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Revista alemã nega acusação de que BMW também fraudava testes

Do UOL, em São Paulo (SP)

25/09/2015 17h42

A revista especializada alemã Auto Bild se retratou, nesta sexta-feira (25), de mal-entendidos em relação à reportagem que supostamente acusava a BMW de também fraudar testes de emissão de poluentes, a exemplo da Volkswagen. De acordo com a publicação, não houve qualquer intenção de acusar a marca de carros de luxo alemã, uma vez que testes sobre emissão de poluentes realizados com não eram conclusivos.

Suposto texto atribuído à Auto Bild indicava que o SUV BMW X3 equipado com motor 2.0 diesel emitia 11 vezes mais poluentes do que os limites permitidos pela legislação europeia, quando testado pelo ICCT (International Council on Clean Transportation), mesma instituição que desmascarou a fraude cometida pela Volkswagen, em teste aplicado em conjunto com a Universidade West Virginia, nos EUA. Esta informação também chegou a ser noticiada em UOL Carros

Em contato com a Redação, a BMW do Brasil tratou de esclarecer a situação e afirmou que "os dados do ICCT não são conclusivos e que não há detalhes suficientes sobre o ensaio realizado". A BMW alemã também se pronunciou e declarou que "não manipula qualquer teste ou equipamentos de testes de emissão. Pelo contrário, observamos todos os requisitos da legislação de cada país".

Em entrevista à Bloomberg, porta-vozes da marca afirmaram ainda que o ICCT testou não apenas o X3, como também outros 13 modelos e que todos eles "estão de acordo com os níveis legais de emissão de partículas de óxidos de nitrogênio nocivos à saúde". 

De toda forma, a acusação inicial feita à marca fez com que ações da BMW perdessem 5% de seu valor na Bolsa de valores de Frankfurt, na quinta-feira (24), demonstrando que houve abalo à imagem da fabricante. As vendas de modelos com motores a diesel correspondem a 38% do total de emplacamentos da marca na Europa.

BMW X3 xDrive35i - Divulgação - Divulgação
Acusações de que X3 também polui mais que o indicado que BMW foram descartadas
Imagem: Divulgação

O escândalo da Volks

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu investigação penal contra a Volkswagen por conta de um software utilizado pela marca para fraudar resultados de testes de emissão de poluentes em quase 500 mil automóveis movidos a diesel naquele país. A fraude foi descoberta por pesquisadores da Universidade West Virginia.

Com o escândalo, representantes da Volkswagen, nos EUA e também na Europa, admitiram o esquema e informaram que o dispositivo eletrônico equipa mais de 11 milhões de automóveis movidos a diesel feitos pela marca e suas subsidiárias (como Audi e Seat, por exemplo) em todo o mundo.

No Brasil, o único carro que pode contar o software "mentiroso" é a picape Amarok, equipada com o motor 2.0 TDI de 180 cv. O Ibama afirmou que vai investigar a filial e pode aplicar multa de R$ 50 milhões. A Volkswagen brasileira afirmou a UOL Carros, porém, que ainda aguarda notificação oficial do Ibama e pronunciamento da matriz sobre o caso.

Nesta sexta-feira (25), Matthias Mueller, ex-chefe da Porsche, foi nomeado novo presidente-executivo global da marca. Ele substitui Martin Winterkorn, que pediu demissão do cargo após a eclosão do escândalo nos Estados Unidos. A Volkswagen também criou uma nova divisão, a Operação de Negócios da América do Norte, que ficará acima das filiais da Volkswagen dos Estados Unidos, Canadá e México.

Desde que o caso se tornou público, as ações da Volkswagen acumulam queda de 20%, com expectativa de prejuízos na casa de bilhões. A cúpula da montadora já separou 6.5 bilhões de euros para custear as primeiras despesas, e espera multa de até US$ 22 bilhões só nos EUA.