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Fraude da VW deve render prejuízo bilionário e demissão a CEO

Presidente-executivo da Volkswagen, Martin Winterkorn - Julian Stratenschulte/EFE
Presidente-executivo da Volkswagen, Martin Winterkorn Imagem: Julian Stratenschulte/EFE

Do UOL, em São Paulo (SP), com agências

22/09/2015 13h22

O escândalo do software que frauda o resultado em testes de emissão de poluentes em veículos movidos a diesel deve render consequências profundas à Volkswagen. Na segunda-feira (21), o Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu uma investigação penal contra a montadora alemã, que já admitiu ter fraudado testes de quase 500 mil automóveis só naquele país.

Autoridades de outras nações, como Alemanha, Itália, França e Coreia do Sul, já anunciaram que farão perscrutações paralelas sobre veículos da marca vendidos em seus territórios. De acordo com a AFP, a própria montadora admitiu que o dispositivo que gera a fraude estaria equipado em cerca de 11 milhões de unidades.

Na manhã desta terça-feira (22), as ações da companhia apresentavam queda de quase 20% só na Alemanha, um prejuízo estimado em quase 13 bilhões de euros (R$ 58 bilhões) para os acionistas. 

Segundo a Reuters, a fabricante já anunciou que vai separar 6,5 bilhões de euros (R$ 29 bilhões) de seu orçamento em 2015 para cobrir custos relacionados ao escândalo, valor que deve aumentar nos próximos meses. Além disso, a multa pela infração só nos Estados Unidos pode chegar a US$ 18 milhões.

Com isso, o lucro da Volkswagen em 2015 tende a ficar bastante comprometido. No ano passado, a receita da montadora chegou a 200 bilhões de euros (quase R$ 900 bilhões). 

Volkswagen Passat TDI BlueMotion 2015 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Na Europa e nos EUA, onde legislação permite, até carros de passeio como o Passat possuem versões a diesel, geralmente conhecidas como TDI
Imagem: Murilo Góes/UOL

Presidente na guilhotina

Diante de tantos problemas, veículos alemães como o site Der Tagesspiegel já dão como certa a saída de Martin Winterkorn do cargo de presidente-executivo do grupo, sendo substuído, a partir da próxima segunda (28), pelo presidente da Porsche, Matthias Müller.

À Bloomberg, o analista da consultoria britânica Evercore ISI Arndt Ellinghorst, que acompanha o grupo Volkswagen há mais de uma década, declarou que dificilmente o chefão ficará no cargo. "É claro que, se ele sabia disso, essas acusações pesariam tanto que ele precisaria enfrentar as consequências pessoalmente e pedir demissão", previu.

Em vídeo publicado pela empresa nesta terça, Winterkorn pediu desculpas públicas pela ocorrência. ""As irregularidades contradizem tudo o que a Volkswagen apoia. Lamento infinitamente que tenhamos decepcionado essa confiança. Me desculpo de todas as formas aos nossos clientes, às autoridades e à opinião pública", disse o executivo. Depois, acrescentou que "não tem respostas para todas as perguntas neste momento".