toyota mostra "tamagotchi" para carros e aposta em revolução

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Tóquio (Japão)

29/10/2015 10h55

Mesmo sem ter os carros mais vistosos do Salão de Tóquio 2015, a Toyota fez uma das mais bonitas e divertidas apresentações do evento e apostou: vai seguir revolucionando o segmento automotivo (a marca é líder global em vendas e dita tendências, vale lembrar). No pavilhão japonês, carros verdes, conceitos futuristas e até um brinquedo-robô que promete ser um companheiro para quem está no trânsito, uma espécie de "tamagotchi" real para o carro. 

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Febre nos anos 1990, o tamagotchi era um minigame que representava um bichinho de estimação e precisava receber cuidados como alimentação, exercícios e... carinho. Tudo por botões. Já o Kirobo Mini, é uma versão menor e mais barata do robô que a Toyota apresentou em 2013 como parte do auxílio ao programa espacial do Japão. Se o Kirobo Astronauta foi feito para acompanhar e conversar com a equipe japonesa no espaço, sua versão Mini promete acabar com o tédio do motorista no trânsito. É estranho? Talvez. Mas quem dirige sabe como momentos no engarrafamento podem ser solitários.

Kirobo: inspirado no famoso personagem de animação japonês Astro Boy, Kirobo foi enviado em 2013 à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) com a missão de fazer companhia e interagir com o astronauta Kochi Wakata, e, desde então, virou um astro. Com 34 centímetros e pesando aproximadamente um quilo, o robô consegue reconhecer vozes e rostos e interagir com pessoas. Ele faz parte de um estudo que investiga como máquinas podem prestar apoio emocional para pessoas que ficam isoladas por longos períodos - Divulgação - Divulgação
Inspirado no famoso personagem japonês Astro Boy, Kirobo já foi até para o espaço em 2013, para fazer companhia a um astronauta que estava sozinho na Estação Espacial Internacional; com 34 cm de altura e peso em cerca de 1 kg, pequeno robô reconhece vozes e rostos, e faz parte de estudo que investiga como máquinas podem prestar apoio emocional a pessoas isoladas
Imagem: Divulgação
Se essa ideia tem mais chance de causar impacto no Japão, a Toyota também aposta em carros reais como novo identidade visual para causar de verdade. É o caso da nova geração do híbrido Prius, que acompanha o estilo de nave espacial (ou de "carro do Jaspion") adiantado pelo Mirai -- este, aliás, com chances remotas de também ser vendido aqui; é bem provável que o modelo movido a hidrogênio seja exibido como "show car" no Salão de São Paulo 2016.

Com design funcional, o novo Prius já havia sido mostrado em Frankfurt, em setembro, mas agora teve detalhes técnicos revelados. Com motor a combustão do mesmo porte do atual (1,8 litro), agora entrega 97 cv, ao passo em que o gerador elétrico elétrico aprimorado gera 71 cv -- os 168 cv totais aliados à nova plataforma TNGA, mais leve e ainda assim mais espaçosa (são 4,54 m de comprimento e 2,70 m e entre-eixos), estável e resistente, permitem uma condução mais prazerosa e, principal, mais eficiente. Assim, o consumo está 18% menor. 

Se data de lançamento e preço já estão definidos no Japão -- novembro, por 3,6 milhões de iens após benefício do governo para carros híbridos (cerca de R$ 130 mil) --, para oBrasil resta saber que o novo Prius chega em algum momento do segundo semestre do ano que vem, em patamar de etiqueta semelhante ao da atual (pouco abaixo dos R$ 120 mil): se, por um lado, houve a proposta de corte de impostos para modelos verdes no país, de outro ainda pesa o câmbio muito desfavorável, que praticamente zera os ganhos.

Há ainda a proposta de fabricação local -- o país seria o primeiro local a fazer o carro fora do Japão --, mas tudo isso depende da evolução do cenário e não ocorreria antes de 2018

Conceitos

Interessante, apesar da frente com jeito de "cara assustada", o S-FR é um roadster feito para o mercado de "kei cars" japoneses -- pequenos e urbanos, estes modelos surgem em diferentes propostas, com preços acessíveis. Com tamanho de um Volkswagen Gol, tem câmbio de seis marchas e promessa de condução divertida, apesar do motor de menos de 1 litro.

Executivos japoneses apontam que este caminho seria interessante para o Brasil: taxar carros de acordo com sua proposta, porte e motorização daria novas opções aos consumidores e formariam um ambiente mais justo para empresas.

Outro protótipo é o FCV Plus, que parece saído de qualquer filme de ficção cientifica ambientado no futuro da humanidade. Com jeito de caixote acrílico, gera seu próprio combustível (é um elétrico que usa reação química a partir de tanques de hidrogênio e oxigênio do ar), usa proposta de compartilhamento de propriedade e se move de forma autônoma. 

Nada, porém, como carros viscerais, com alta carga emocional. Carro com espírito de carro, apesar do visual diferente. É a proposta do Kikai, que lembra um hot rod (para os entendidos) ou um bugue derivado de Fusca (para o público em geral). Suspensão e motor aparentes permitem entender como o carro funciona, enquanto assentos posicionados em triângulo (motorista à frente de dois passageiros) mudam a forma de se relacionar na cabine.

Tudo bastante diferente, mas justificado pelo presidente da Toyota, Akio Toyoda: "No século 19, cavalos transportavam pessoas. Em 20 anos, porém, tudo mudou e a partir da fabricação em série do Ford T as pessoas todos trocaram cavalos por automóveis. Por que  trocaram? Entre vários motivos, porque era divertido, porque era inovador". 

* Viagem a convite da Anfavea